sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

(Anti) autoajuda


Antiautoajuda: Neste mundo, sentir-se mal é sinônimo de excelente saúde mental


Fonte: http://www.contioutra.com/antiautoajuda-neste-mundo-sentir-se-mal-e-sinonimo-de-excelente-saude-mental/
“É no cinema e na literatura que nos enternecemos e derrubamos nossas lágrimas ao testemunhar as sutilezas que esquecemos de enxergar ou não somos capazes de enxergar nos nossos dias de autômatos. Os personagens da ficção têm mais carne que nós, precisamos deles para nos lembrar de quem somos. Os robôs já estão aí, temos agora de reinventar os humanos.” Eliane Brum em A delicadeza dos dias

NOTA da CONTI outra: É com a frase acima que a jornalista e escritora Eliane Brum define no artigoA delicadeza dos dias a fuga que, muitos de nós, ainda encontramos no mundo das artes. Busca-se algo com o quem se identificar, onde aliviar o mal estar constante que, dia a dia, mina o encanto pela vida e pela existência.
É assustador que, ao contrário de inspirar, a arte tenha se tornado rota de fuga existencial. No texto que transcrevo abaixo, a autora segue na construção do raciocínio sobre o mal estar geral da humanidade com outra crítica relevante, a necessidade da antiautoajuda e do enfrentamento do mal estar no sentido de impacto com a realidade.
As ilustrações que selecionamos para acompanhar o texto são de John Holcroft e falam por si.
___________

Antiautoajuda para 2015

Por Eliane Brum
Em defesa do mal-estar para nos salvar de uma vida morta e de um planeta hostil. Chega de viver no modo avião
ea3e1d6097fc97d255a414b8c13f64ab_650x
Não tenho certeza se esse ano vai acabar. Tenho uma convicção crescente de que os anos não acabam mais. Não há mais aquela zona de transição e a troca de calendário, assim como de agendas, é só mais uma convenção que, se é que um dia teve sentido, reencena-se agora apenas como gesto esvaziado. Menos a celebração de uma vida que se repactua, individual e coletivamente, mais como farsa. E talvez, pelo menos no Brasil, poderíamos já afirmar que 2013 começou em junho e não em janeiro, junto com as manifestações, e continua até hoje. Mas esse é um tema para outra coluna, ainda por ser escrita. O que me interessa aqui é que nossos rituais de fim e começo giram cada vez mais em falso, e não apenas porque há muito foram apropriados pelo mercado. Há algo maior, menos fácil de perceber, mas nem por isso menos dolorosamente presente. Algo que pressentimos, mas temos dificuldade de nomear. Algo que nos assusta, ou pelo menos assusta a muitos. E, por nos assustar, em vez de nos despertar, anestesia. Talvez para uma época de anos que, de tão acelerados, não terminam mais, o mais indicado seja não resoluções de ano-novo nem manuais sobre ser feliz ou bem sucedido, mas antiautoajuda.
Quando as pessoas dizem que se sentem mal, que é cada vez mais difícil levantar da cama pela manhã, que passam o dia com raiva ou com vontade de chorar, que sofrem com ansiedade e que à noite têm dificuldade para dormir, não me parece que essas pessoas estão doentes ou expressam qualquer tipo de anomalia. Ao contrário. Neste mundo, sentir-se mal pode ser um sinal claro de excelente saúde mental. Quem está feliz e saltitante como um carneiro de desenho animado é que talvez tenha sérios problemas. É com estes que deveria soar uma sirene e por estes que os psiquiatras maníacos por medicação deveriam se mobilizar, disparando não pílulas, mas joelhaços como os do Analista de Bagé, do tipo “acorda e se liga”. É preciso se desconectar totalmente da realidade para não ser afetado por esse mundo que ajudamos a criar e que nos violenta. Não acho que os felizes e saltitantes sejam mais reais do que o Papai Noel e todas as suas renas, mas, se existissem, seriam estes os alienados mentais do nosso tempo.
e23474e8861eeddd467d9d5154cae89a_650x
John Holcroft’s work
Olho ao redor e não todos, mas quase, usam algum tipo de medicamento psíquico. Para dormir, para acordar, para ficar menos ansioso, para chorar menos, para conseguir trabalhar, para ser “produtivo”. “Para dar conta” é uma expressão usual. Mas será que temos de dar conta do que não é possível dar conta? Será que somos obrigados a nos submeter a uma vida que vaza e a uma lógica que nos coisifica porque nos deixamos coisificar? Será que não dar conta é justamente o que precisa ser escutado, é nossa porção ainda viva gritando que algo está muito errado no nosso cotidiano de zumbi? E que é preciso romper e não se adequar a um tempo cada vez mais acelerado e a uma vida não humana, pela qual nos arrastamos com nossos olhos mortos, consumindo pílulas de regulação do humor e engolindo diagnósticos de patologias cada vez mais mirabolantes? E consumindo e engolindo produtos e imagens, produtos e imagens, produtos e imagens?
A resposta não está dada. Se estivesse, não seria uma resposta, mas um dogma. Mas, se a resposta é uma construção de cada um, talvez nesse momento seja também uma construção coletiva, na medida em que parece ser um fenômeno de massa. Ou, para os que medem tudo pela inscrição na saúde, uma das marcas da nossa época, estaríamos diante de uma pandemia de mal-estar. Quero aqui defender o mal-estar. Não como se ele fosse um vírus, um alienígena, um algo que não deveria estar ali, e portanto tornar-se-ia imperativo silenciá-lo. Defendo o mal-estar – o seu, o meu, o nosso – como aquilo que desde as cavernas nos mantém vivos e fez do homo sapiens uma espécie altamente adaptada – ainda que destrutiva e, nos últimos séculos, também autodestrutiva. É o mal-estar que nos diz que algo está errado e é preciso se mover. Não como um gesto fácil, um preceito de autoajuda, mas como uma troca de posição, o que custa, demora e exige os nossos melhores esforços. Exige que, pela manhã, a gente não apenas acorde, mas desperte.
magnet
John Holcroft’s work
Anos atrás eu escreveria, como escrevi algumas vezes, que o mal-estar desta época, que me parece diferente do mal-estar de outras épocas históricas, se dá por várias razões relacionadas à modernidade e a suas criações concretas e simbólicas. Se dá inclusive por suas ilusões de potência e fantasias de superação de limites. Mas em especial pela nossa redução de pessoas a consumidores, pela subjugação de nossos corpos – e almas – ao mercado e pela danação de viver num tempo acelerado.
Sobre essa particularidade, a psicanalista Maria Rita Kehl escreveu um livro muito interessante, chamado O Tempo e o Cão (Boitempo), em que reflete de forma original sobre o que as depressões expressam sobre o nosso mundo também como sintoma social. Logo no início, ela conta a experiência pessoal de atropelar um cachorro na estrada – e a experiência aqui não é uma escolha aleatória de palavra. Kehl viu o cachorro, mas a velocidade em que estava a impedia de parar ou desviar completamente dele. Conseguiu apenas não matá-lo. Logo, o animal, cambaleando rumo ao acostamento, ficou para trás no espelho retrovisor. É isso o que acontece com as nossas experiências na velocidade ditada por essa época em que o tempo foi rebaixado a dinheiro – uma brutalidade que permitimos, reproduzimos e com a qual compactuamos sem perceber o quanto de morte há nessa conversão.
lounge
John Holcroft’s work
John Holcroft’s work
Sobre a aceleração, diz a psicanalista: “Mal nos damos conta dela, a banal velocidade da vida, até que algum mau encontro venha revelar a sua face mortífera. Mortífera não apenas contra a vida do corpo, em casos extremos, mas também contra a delicadeza inegociável da vida psíquica. (…) Seu esquecimento (do cão) se somaria ao apagamento de milhares de outras percepções instantâneas às quais nos limitamos a reagir rapidamente para em seguida, com igual rapidez, esquecê-las. (…) Do mau encontro, que poderia ter acabado com a vida daquele cão, resultou uma ligeira mancha escura no meu para-choque. (…) O acidente da estrada me fez refletir a respeito da relação entre as depressões e a experiência do tempo, que na contemporaneidade praticamente se resume à experiência da velocidade”. O que acontece com as manchas escuras, com o sangue deixado para trás, dentro e fora de nós? Não são elas que nos assombram nas noites em que ofegamos antes de engolir um comprimido? Como viver humanamente num tempo não humano? E como aceitamos ser submetidos à bestialidade de uma vida não viva?
Hoje me parece que algo novo se impõe, intimamente relacionado a tudo isso, mas que empresta uma concretude esmagadora e um sentido de urgência exponencial a todas as questões da existência. E, apenas nesse sentido, algo fascinante. A mudança climática, um fato ainda muito mais explícito na mente de cientistas e ambientalistas do que da sociedade em geral é esse algo. A evidência de que aquele que possivelmente seja o maior desafio de toda a história humana ainda não tenha se tornado a preocupação maior do que se chama de “cidadão comum” é não uma mostra de sua insignificância na vida cotidiana, mas uma prova de sua enormidade na vida cotidiana. É tão grande que nos tornamos cegos e surdos.
John Holcroft’s work
John Holcroft’s work
Em uma entrevista recente, aqui publicada como “Diálogos sobre o fim do mundo”, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro evoca o pensador alemão Günther Anders (1902-1992) para explicar essa alienação. Anders afirmava que a arma nuclear era uma prova de que algo tinha acontecido com a humanidade no momento em que se mostrou incapaz de imaginar os efeitos daquilo que se tornou capaz de fazer. Reproduzo aqui esse trecho da entrevista: “É uma situação antiutópica. O que é um utopista? Um utopista é uma pessoa que consegue imaginar um mundo melhor, mas não consegue fazer, não conhece os meios nem sabe como. E nós estamos virando o contrário. Nós somos capazes tecnicamente de fazer coisas que não somos nem capazes de imaginar. A gente sabe fazer a bomba atômica, mas não sabe pensar a bomba atômica. O Günther Anders usa uma imagem interessante, a de que existe essa ideia em biologia da percepção de fenômenos subliminares, abaixo da linha de percepção. Tem aquela coisa que é tão baixinha, que você ouve mas não sabe que ouviu; você vê, mas não sabe que viu; como pequenas distinções de cores. São fenômenos literalmente subliminares, abaixo do limite da sua percepção. Nós, segundo ele, estamos criando uma outra coisa agora que não existia, o supraliminar. Ou seja, é tão grande, que você não consegue ver nem imaginar. A crise climática é uma dessas coisas. Como é que você vai imaginar um troço que depende de milhares de parâmetros, que é um transatlântico que está andando e tem uma massa inercial gigantesca? As pessoas ficam paralisadas, dá uma espécie de paralisia cognitiva”.
O fato de se alienar – ou, como fazem alguns, chamar aqueles que apontam para o óbvio de “ecochatos”, a piada ruim e agora também velha – nem impede a corrosão acelerada do planeta nem a corrosão acelerada da vida cotidiana e interna de cada um. O que quero dizer é que, como todos os nossos gritos existenciais, o fato de negá-los não impede que façam estragos dentro de nós. Acredito que o mal-estar atual – talvez um novo mal-estar da civilização – é hoje visceralmente ligado ao que acontece com o planeta. E que nenhuma investigação da alma humana desse momento histórico, em qualquer campo do conhecimento, possa prescindir de analisar o impacto da mudança climática em curso.
mancage
John Holcroft’s work
De certo modo, na acepção popular do termo “clima”, referindo-se ao estado de espírito de um grupo ou pessoa, há também uma “mudança climática”. Mesmo que a maioria não consiga nomear o mal-estar, desconfio que a fera sem nome abra seus olhos dentro de nós nas noites escuras, como o restante dos pesadelos que só temos quando acordados. Há esse bicho que ainda nos habita que pressente, mesmo que tenha medo de sentir no nível mais consciente e siga empurrando o que o apavora para dentro, num esforço quase comovente por ignorância e anestesia. E a maior prova, de novo, é a enormidade da negação, inclusive pelo doping por drogas compradas em farmácias e “autorizadas” pelo médico, a grande autoridade desse curioso momento em que o que é doença está invertido.
São Paulo é, no Brasil, a vitrine mais impressionante dessa monumental alienação. A maior cidade do país vem se tornando há anos, décadas, um cenário de distopia em que as pessoas evoluem lentamente entre carros e poluição, encurraladas e cada vez mais violentas nos mínimos atos do dia a dia. No último ano, a seca e a crise da água acentuaram e aceleraram a corrosão da vida, mas nem por isso a mudança climática e todas as questões socioambientais relacionadas a ela tiveram qualquer impacto ou a mínima relevância na eleição estadual e principalmente na eleição presidencial. Nada. A maioria, incluindo os governantes, sequer parece perceber que a catástrofe paulista, que atinge a capital e várias cidades do interior, é ligada também à devastação da Amazônia. O tal “mundo como o conhecemos” ruindo e os zumbis evolucionando por ruas incompatíveis com a vida sem qualquer espanto. Nem por isso, ouso acreditar, deixam sequer por um momento de ser roídos por dentro pela exterioridade de sua condição. A vida ainda resiste dentro de nós, mesmo na Zumbilândia. E é o mal-estar que acusa o que resta de humano em nossos corpos.
É de um cientista, Antonio Nobre, um texto fundamental. Ler “O futuro climático da Amazônia” não é uma opção. Faça um favor a si mesmo e reserve uma hora ou duas do seu dia, o tempo de um filme, entre na internet e leia as 40 páginas escritas numa linguagem acessível, que faz pontes com vários campos do conhecimento. Há trechos de grande beleza sobre a maior floresta tropical do planeta, território concreto e simbólico sobre o qual o senso comum, no Brasil alimentado pela propaganda da ditadura civil-militar, construiu uma ideia de exploração e de nacionalismos que só vigora até hoje por total desconhecimento. É também por ignorância nossa que o atual governo, reeleito para mais um mandato, comanda na Amazônia seu projeto megalômano de grandes hidrelétricas com escassa resistência. E causa, agora, neste momento, um desastre ambiental de proporções não mensuradas em vários rios amazônicos e o etnocídio dos povos indígenas da bacia do Xingu.
John Holcroft’s work
John Holcroft’s work
Antonio Nobre mostra como uma floresta com um papel – insubstituível – na regulação do clima do Brasil e do planeta teve, nos últimos 40 anos, 762.979 quilômetros quadrados desmatados: o equivalente a três estados de São Paulo ou duas Alemanhas. Ou o equivalente a mais de 12 mil campos de futebol desmatados por dia, mais de 500 por hora, quase nove por minuto. Somando-se a área de desmatamento corte raso com a área degradada, alcançamos a estimativa aterradora de que, até 2013, 47% da floresta amazônica pode ter sido impactada diretamente por atividade humana desestabilizadora do clima. “A floresta sobreviveu por mais de 50 milhões de anos a vulcanismos, glaciações, meteoros, deriva do continente”, escreve Nobre. “Mas em menos de 50 anos está ameaçada pela ação de humanos.” A Amazônia dá forma ao momento da História em que a humanidade deixa de temer a catástrofe para se tornar a catástrofe.
Como é possível que isso aconteça bem aqui, agora, e tão poucos se importem? Se não despertarmos do nosso torpor assustado, nossos filhos e netos poderão viver e morrer não com a Amazônia transformada em savana, mas sim em deserto, com gigantesco impacto sobre o clima do planeta e a vida de todas as espécies. Para se ter uma ideia da magnitude do que estamos fazendo, por ação ou por omissão, por alienação, anestesia ou automatismo, alguns dados. Uma árvore grande transpira mais de mil litros de água por dia. A cada 24 horas a floresta amazônica lança na atmosfera, pela transpiração, 20 bilhões de toneladas de água – ou 20 trilhões de litros de água. Para se ter uma ideia comparativa, o rio Amazonas lança menos que isso – cerca de 17 bilhões de toneladas de água por dia– no oceano Atlântico. Não é preciso ser um cientista para imaginar o que acontecerá com o planeta sem a floresta.
John Holcroft’s work
John Holcroft’s work
Nobre defende que já não basta zerar o desmatamento. Alcançamos um nível de destruição em que é preciso regenerar a Amazônia. A floresta não é o “pulmão do mundo”, ela é muito mais do que isso: é o seu coração. Não como uma frase ultrapassada e clichê, mas como um fato científico. É o mundo e não só o Brasil que precisa se engajar nessa luta: o cientista defende que, se não quisermos alcançar o ponto de não retorno, deveríamos empreender – já, agora – um esforço de guerra: começando por uma guerra contra a ignorância. Fazer uma campanha tão forte e eficaz como aquela contra o tabaco. Isso, claro, se quisermos continuar a viver.
Nessa época de tanta conexão, em que a maioria passa quase todo o tempo de vigília conectado na internet, há essa desconexão mortífera com a realidade do planeta – e de si. Como cidadão, a maioria no máximo recicla o seu lixo, achando que está fazendo um enorme esforço, mas não se informa nem participa dos debates e das decisões sobre as questões do clima, da Amazônia e do meio ambiente. Neste e em vários sentidos, é como existir no “modo avião” do celular. Um estar pela metade, o suficiente apenas para cumprir o mínimo e não se desligar por completo. Um contato sem contato, um toque que não toca nem se deixa tocar. Um viver sem vida.
É preciso sentir o mal-estar. Sentir mesmo – e não silenciá-lo das mais variadas maneiras, inclusive com medicação. Ou, como diz a pensadora americana Donna Haraway: “É preciso viver com terror e alegria”.
Só o mal-estar pode nos salvar.
____________________________________________
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

É preciso que haja silêncio dentro da alma

ESCUTATÓRIA
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”.
Filosofia é um monte de ideias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
“Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”.
Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, […]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as ideias estranhas.).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.
Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado”.
Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou”.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou”. E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Rubem Alves

Programas Equivalentes Linux - Mac - Windows

ProgramasEquivalentes

Fonte: http://wiki.ubuntu-br.org/ProgramasEquivalentes

Programas Equivalentes por Sistema Operacional

Se você está indeciso sobre migrar ou não para o Ubuntu Linux, veja as tabelas abaixo para ver quais os programas equivalentes para cada tarefa em cada sistema operacional. Informe-se mais sobre cada software que você não conheça para constatar você mesmo se o Ubuntu Linux serve ou não para você!
Vale ressaltar também que os aplicativos que já vem no Kubuntu podem ser instalador no Ubuntu, assim como no Xubuntu e Edubuntu e vice versa, ou seja, todos aplicativos podem ser instalados em todas as versões do Ubuntu. A grande diferença é o Kubuntu que, por utilizar o ambiente gráfico KDE, acaba vindo com outros softwares que se beneficiam da interface gráfica QT (biblioteca do KDE) e não da interface GTK+ (do Gnome e Xfce).
Referências:
  • ubuntu.png - Já vem instalado por padrão no Ubuntu
  • kubuntu.png - Já vem instalado por padrão no Kubuntu
  • xubuntu.png - Já vem instalado por padrão no Xubuntu
  • edubuntu.png - Já vem instalado por padrão no Edubuntu
Nota: Todos os programas que não vêm instalados por padrão no seu Ubuntu poderão ser instalados mais tarde pois possuem total compatibilidade com o sistema Ubuntu. Veja InstalandoSoftware caso precise de ajuda neste tópico.
Escritório
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Acrobat Reader
Acrobat Reader
Acrobat Reader, ubuntu.png Evince, Xpdf, kubuntu.png Kpdf
Bloco de Notas, Word Pad
Edit
ubuntu.png Geditkubuntu.png Kate, Leaf, Emacs, xubuntu.png Mousepad
Microsoft Word
iWorks Pages, Microsoft Word for Mac
ubuntu.png WriterAbiwordkubuntu.png KWord
Microsoft Excel
iWorks Numbers, Microsoft Excel for Mac
ubuntu.png CalcGnumerickubuntu.png KCalc
Microsoft Power Point
iWorks Keynote, Microsoft Power Point for Mac
ubuntu.png Impresskubuntu.png KPresenter
Microsoft Access
-
ubuntu.png Basekubuntu.png Kexi
Microsoft Money
-
ubuntu.png GnuCashkubuntu.png KMyMoney
Microsoft Project
-
Planner
Microsoft Visio
-
Dia, Kivio
Educativos
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
End Note, Reference Manager, Mendeley Desktop
End Note
Mendeley Desktop, Bibus, JabRef
Utilitários
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
WinZip, WinRar
Stuffit
ubuntu.png File Roller, kubuntu.png Ark
Windows Explorer
Finder
ubuntu.png Nautiluskubuntu.png Konqueror, Thunar, Rox-Filer
Gadgets, Google Desktop Gadgets
Widgets
ubuntu.png xubuntu.png gDeskletsaDeskletskubuntu.png SuperKaramba, Gkrellm
Pesquisa
Spotlight
Beagle
Google Desktop Search, busca inteligente do Windows Vista
Busca inteligente integrada no sistema
Aero
(Embutido no OS)
Compiz-Fusion
VMware, Virtual PC
Virtual PC, Parallels
VMwareVirtualBox, Qemu, Bochs, Xen, DOSEMU, dosbox
Adicionar e Remover Programas
Finder, Mac Installer
ubuntu.png Synaptickubuntu.png Adept
Norton Anti Vírus, AVG, Avast, McAfee, Panda
VueScan
Dr. Web, Trend ServerProtect, RAV AntiVirus, F-Prot, ClamAntiVirus, Kaspersky, YAVR
Vírus, Trojans, Spywares, Adwares
Vírus, Trojans, Spywares, Adwares
Não tem
Partition Magic, Paragon Partition Manager, Acronis Partition Expert
Paragon Partition Manager
PartitionImageubuntu.png Gpartedkubuntu.png QTparted
Internet
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Windows Live Messenger, ICQ, YIM, Jabber, Gtalk, MSN
aMSN, MSN Messenger, Adium
ubuntu.png EmpathyPidgin, Emesene, aMSN, Mercury, kubuntu.png Kopete
Internet Explorer
Safari, Firefox, Opera
Chromium Web Browserubuntu.png FirefoxEpiphany, Swiftfox, kubuntu.pngKonqueror, Opera
Outlook Express, Microsoft Outlook
Mail, Thunderbird
ubuntu.png Evolution, Thunderbird, kubuntu.png Kontact
Skype
Skype for Mac
Skype for Linux
Gizmo
Gizmo for Mac
Gizmo for Linux
gTalk
Tapioca, Gajim, Landell
NetMeeting
iChat
ubuntu.png Ekiga, Xten Lite, Kphone
TeamSpeak
TeamSpeak
Kazaa
LimeWire, FrostWire
Soulseek
-
Nicotine
eMule
aMule
aMule
Microsoft FrontPage, Dreamweaver
iWeb
KompoZer, Quanta+, Bluefish, Screem, Aptana Studio
mIRC
Colloquy
WebChat Freenodeubuntu.png XChat, Ksirc, kubuntu.png Konversation, Kvirc, Irssi
Google Earth
Google Earth
Google Earth, Earth 3D, Marble
Bittorrent, Azureus
Bittorrent, Azureus
Bittorrent, FrostWire, Azureus, ubuntu.png Gnome Torrent, Transmission, Deluge, kubuntu.png Ktorrent
CuteFTP, Bullet Proof FTP, WSftp
-
gFTP, Kbear, ubuntu.png Nautilus, kubuntu.png Konqueror, FileZilla
Jigdo
Jigdo
Jigdo
GetRight
-
Downloader for X, ubuntu.png GwgetUget
JDownloader
-
Zone Alarm, McAfee Firewall, Norton Internet Security
-
FireWallBuilderUFWubuntu.png GUFWFirestarterkubuntu.png Kmyfirewall,GuardDog
Música e Vídeo
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Windows Media Player (áudio), iTunes
iTunes
kubuntu.png amaroK, ubuntu.png Rhythmbox, Banshee, Listen, Exaile
Windows media Player (vídeo)
iTunes, QuickTime, VLC
ubuntu.png Totem, Gxine, VLC, kubuntu.png Kaffeine, Mplayer, Xine
Real Player
Real Player
Real Player
Nero, Easy CD Creator
iDVD
Nero, ubuntu.png Nautilus, Brasero, Gnome Baker, kubuntu.png K3B
DVD Shrink
iDVD
Xdvdshrink, K9copy, Acidrip, DVD::RIP, Thoggen
Winamp
-
XMMS, Beep-Media-Player, Audacious
Sound Forge
iGarageBand
ubuntu.png Audacity, Ardour
Finale, Encore, Sibelius
Finale
Rosegarden, MusE
Adobe Premiere, Windows Movie Maker
Adobe Premiere, Final Cut, iMovie
Avidemux, DIVA, Cinelerra, Lives, Kino, Kdenlive, Main Actor
Gráficos e Imagem
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Photoshop Lite, Picasa
iPhoto, Picasa
Picasaubuntu.png F-Spotkubuntu.png digiKam
Adobe Photoshop
Adobe Photoshop
ubuntu.png GIMP, Pixel Edit, kubuntu.png Krita
Adobe Illustrator, CorelDRAW!
Adobe Illustrator
InkscapeDraw, Xara Xtreme
Adobe InDesign, Quark Xpress, Page Maker
Adobe InDesign, Quark Xpress
Adobe Flash
Adobe Flash
Synfig, SWFTools
Paint
-
GnuPaint, Tux Paint, kubuntu.png KolourPaint
AutoCad, Pro Engineer
-
Pro Engineer, Qcad, Varicad, Archimedes
3D Max, XSI, Maya
Blender, Maya
Maya, XSI, Blender
VueScan
-
Xvscan, VueScan, ubuntu.png Simple Scan, Xsane, kubuntu.png Kooka
Acdsse, Xnview
-
ubuntu.png Gthumbs, GqviewGeeqiekubuntu.png Gwenview
Plugins
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Adobe Flash Player
Adobe Flash Player
Adobe Flash Player, Gnash
Java
Java
Java
Jogos (confira também o Ubuntu Games)
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Quake 4
Quake 4
Quake 4, Nexuiz, Tremulous
Wolfenstein Enemy Territory
Wolfenstein Enemy Territory
Wolfenstein Enemy Territory
Counter Strike
-
Urban Terror, True Combat
Flight Simulator
Flight Gear
Flight Gear, Silent Wings, X-Plane
Second Life
Second Life
Second Life
Unreal Tournament 2004
Unreal Tournament 2004
Unreal Tournament 2004
Coelho Sabido
-
edubuntu.png Gcompris
Desenvolvimento de software
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Java
Java
Netbeans (Java)
Netbeans (Java)
Netbeans (Java)
Eclipse (Java)
Eclipse (Java)
Eclipse (Java)
MSVC++, Netbeans com C++ Pack, Eclipse/CDT, CodeBlocks
Netbeans com C++ Pack
Netbeans com C++ Pack, Eclipse/CDT, CodeBlocks, KDevelop, Qt Designer, gcc, Anjuta
VisualBasic
-
Gambas
Delphi
-
C# - Visual Studio
-
Programas Científicos
Microsoft Windows
Mac OSX
Ubuntu Linux
Origin, Gnuplot
-
Maple, Mathematica
-
Mathematica, wxMaxima, Axiom
Matlab
-
Minitab

Veja também


ProgramasEquivalentes (última edição 2013-06-28


Alternatives

http://www.linuxalt.com/


3D Home Architect
3D Studio Max
ACDSee
Adobe Acrobat Reader
Adobe Audition
Adobe Illustrator
Adobe Lightroom
Adobe PageMaker
Adobe Photoshop
Ant Movie Catalog
AOL Instant Messenger (AIM)
APC PowerChute
CDex
Collectorz
DAMN NFO Viewer
Dreamweaver
DVDShrink
Everest
Evernote
Fontographer
foobar2000
Forte Agent
Fraps
FruityLoops
Google Desktop Search
Google Earth
Guitar Pro
Legacy Family Tree
LimeWire
Meal Master
Microsoft Access
Microsoft Excel
Microsoft HyperTerminal
Microsoft Internet Explorer
Microsoft Money
Microsoft Office
Microsoft Outlook (Express)
Microsoft Powerpoint
Microsoft Project
Microsoft Visio
Microsoft Windows Media Center
Microsoft Word
mIRC
Mp3tag
MS Paint
MSN messenger
Mudbox
Nero Burning Rom
NetMeeting
NetStumbler
NewzCrawler
Notepad
OrangeCD Catalog
Origin
Partition Magic
PhotoME
Picasa
Pro Tools
Sibelius
Snagit
SoulSeek
SoundForge
Total Commander
Traktor DJ
TweetDeck
uTorrent
Videora
Winamp
Windows Media Player
Windows Movie Maker
WinIso
WinMerge
WinTV
WS_FTP
ZoneAlarm