terça-feira, 28 de março de 2017

Comportamento Humano como fator Ambiental e/ou Genético


Doutorado 2008 Autor: Filipe Cavalcanti da Silva Porto 
EBS-D-006

Título: O Tema Comportamento no Ensino de Biologia.

Orientador: Maurício Roberto Motta Pinto da Luz / Ricardo Waizbort

Área de Concentração: Ensino Formal

Data da Defesa: 13/6/2008

Resumo: Esta tese tem por objetivo discutir o ensino do tema Comportamento na disciplina Biologia com o objetivo de superar o conflito natureza versus cultura. Este conflito é aqui definido como a visão, por vezes dicotômica, que, historicamente, a dupla condição animal e cultural da espécie humana é tratada; ora pela sua faceta biológica pela Biologia, ora pela sua vertente sócio-cultural pelas ciências humanas. Essa ruptura se expressa muitas vezes tanto no contexto das ciências ligadas ao comportamento humano quanto no das disciplinas escolares e parece sugerir que esses aspectos da humanidade são completamente independentes um do outro. Em conseqüência, repassa-se aos alunos do ensino médio uma visão fragmentada da natureza humana. Por outro lado, a Biologia Evolutiva vem há mais de quarenta anos desenvolvendo teorias e dados empíricos em diversas frentes (por exemplo: Neurociências e Psicologia Evolutiva) que sugerem que esse hiato pode ser superado. Se admitirmos que o ensino de Evolução (por sua centralidade para a compreensão da Biologia) e a espécie humana (pelo maior interesse que desperta nos alunos) devem ser uma das prioridades do ensino de Biologia, então o debate natureza/cultura deveria fazer parte dos conteúdos dessa disciplina. Nossa abordagem para esse problema se deu em três etapas. Na primeira avaliamos quantitativamente, por questionários, a visão de estudantes do ensino médio e universitários sobre as origens do comportamento humano. Percebemos que a dicotomia natureza/cultura ainda se encontra presente e deslocada para o pólo cultura desse continuum. Observamos também que essa visão é a mesma entre alunos que optam ao final do ensino médio por cursos universitários de diferentes áreas. Este ponto de vista também não se altera, quando comparamos os universitários próximos ao final do curso com os calouros, independentemente da área a que pertençam esses alunos. Numa segunda etapa, buscamos uma explicação para os resultados acima, analisando livros didáticos de Biologia e notícias científicas publicadas na imprensa brasileira. Descobrimos que os livros didáticos praticamente não tratam do debate cultura/natureza, e quando o fazem tendem a valorizar os aspectos culturais da natureza humana em detrimento dos evolutivos. Ao contrário, a imprensa tem ultimamente valorizado a cobertura de matérias científicas que abordam a importância de nossa herança filogenética para o comportamento. A última fase da pesquisa analisa os resultados de experiências didáticas, onde temas do debate natureza/cultura foram tratados em sala de aula. Em virtude dos dados obtidos nas primeiras etapas da pesquisa, essas experiências enfatizaram os aspectos evolutivos da natureza humana com o objetivo de contribuir para a construção de uma visão menos dicotômica da natureza humana por parte dos alunos. O sucesso dessas atividades foi medido quantitativamente por pré e pós-testes. Percebemos que uma parcela dos alunos é sensível à argumentação evolutiva e passa a apresentar uma visão mais intermediária da natureza humana, enquanto outra tende a permanecer com uma visão ainda polarizada para o pólo cultura deste continuum. Discutimos o conjunto desses resultados à luz dos problemas relativos à seleção de conteúdos que envolvem o ensino de Biologia e da construção histórica da disciplina escolar Biologia.

Palavras chave: 1. Ensino de Biologia 2. Ensino de Evolução 3. Comportamento 4. Debate natureza/cultura

Abstract: This research intends to discuss the possibilities of inserting issues related to animal behavior in Biology high school curriculum in order to overcome the nature versus nurture controversy. We mean by nature/nurture controversy (debate) the historical dichotomic view of the animal (biological) and socio-cultural aspects of human nature. The former is studied by the biological sciences and the latter by the human sciences. This dichotomy has dominated the behavioral sciences and the high school subjects, suggesting that the both extremes of this continuum are not related to one another. Thus high school students are often exposed to a fragmentary view of human nature. However, Evolutionary Biology has been developing for over forty years theories and empirical data that sustains that this dichotomy should be overcome. If we admit to, that the study of Evolution (a central issue for the understanding of Biology), and the human species (a major interest among students) must be, both of them, one of the priorities to the Biology teaching, then the debate nature/nurture should be part of its contents. Our approach to the problem can be divided in three steps. Initially we evaluated quantitatively high school and undergraduate students’ view point about the origins of human behavior. These data suggest that students have an experientialist view of human nature. We have observed that this view is the same among those who chose different undergraduate courses and among those who are about to finish their graduate courses, regardless the area these courses belong to. Second, we tried to explain the results above, by both reviewing Biology textbooks and scientific news in daily journals. The former nearly ignore human behavior, and when they do, nurture aspects are much more emphasized than the nature ones. In the opposite direction, press has recently prioritized coverage of science advances on evolutionary aspects of human nature. Finally, we tested the impact of nature/nurture issues on students’ view of human nature in some classroom situations. According to prior results, these didactic experiences emphasized evolutionary aspects of human behavior. Our goal was to help students to elaborate a more integrated view about human nature. We evaluated the success of these didactic experiences quantitatively through pre and post-tests. These results suggest that some students are more sensitive to evolutionary topics and start to present a more intermediate view of human nature, while others tend to maintain a still more polarized view towards the cultural pole of this continuum. We discussed all these results in the light of the problems related to Biology high school curriculum and the its historical aspects.

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