terça-feira, 30 de agosto de 2016

Auterives Maciel - Pensar na era do excesso

Pensar na era do excesso 
The thought in the age of excess

Auterives Maciel Júnior*

Resumo
O texto trabalha a idéia de pensamento como resistência e criação, relacionando-o ao excesso como paradigma do mundo contemporâneo. Parte, portanto, da apreciação da crise do contemporâneo vista pelo viés da psicopatologia, mostrando como as patologias do excesso evidenciam uma tendência do mundo capitalista atual: a excitação dos sentidos como indutora de compulsões. A análise desenvolvida coloca em confl uência o pensamento com tais sensações excessivas, desenvolvendo uma crítica e problematizando uma nova forma de pensar que é resistência ao presente e possibilidade de criação de novas maneiras de viver.

Palavras chave: sensação, compulsão à repetição, pensamento, escolha, resistência.

http://spcrj.org.br/admin/data/pdf/7cb299c825b810a1a68db3c089a05db8.pdf



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Clínica, indeterminação e biopoder Artigo extraído do livro “Direitos Humanos: o que temos a ver com isso?”, Comissão dos Direitos Humanos do CRP- RJ [org.]. Rio de Janeiro: Conselho Regional de Psicologia– RJ, 2007. Por Auterives Maciel

https://pecdan.files.wordpress.com/2013/04/auterives-maciel-clinica-indeterminac3a7c3a3o-e-biopoder.pdf

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-29/10/2012 - Senado

Para filósofo, individualismo em excesso leva à degradação do país

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Auterives Maciel Júnior, da PUC-Rio, fechou ciclo de debates no Senado falando do risco que os brasileiros correm ao deixar para trás as relações afetivas características dos índios e dos escravos africanos
O filósofo Auterives Maciel Júnior fala no Auditório do 
Interlegis, no segundo ciclo de debates do Fórum Senado 
Brasil 2012
O individualismo exagerado pode levar à degradação do país, defende o filósofo Auterives Maciel Júnior.
— O Brasil pode tornar-se um canteiro de seres individualistas — afirmou.
Maciel Júnior, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), falou na quinta-feira no Senado, no encerramento do segundo ciclo de debates do Fórum Senado Brasil 2012. O tema da palestra foi “Construção e degradação do Brasil: quando o interesse se sobrepõe ao desejo”.
Segundo o filósofo, existe na sociedade brasileira um jogo de interesses permeando as relações sociais. Ele afirmou que as pessoas priorizam o dinheiro e o trabalho, e não as relações afetivas. Ele citou a raiz indígena e negra do Brasil:
— Estamos deixando morrer o espírito mestiço, heterogêneo que fez a nação. Talvez o Brasil se transforme em um país de gângsteres e bandidos que só se interessam pelo mercado.
O filósofo explicou que os termos construção e degradação não são opostos que se referem à ascensão e à decadência do Brasil, mas práticas que coexistem. Para ele, o país se divide em dois — um empenhado em construir e outro que cria obstáculos ao desejo coletivo.
Segundo Maciel Júnior, o indivíduo desde criança recebe estímulos da corrupção — que também leva à degradação. Isso, explicou, não existe só nos altos níveis de poder, mas também nas relações de todos os cidadãos, atores nas práticas de construção e degradação.
— As relações interpessoais refletem as autoridades que são eleitas como ideais da nação.
Para mudar, o filósofo disse que é preciso que as pessoas façam uma reflexão crítica:
— Se formos capazes de despertar no outro o afeto, talvez melhoraremos nosso modo de viver.
Jornal do Senado
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NEGRI e a RESISTÊNCIA - A Cidade e o Levante da Multidão

O Levante da multidão

“Os protestos parecem inventar novas formas de luta. O poder constituinte está aí e, neste aqui e agora, se apresenta como incontornável, mas também vulnerável a aventuras reacionárias”
Por Adriano PilattiAntonio Negri e Giuseppe Cocco,
em 28 de junho de 2013


Os acontecimentos dos últimos dias, no Brasil, surpreenderam todos, em todos os horizontes políticos, internos e externos. O Brasil parecia o país sul-americano mais estável e, de repente, “a terra entrou em transe”. Independentemente dos desdobramentos futuros, a multidão mostrou sua potência. À direita e à esquerda se disse, com escândalo, que o movimento não tem “organicidade”, nem “linha”, nem “lideranças”. Até a esquerda dita radical teve de constatar que não há bandeiras abstratas que possam ser impostas, “de fora para dentro”, ao magma que se constitui a partir “de baixo”. “Como isso é possível? Como ousam?” Mas o movimento continua, passou a ser difuso, acelerando seus ritmos: nos centros e periferias, nas grandes e pequenas cidades, nas favelas e no asfalto, multiplicando as reivindicações.
Os protestos parecem inventar novas formas de luta. O poder constituinte está aí e, neste aqui e agora, se apresenta como incontornável, mas também vulnerável a aventuras reacionárias. Como organizar o pensamento diante dessa aceleração do tempo e dessa inovação radical? Como aproveitar as aberturas e evitar ou combater as ameaças?
Voltemos um pouco atrás. Em 2005 lançamos dois livros no Brasil: “Multidão” e “GlobAL”. Em “Multidão” dizíamos que o trabalho passava a ser explorado fora das fábricas, sem passar pela relação salarial. Se isso implica perda de direitos pela maior fragmentação e precariedade da relação salarial, ao mesmo tempo só pode funcionar se a autonomia do trabalho aumenta e se produz e reproduz dentro e pelas redes. Ou seja, por um lado, o capital desconstrói a classe trabalhadora em um sem-número de fragmentos; pelo outro, por trás dos fragmentos, há singularidades que podem cooperar entre si e perseverar como tais.
No capitalismo contemporâneo, a exploração é exatamente o fato dos agenciamentos subjetivos dos desejos (cognitivos, culturais, institucionais, empresariais) fixarem os “fragmentos” sem se abrir às modulações das singularidades. A multidão da qual falamos não se confunde com a definição sociológica e determinista do devir “líquido” da sociedade pós-moderna. Ao contrário, a multidão é um conceito, político e ontológico, de classe: a classe que se constitui nessa cooperação entre singularidades. Só há multidão quando ela se faz a si mesma, como ocorre neste momento no Brasil. É o contrário da massa dos fragmentos que mídia e direita querem fundir ao entoar o Hino Nacional.
Já em “GlobAL” saudávamos a chegada dos novos governos na América do Sul (sem dedicar uma palavra à Venezuela) e, ao mesmo tempo, dizíamos que eles deveriam ter dois cuidados: primeiro, não cair na ilusão de que haveria novo modelo a ser implementado; segundo, que as oscilações entre inflação dos juros e aquelas dos preços são apenas as duas faces da falta de democracia e essa depende das dimensões biopolíticas das lutas: as lutas pela vida e da vida dos pobres, que persistem diante do terror que o Estado impõe às favelas e às periferias. O livro passou despercebido. Os intelectuais críticos ao governo teorizavam o “Estado de exceção” e aqueles próximos do PT preferiam ver em Lula a incrível reencarnação de Vargas. Depois da crise global, o governo entrou nessa de achar que o desenvolvimentismo era o novo (sic) modelo.
Foi bem no meio dessa festa VIP que a terra tremeu. À direita, o governador de São Paulo usou a violência sem máscaras da polícia. À esquerda, o ministro da Justiça se propôs a mandar mais polícia ainda e bater mais. Quando tiveram que recuar, direita e esquerda apareceram juntas, com a diferença da cor das gravatas, para dizer que a redução do preço das passagens acarretaria o corte de outros gastos sociais. À direita e à esquerda se jogou lenha na fogueira da crise da representação, continuou-se a pensar a política do estranho ponto de vista do fisiologismo e da tecnocracia.
Desde segunda-feira, a elite e sua mídia corporativa trocaram o alvo de suas armas e passaram a usar seu poder concentrado (antidemocrático) para tentar manipular a comoção nacional num sentido reacionário. Pudemos ouvir, na quinta-feira (dia 20) em meio à repressão de milhares de manifestantes, a ideia de usar o Congresso para aplicar ao Brasil o golpe institucional já desfechado em Honduras e no Paraguai. Mas a presidente começou a reagir, embora de maneira tardia e tímida, propondo um plebiscito e uma “constituinte”.
Acontece que a teoria do poder constituinte e sua realidade (aquela que está abertamente nas ruas do Brasil inteiro) é uma teoria da democracia radical. Não é contra a representação, mas contra a separação dessa de sua fonte: a soberania popular. A corrupção está ali, nessa separação dos meios e dos fins, e quem se aproveita dela são aqueles que concentram os meios econômicos e a mídia, inclusive quando a condenam, de maneira moralista, apenas para aumentá-la em seu favor.
Avaliamos positivamente, em seu conjunto, as iniciativas de Dilma, mas pensamos que a solução não passa nem por um plebiscito nem pela convocação de pactos com supostos representantes dos movimentos (aliás, sempre os mesmos “patrocinados”). O desafio é abrir um verdadeiro “processo constituinte”, ou seja, abrir a pólis à participação efetiva do “demos”, nas ruas e além – mesmo que confusa em um primeiro momento – para unir mobilização e invenção de novas institucionalidades, de novas caras. Se o governo e o PT acharem que poderão evitar essa abertura pela mobilização de supostos representantes de casas e circuitos, repetirão o mesmo erro que fez Haddad quando acreditava que existia amor em São Paulo. O poder constituinte não é nada sem a multidão que o faz viver.




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Em 2013, as ruas brasileiras foram inesperadamente1 tomadas por milhões de pessoas naquelas que foram as maiores manifestações em território nacional desde o fim da ditadura militar. Influenciados por movimentos que ocorriam paralelamente em outras partes do mundo, na esteira dos megaeventos que ameaçavam – e ainda ameaçam – o espaço comum, premida pela denegação do acesso aos transportes e a outros bens comuns, uma multidão jovem, co-titular do poder constituinte e do direito aos bens comuns, foi para a rua com uma ampla pauta de reivindicações, cobrando de seus governantes melhores condições de vida.

http://www.puc-rio.br/Pibic/relatorio_resumo2015/relatorios_pdf/ccs/DIR/DIR-Jose%20Marinho%20Seves%20Santos.pdf


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TERÇA-FEIRA, 10 DE JUNHO DE 2014

Antonio Negri fala sobre as manifestações em conferência no Rio - Por Eduardo Sá


Antonio Negri fala sobre as manifestações em conferência no Rio
Após um ano das manifestações que tomaram as ruas no Brasil em junho de 2013, a Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, promoveu na última quarta-feira (28) o debate “A cidade e o levante da multidão”. A principal atividade foi uma conferência do filósofo italiano Antonio Negri, autor dos livros Império e Multidão, ambos referências para o movimento mundial anti-capitalismo. O evento contou com o apoio da PUC-Rio/Direito, e ocorreu uma mesa de abertura com análises sobre o processo de mobilização no Rio de Janeiro. Também foi apresentado o trabalho do coletivo PROJETAÇÃO, que tem acompanhado os protestos e exibido mensagens críticas com uma linguagem das ruas nas paredes da cidade.

Muitos militantes que vinham acompanhando manifestações menores dos movimentos sociais se surpreenderam com os protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas, disse Mariana Medeiros, . A dificuldade de viver de uma forma digna e as pessoas querendo seus direitos, foram os principais fatores apontados por ela que estimularam as manifestações. Medeiros acompanha a questão das remoções de comunidades por conta das obras dos jogos esportivos mundiais, e lembrou que muitos desses moradores fizeram seus próprios protestos com apoio de outras pessoas. Ela também afirmou que o atual prefeito Eduardo Paes já realizou mais de 70 mil remoções, número superior ao de Pereira Passos e Carlos Lacerda, gestores do início e meio do século passado cujos governos são lembrados por essas políticas.

“Bonito ver várias comunidades fazerem as suas manifestações, algumas cheias com pessoas que não costumam ir a esses lugares, como na Maré e Rocinha. As pessoas não entendem porque elas não querem ir para esses ‘lugares mais dignos’, porque tem a ver com a vivência delas, um tipo de vida que não se reproduz num condomínio do Minha Casa Minha Vida. Vale destacar o protagonismo das mulheres nessa luta, como muitas delas dependem do local para geração de renda são as mais afetadas. As pessoas estão sendo empurradas das áreas centrais para a zona oeste, exceto em Triagem para confirmar a regra. O Minha Casa foi feito para combater o déficit habitacional, mas está sendo usado para remover as pessoas para lugares afastados da cidade”, criticou.

Um caso emblemático de remoções foi realizado em frente ao estádio Maracanã, onde 42 famílias foram retiradas de um antigo casarão de forma arbitrária, segundo o ex-defensor público Alexandre Mendes. Até 2011 ele atuava no Núcleo de Terras e Habitação, e resgatou esse caso porque na época (2009) ainda não havia uma mobilização por parte dos moradores das comunidades então foram despejados praticamente sem nenhum apoio. A violência física e psicológica, segundo ele, resultou pouco depois na morte de uma senhora e um aborto. A sentença do juiz em 2013 reconhece que houve problema no despejo porque não tinha aviso prévio da prefeitura, mas arbitra como dano moral o valor de R$ 6 mil que corresponde às pequenas causas. Atualmente o local serve para as equipes de policiamento do estádio.

“A prefeitura chegou afirmando que todos estavam em risco, mas Bittar (sec. de habitação à época) depois disse que era um projeto no entorno do Maracanã. Lembrei do Casarão Maracanã pensando nos que lutaram e sofreram com as mudanças na Copa. Não teve repercussão, o Eduardo Paes tinha acabado de assumir, foi uma demolição super grosseira de um dia derrubando tudo com os pertences das pessoas. Sem resistência, não tinha capacidade de organicidade entre esses grupos, que hoje é bastante forte. A prefeitura toma à força o lote, onde a dona faleceu na década de 50 e as famílias ocuparam. Moravam também camelôs que trabalhavam na região, inclusive nos jogos no Maracanã. Há relatos de pessoas que perderam clientela, objetos pessoais, foram morar em Santa Cruz, não conseguiram outro trabalho ou passam dificuldade de pagar aluguel, além de crianças perdendo o ano letivo, mercadorias apreendidas etc”, criticou.

De acordo com Adriano Pilatti, professor de direito constitucional da PUC-RJ, o esculacho na essência da ordem estabelecida no país permanece e esses grupos se mantém na resistência. Os protestos continuam sendo reprimidos, as populações mais pobres ocupadas militarmente e a mídia de negócios manipulando, complementou. Sobretudo o esculacho da repressão que se agrava politicamente, juridicamente e policialmente, disse.

“Tem sido a forma preferencial de diálogo do estado com as ruas. Então a agenda da rua permanece íntegra, esse fazer multidão e tentar produzir o comum a partir do encontro horizontal. O trabalho com novas formas de militância e expressão se comunicando em redes, assembleias, etc. Grandes manifestações cessaram, mas nós não cessamos a falar disso, o espectro de junho continua a rondar o Brasil. Encontros e desencontros, acúmulo de experiências(…) Os escorraçados da Oi Telerj, por exemplo, tiveram uma comunicação e organização. São circuitos de solidariedade, midialivristas, advogados ativistas, intelectuais, todos contagiados. O mal estar percorre e uma trama de saberes que as ruas produziu também”, concluiu.

É um processo de metropolização da extração do valor, diz Negri
Após os relatos locais, Toni Negri, como é conhecido, trouxe algumas reflexões teóricas sobre as motivações desses protestos que rondam o mundo e o Brasil, reconhecendo as limitações de qualquer análise sobre as questões cotidianas dos territórios por parte de um estrangeiro. Cada processo, segundo ele, tem sua característica própria: os sujeitos e o poder que confrontam são diferentes. Quando a liberdade é tolhida, acrescentou, há um mundo de paixão que vive dentro de cada movimento de uma maneira muito forte e aberta.

“Hoje quando os movimentos falam de uma resistência, falam de algo de cooperação, uma união, capacidade de dizer nós, que por um ponto de vista é totalmente diferente do que a ciência política sempre determinou. Uma paixão do comum, que se tornou o elemento fundamental para olhar as coisas políticas, em termos resistentes que se opõem a outros comportamentos e motivações a serem espalhadas”, destacou.

O filósofo falou sobre profundas transformações nos modos de vida após a revolução industrial, de maneira que as pessoas passaram a ser constituídas, produzidas e dominadas por uma capacidade capitalista de produção e subjetividade que passa pelo mercado. A contradição, por outro lado, segundo ele, é que chegou a certo limite de desenvolvimento essa “biopolítica” em que o capital é o gestor de um “biopoder” de domínio sobre a sociedade.

“A dialética apresenta um princípio, uma inversão, ao alcançar esse máximo de expansão surgiu dentro dessas relações vitais pelo consumo e mercado uma resistência. Não porque havia belas consciências, mas porque o próprio desenvolvimento do capital obrigava as pessoas a ficarem juntas. A antropologia humana, linguagens produzidas juntas, que criava relações e encontros. E o fenômeno da transformação da cidade é evidente”, destacou.

Os mecanismos de exploração passam das fábricas para todas as relações com a força de trabalho, complementa o teórico. Tudo se forma de maneira coligada, agora são fenômenos coletivos que se tornam antropologicamente fundados: “os modos de vida estão ligados dentro dessa gaiola de relações produtivas”, sentencia. E o grande problema, em sua opinião, é que “o aproveitamento não chega na singularidade, chega como exploração coletiva”. “Para trabalhar precisamos de serviços extremamente amplos e sempre mais, são serviços que nos permitem nos movermos nessa realidade e dentro da contradição que não é mais trabalhar, é viver. Hoje se vive trabalhando, e é nesse viver trabalhando que o nós resiste”, obsevou.

Umas das principais explicações para essas mobilizações nas grandes cidades, “é que a produtividade metropolitana é infinitamente mais cara que os custos dos seus serviços e usos”. Para ele, essa produtividade é extraída pelo capital que não paga os usos comuns. “Queremos fazer pagar as Olímpiadas aqui e não aos patrões. Há uma diferença entre a produtividade das bolsas, o poder financeiro e imobiliário e aquela que é extraída de outra parte. É uma forma do poder financeiro que se estende dessas metrópoles a outras, uma riqueza acumulada não mais só no trabalho mas também nas florestas, minerações, etc”, concluiu.

Retomando conceitos de sua obra, Toni lembra que a multidão é um conjunto de singularidades: não é uma massa nem simplesmente classe, é massa e classe reunidas num modo de vida singular onde o trabalho é a reunião dessas diferenças. Nesse sentido, apontou, se organiza segundo seus interesses e consegue expressar uma violência legítima. Para ele, devemos acordar uma nova democracia que reflita essas circunstâncias para o bem comum.

“A propriedade privada é uma arqueologia subsumida nos mecanismos financeiros, circula pelas bolsas do mundo. Como o comum não é apenas uma coisa, mas sobretudo uma atividade, dentro desse conceito está também a urgência de dar formas de auto gestão e auto valorização, capacidade direta e geral da gestão do comum. O comum deve ser o acúmulo dessa nossa atividade livre, a capacidade de vivermos bem juntos, de governo direto que se refere à nossa atividade e consciência”, criticou.

Negri encerrou sua conferência falando sobre as eleições na União Europeia, referindo-se com preocupação à influência das ideologias euroceticistas “terrivelmente reacionárias”, e defendeu uma nova forma de organização a partir dos indivíduos sem passar pelo Estado “que sempre se defende e dificilmente é distinguível dos interesses capitalistas”. Por fim elogiou o governo do PT no Brasil, ressaltando a projeção do país no cenário internacional em poucos anos. “Mas é evidente o problema institucional, para não dizer eleitoral, que é central. Todos os observadores externos pensaram que o PT fosse se abrir aos movimentos da multidão, e pelo que me dizem isso não aconteceu. Existe essa possibilidade de romper com esse bloco (…) São duas formas de governo incrustadas na mesma: até que ponto esse coração mais pesado brasileiro ainda é escravagista ou não, ou o mais leve é capaz de modificar o outro. O partido que fez a revolução é o mesmo que a reprime sua continuidade processual”, disse.

Eduardo de Sá é jornalista
Fonte: http://www.fazendomedia.com

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ANTONIO NEGRI:
LIBERDADE NO COMUM DA URBE



O antigo militante do grupo “Autonomia Operária”, autor de livros já clássicos da teoria política contemporânea, como “Poder Constituinte”, “Império” e “Multidão” (todos com tradução ao português, sendo que os dois últimos são em coautoria com Michael Hardt), veio ao Brasil num momento bastante especial. Às vésperas da Copa do Mundo, com o noticiário preenchido por pautas esportiva e publicitária, outra realidade mais complexa se afirma nas ruas. Além da greve dos professores, com ações quase diárias, nas últimas semanas a cidade tem vivido frequentes protestos que problematizam a realização do megaevento na cidade e seu enorme custo social, ao mesmo tempo que nas favelas — algumas delas submetidas a um regime de pacificação militar — a indignação geral repercute em contestações, revoltas e no surgimento de novos coletivos decididos a afirmar uma alternativa aos vários modelos de ocupação armada e criminosa.
Toni, como gosta de ser chamado, viveu ardentemente os ciclos de mobilizações sociais na Itália da década de 1970, um período efervescente. Nessa época, enquanto parte da esquerda preferia a via partidária nos cabrestos de uma coalizão com os conservadores da “Democracia Cristã”, no que ficou conhecido como “Compromisso Histórico”, o então professor da Universidade de Pádua preferiu a via dos movimentos. Imerso nas formas de organização política autônoma de seu tempo, Toni esteve lado a lado com as ocupações estudantis, rádios livres, movimentos da cultura e arte, feminismos, e muitos outros grupos da época, numa metodologia que não separa ação de pensamento, militância de pesquisa. O resultado disso foram textos, falas e intervenções inteiramente no interior da composição política das lutas, cuja máxima vivacidade aconteceu em 1977.
O seu campo de atuação era o que ficou conhecido como “Autonomia Operária”, uma rede de movimentos de novo tipo cujas bases não estavam mais no chão de fábrica, no operariado fordista da grande fábrica. O campo autonomista, cujo epicentro era a cidade de Bolonha, englobava um novo tipo de trabalhador, o que Toni chamava de “operário social”, envolvendo também os trabalhadores da cultura, dos serviços, do cuidado, dotados de um diferencial “capital social” de habilidades cognitivas, afetivas, relacionais.
A esquerda extrapartidária e as lutas autônomas acabaram desmobilizadas pela repressão que se seguiu ao sequestro e morte de Aldo Moro, em 1978. Moro era o líder da Democracia Cristã e foi morto numa operação de justiçamento conduzida pelas Brigadas Vermelhas, uma pequena dissidência radicalizada que se tornou cada vez mais vanguardista ao longo daquela década, e que tinha mergulhado na luta armada. Embora seu grupo, a Autonomia, não tivesse nenhuma relação com o crime, Toni acabou arrastado de roldão no tsunami de perseguições, prisões e exílios, que se seguiu à construção de um consenso de criminalização generalizada, forjado pelo compromisso entre direita e esquerda em nome da ordem. De seus 80 anos, o filósofo passou 10 em prisões italianas, acusado por ser um intelectual e julgado absurdamente por “insurreição armada contra o estado”. Sua libertação foi pedida por inúmeros intelectuais numa famosa carta, assinada inclusive por Gilles Deleuze, Michel Foucault e Felix Guattari. Diferentemente do Brasil, aquele país não teve Lei da Anistia.
Nas falas no Brasil, apesar da idade avançada, Toni fala sempre com muita paixão, ou “passione”, como se diz em italiano. Não só gesticula, como chega a esboçar crescendos operísticos ao longo da exposição dos conceitos, numa sequência rigorosamente analítica que vai desdobrando os problemas e apostas. A crítica negriana incide sobre a realidade do poder como existe, sem idealismos, isto é, sobre as formas de dominação e exploração do capitalismo contemporâneo. Mas não fica nisso. O diagnóstico das estruturas e funcionamentos do poder capitalista serve como anteparo para o que é mais vital: as lutas. A filosofia de Negri não se descola jamais dos espaços e tempos onde a vida range de disputas e perigos e onde a resistência acontece. Pare ele, é exatamente nesses espaços que surgirão as formas e configurações do futuro. Seu método se distancia de utopismos e afasta a figura do pensador iluminado que expõe sua visão de sociedade ideal. Negri não oferece modelos, nem apresenta receitas do que e como fazer. O método é materialista: apoia-se sobre as formas concretas das alternativas já existentes, embora ainda incertas e precárias, aquilo de futuro que já pode ser experimentado no presente. No lugar e no tempo onde acontece a resistência, existe uma densidade de afetos, uma plenitude de alegria, cupidez e pensamento.
Por isso, a política é tomada pelo filósofo autonomista como atravessada de fora a fora pelas paixões, que nada têm de irracionais. A razão é ela própria um afeto, na medida em que determina o conhecimento de causas e efeitos encadeados na realidade. O amor consiste do conhecimento das causas de nossos melhores afetos, um conhecimento compartilhado. É assim um afeto ativo para muitos, um afeto propriamente político, pois propicia a modalidade de convivência e relacionamento que é a base da liberdade mesma. Toni pensa na imanência das lutas sociais, que nada tem de “antipolítica”, segundo a retórica amplamente utilizada por aqueles que sustentam que a única forma de política é a representação, aquilo que se passa nos gabinetes do poder, corredores do palácio ou nas páginas de política dos jornais. Não é isso. A imanência de vida e luta é o comum, o coengendramento de resistência e criação. O comum é um conceito inspirado em Spinoza e Marx, largamente usado por Toni em suas intervenções no Brasil. O comum baseia-se numa ética democrática dos afetos, sua política constrói paixões e razões em paralelo, sem qualquer contraposição entre umas e outras dentro do gradual engenho do grande amor: a revolução permanente.
A experiência fundamental da trajetória de Toni foi na década de 1970, com a Autonomia, mas ele não deixou de abrir-se para outros momentos da história das lutas, posteriormente ao primeiro período em que esteve preso (1979-83). Esteve muito conectado, renovado, do ciclo alterglobalização, que vai da investida criadora do zapatismo, passa pelos grandes protestos contra as cúpulas globais do capitalismo, com destaque para Seattle (1999) e Gênova (2001), pelos Dias de Ação Global (2003) contra o estado de guerra permanente antiterrorista, até impulsionar, no que têm de antagonista, os Fóruns Sociais Mundiais. Nessa amálgama histórica, Toni escreveu dois de seus maiores sucessos editoriais, dois livros que já são clássicos incontornáveis, “Império” (2000) e “Multidão” (2004), ambas as obras com o professor de literatura norte-americano Michael Hardt.
Desde sua primeira visita ao Brasil, em 2003, Toni tem acompanhado os experimentos da esquerda sul-americana no poder, principalmente no Brasil, Argentina, Bolívia e Equador. Em entrevistas, artigos e comentários, Toni elogiou várias políticas que, em relação prospectiva com os movimentos sociais, apontavam inclinações de libertação do comum de dentro dos mecanismos de controle e exploração. Programas de transferência de renda, como a Bolsa Família, e de fomento direto às formas existentes de cultura, como o Cultura Viva (Pontos de Cultura, Ação Griô, Cultura Digital etc), foram considerados por ele “embrião da renda universal”, merecendo ser acelerados e massificados. Em 2006, em mesa com o então ministro da cultura Gilberto Gil, realçou a relevância também de o comum poder atravessar o campo institucional, transformando os mecanismos de gestão e o acesso às políticas. Porque o comum não pode ser um movimentismo abstrato, ele não significa nenhum espontaneísmo, nenhuma crença nalguma horizontalidade mágica, nada de natural: é construção de relações, é gestão radicalmente democrática, é a “capacidade de assumir as condições biopolíticas do trabalho”, como disse na ocasião.
Agora, em 2014, quando as mobilizações proliferaram pelo país e se disseminaram em cada metrópole com novas ocupações, focos de protestos e redes de produção de midiativsmo, cultura, arte e pensamento, Toni não tomou por referência nenhum governo, nem esboçou qualquer esperança de as mudanças virem de cima, das instituições existentes. Pelo contrário, à semelhança de seu tempo como militante da Autonomia, nos idos dos anos 1970, Toni falou para os movimentos sobre os movimentos. Sua preocupação central nas falas residiu não apenas em como resistir a toda a negatividade, todas as marcas de brutalidade e racismo com que o estado brasileiro recebe as lutas; mas também em como produzir criativamente alternativas, em como conferir alguma duração, consistência organizacional, sentido político duradouro. Toni reconheceu a firmeza de propósitos das resistências brasileiras, bem como a capacidade da própria efervescência social viver seus impasses, dilemas e paradoxos, buscando as respostas e recolocando seus problemas em função das circunstâncias.
As jornadas de junho a outubro de 2013 no Brasil, bem como a sequência de manifestações e novos movimentos daí emergentes, estão inscritos num circuito global de revoltas. Sua genealogia pode ser traçada desde a Tunísia e o Egito, no começo de 2011, perpassa a Europa do 15-M e os 400 acampamentos do Occupy nos EUA, tendo pipocado também por aqui, nas ocupas de 2011-12, o que não passou despercebido por quem pesquisa as lutas inseridos nas lutas. Desse fenômeno de contágio globalizado, Negri ressaltou algumas questões norteadoras. Por exemplo, o foco na luta e produção do comum, além do público (estatal) e do privado, uma vez que neste ciclo global a indignação é dirigida não apenas contra as forças do mercado e da privatização, como também contra a gestão estatal dos espaços, muitas vezes ordenada pela própria esquerda partidária (como na Espanha, com o PSOE, nos EUA, com Obama, ou no Brasil, com o PT).
Todavia, para Toni falar apenas da dimensão global, obviamente, não é suficiente. As formas concretas da transição devem ser pesquisadas e vividas também nas circunstâncias locais em que acontecem, dentro do teatro de forças em que se torna possível disparar tendências de libertação, de radicalização da democracia na direção do comum, sua autonomia, sua corpulência afetiva e política. Não bastam manifestações de rua, diz Toni. É preciso também organização, muita organização. Contestar a esfera representativa significa também organizar-se melhor do que ela. A crítica e luta contra uma representação esvaziada, tornada mero comando a serviço das formas modernizadoras capitalistas, não pode dispensar a regeneração das instituições ou construção de novas. Construir instituições a partir do comum, ou “instituições do comum”, quer dizer instaurar um poder constituinte apto de superar os engessamentos das “correlações de força” e das “governabilidades”. Isto quer dizer que, por dentro da negatividade, das recusas, do próprio “Não vai ter Copa!”, pulsa uma positividade maior, um desejo de fazer e viver diferente que também já é realidade, ainda que inacabada e precária, debatendo-se num mar de constrangimentos.
Questionado a respeito, Toni disse que os experimentos mais à esquerda nos governos sul-americanos vão chegando num grande impasse, onde o avanço só se torna possível com a reativação de outro ciclo de lutas constituintes, como no Brasil. Só dessa emergência podem advir energias para reformar a política desde fundo, preenchendo as democracias de mais conteúdos e sujeitos. Esse travamento vale, inclusive, para as constituições plurinacionais inovadoras da Bolívia, Equador e Nicarágua em que Toni disse também subsistirem limitações e contradições. Países em que as forças vivas dos movimentos, como dos movimentos indigenistas do vivir bien, têm se chocado com a tendência de fechamento da “governabilidade”, associado à pactuação com grandes multinacionais extrativistas ou industrialistas. Toni citou a Petrobras brasileira, que se comporta no exterior como qualquer “corporação feroz” do capitalismo globalizado.
É preciso, em consequência, organizar a resistência, traçar os planos da tática e da estratégia, propiciar suporte de tempo e espaço para os novos movimentos. E organizar, para Negri, significa organizar o trabalho vivo. Só que a natureza do trabalho, no século 21, não é mais igual ao que era nos tempos da grande fábrica e do operariado fordista das economias centrais a que boa parte da esquerda ainda se encontra nostalgicamente vinculada. O trabalho mudou e não tem volta. Se naquele modelo fabril era baseado no salário, fixidez e estável, agora é precário, móvel e flexível. A organização da sociedade hoje se estrutura ao redor dessa precarização generalizada, que afeta sobretudo a juventude. Pouco importa se aumentou a taxa de emprego no Brasil: no capitalismo contemporâneo, houve uma mudança qualitativa nas condições de empregabilidade e na maneira que as pessoas experimentam seu trabalho. Numa condição de precarização, agravada por uma competição acirrada de posições na lógica “winner takes it all”, as pessoas são constrangidas a trabalhar mais, intensificando sua relação com a empregabilidade, a qualificação permanente e com a formação de “networks” que deem garantias de sobrevivência diante da escassez induzida dos ritmos desregulados da economia pós-fordista.
Disto resulta, em termos sociais, não só uma carga extrema de cobranças, expectativas e exigências de sucesso, como também a dissolução dos antigos espaços e tempos de organização política, como o sindicato, o partido operário e o intelectual orgânico de esquerda e suas cúpulas dirigentes. Mudaram completamente as formas de organização, na medida que só podem ser eficientes e expansivas se estiverem baseadas nas formas concretas de seu tempo. As relações de organização não podem se destacar das relações de produção, sob o risco de tornarem-se utópicas, autistas, isolando-se. As ruas e redes de 2013-14, no Brasil, foram possibilitadas por essas novas condições de sociabilidade, por uma nova composição social e política do trabalho.
Mas nem tudo são flores, explica Negri, sem nenhum otimismo encantado. O capitalismo está aí para prová-lo. O capital é uma relação de poder. Estamos inteiramente implicados nessa malha de relações, não existindo qualquer possibilidade de isolar-se da Terra nalguma cabana da floresta. A política se faz na cidade vivendo as coisas da cidade. Por isso, Toni expõe o cerne do problema que, para ele, é fundamental: como viver a liberdade se somos constrangidos a trabalhar para sobreviver? Se somos forçados a nos relacionar com o capital, isto é, com uma relação de poder em que somos explorados e dominados? Como conciliar o anseio por democracia e libertação com a realidade brutal e racista do biopoder?
Toni então explica que o comum, isso que é mais rico, depende de uma organização que seja ao mesmo tempo produtiva e antagonista. Produtiva porque não se trata meramente de cultivar grupos de discussão ou fóruns de deliberação, mas um trabalho cooperativo tendencialmente livre, que produz uma mais-vida, um excedente afetivo, valioso e político, que escapa à expropriação capitalista. Antagonista porque a única maneira para melhorar a própria condição na relação com o capital é fazendo a resistência, forçando-lhe a reconhecer a riqueza do trabalho (e não da propriedade). Fiel à crítica que dirigia à esquerda partidária na Europa, para Toni não existe “preço justo” do trabalho no capitalismo, porque não existe exploração justa. O chamado “preço justo” nada mais é do que a concreção de uma relação de força, o estado em que se encontra a luta de classe, o ponto em que os trabalhadores são forçados a reconhecer os termos de sua rendição. Por outro lado, quanto mais organizado o trabalho cooperativo e autônomo, isto é, o comum, então maior será a margem de potência e liberdade. A falta de liberdade, nesse aspecto, é a medida de nossa impotência em se organizar e produzir juntos.
No momento em que o trabalho muda de natureza e se generaliza pela metrópole como “trabalho flexível, móvel e precário”, duas situações passam a coexistir. Por um lado, a situação de impotência, o sentimento de solidão, de esmagamento pelas cobranças e contas, pela necessidade de fazer concessões, jogar o jogo, negociar e se submeter, em certo grau, aos mecanismos de exploração de nosso tempo de vida. Na sombra da precariedade, está à espreita o fracasso e se esconde o jugo da miséria. Por outro lado, a situação de máxima capacidade e máxima potência igualmente sucede, de maneira ambivalente, na flexibilidade e mobilidade do trabalho. Com maior tempo livre, maior a possibilidade de organizar-se e cooperar, ou seja, maior a chance de impor espaços de autonomia e autovalorização, para além das formas do capital. Maior a potencialidade de produzir comum, disparando um ciclo virtuoso que é expansivo, aumentando a capacidade de afetar e ser afetado, de relacionar-se, de compor os movimentos em novas e criativas configurações.
É aí que Toni dá talvez a lição mais premente: a distância entre a impotência e a capacidade na precariedade, entre a privação e a potência na pobreza, não está dada. Não decorre de nenhum cálculo racional, não pode ser definida de antemão. O que determina é a resistência. Só a luta pode fazer frente à mercantilização geral da vida, à vampirização cada vez mais volumosa de nosso tempo de vida, ao impacto da precariedade enquanto angústia e sofrimento. Só a resistência pode mudar o “caminho natural” e conquistar direitos de viver a liberdade produtivamente juntos no comum da cidade.
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Texto: Bruno Cava – escritor e filósofo do Direito, autor dentre outros do blog Quadrado dos Loucos e do livro A Multidão foi ao Deserto.
Edição Otávio Brum
LINKs da fala na Casa de Rui Barbosa:

Conferência “A Constituição do Comum” (2006), com Gilberto Gil:

Otávio Brum



Otávio é esquerdo, apesar de destro. Também é jornalista e especialista em Mercado Editorial, Literatura Brasileira e Porrinha.
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Curso “A arte da crise – Cultura, valor, comum”

As oficinas de leitura  “A arte da crise – Cultura, valor, comum – Negri, Foucault, Deleuze e Guattari”, com participação gratuita, acontecem de 12 de setembro a 5 de dezembro, das 18 às 20h30, na sala de cursos da Fundação Casa de Rui Barbosa. . Serão expedidos certificados para aqueles(as) que tiverem participação em pelo menos 75% das oficinas.

:: Sobre as oficinas de leitura:
O setor de Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa e a rede Universidade Nômade têm promovido regularmente, desde 2008, colóquios onde são tratados temas da vida cultural, política e social no mundo contemporâneo. A partir dessa experiência, constatou-se  o desejo de nosso público em aprofundar algumas questões a partir de leituras organizadas de autores frequentemente abordados em nos encontros, tais como Antonio Negri, Gilles Deleuze, Felix Guattari e Michel Foucault, entre outros.  A coordenação é dos pesquisadores Giuseppe Cocco (UFRJ) e Mauricio Siqueira (FCRB).

:: Programação:
1) Outros monstros possíveis
Profa. : Barbara Szaniecki (ESDI/Uerj)
Leituras:
Antonio Negri: Arte e Multidão
Jacques Rancière: A Partilha do Sensível
Barbara Szaniecki: Estética da Multidão
12 de setembro de 2013 (5ª feira)
2) Arte e multidão  
Prof: Giuseppe Cocco (ECO e PGCI-UFRJ)
Leituras:
Antonio Negri, Art et Multitude 
Pier Paolo Pasolini, Petrolio 
Paolo Virno,Virtuosismo e revolução
19 de setembro de 2013 (5ª feira)
3) Deleuze/Guattari e Marx: Mais valia e desejo 
Prof.: Rodrigo Guéron (Uerj)
Leituras:
DELEUZE, Gilles, Conversações. São Paulo: Editora 34, 2008.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. L’AntiÉdipe, capitalisme et schizophrénie. Paris: Lês Editions de Minuit, 1972.
MARX, Karl. Manuscritos Econômicos e Filosóficos. In: Os Pensadores. Marx. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
25 de setembro de 2013 (4ª feira)
4) Políticas e filosofia da diferença 
Profa: Tatiana Roque (IM, UFRJ)
Leituras:
Gilles Deleuze, Diferença e repetição
Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs
3 de outubro de 2013 (5ª feira)
5) Foucault na América Latina: Biopoder e biopolítica  
Prof.: Giuseppe Cocco (ECO e PGCI-UFRJ) e Pedro Barbosa Mendes (Universidade Nômade)
Leituras:
M. Foucault, A coragem da verdade 
A. Negri e G. Cocco, GlobAL: Biopoder e lutas 
Peter Pal Pelbart, Vida Capital
10 de outubro de 2013 (5ª feira)
6) O anti-Edipo e as máquinas entre lutas e a exploração Prof: Henrique Antoun  (ECO, UFRJ) 
Leituras:
Antonio Negri e Michael Hardt, Império; Multidão e Commonwealth
Carlo Vercellone, The Hypothesis of Cognitive Capitalism. HAL – CCSD, Londres, Birkbeck College and SOAS, 2005.
Gilles Deleuze e Félix Guattari, Anti-édipo e Mil Platôs
Matteo Pasquinelli, Capitalismo Maquínico e Mais Valia de Rede: notas sobre a economia política da máquina de Turing. Lugar Comum, nº. 36-37, dezembro de 2012.
23 de outubro de 2013 (4ª feira)
7) Pashukanis e Negri: o direito e o avesso 
Prof.: Adriano Pilatti (Direito/PUC-Rio)
Leituras:
“Teoria do Direito e Marxismo” (caps. I-IV)
Pashukanis. Teoria Geral do Direito e Marxismo (caps. I-IV)
Negri, La Forma Stato
31 de outubro de 2013 (5ª feira)
8) Para além da tragédia dos commons  
Prof.: Alexandre Mendes (Direito/PUC-Rio)
Leituras:
HARDIN, G. The tragedy of commons. Science, no 162, [Sl : Sn], pp. 1243-1248, 1968
NEGRI, T. Communism: some thoughts on de concept and practice. In: The idea of communism. DOUZINAS, C; ZIZEK. S. (Org) The idea of communism. London: Verso, 2010.
University Press, 2009.
OSTROM, E. Governing the Commons: the evolution of institutions for collective actions. United Kingdom: Cambridge University Press, 1990
7 de novembro de 2013 (5ª feira)
9) Deleuze, Guattari e as cidades  
Prof.: Gerardo Silva (UFABC)
Leituras:
Gilles Deleuze e Félix Guattari, O Anti-Édipo.
Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs
13 de novembro de 2013 (4ª feira)
10) De uma ecologia da mente às três ecologias 
Profa.: Leonora Corsini (PGCI-IBICT/UFRJ)
Leituras:
Gregory Bateson, Steps to an ecology of mind
Félix Guattari, As TRÊS Ecologias
21 de novembro de 2013 (5ª feira)
11) Deleuze e o cinema 
Prof.: Jorge Vasconcellos
Leituras:
DELEUZE, Gilles. Cinema2: a imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 1990.
VASCONCELLOS, Jorge. Deleuze e o Cinema. Rio: Editora Ciência Moderna, 2006.
28 de novembro de 2013 (5ª feira)
12) Negri e Badiou: sujeito ou ideia comunista? 
Prof.: Bruno Cava (Uerj)
Leituras:
BADIOU, Alain. Theory of the Subject. Trad. Bruno Bosteels. Londres: 2009 [1982], Continuum.
NEGRI, Antonio. Marx beyond Marx. Lessons on the Grundrisse. Trad. Harry Cleaver,
5 de dezembro de 2013 (5ª feira)
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