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Não sei sentir, não sei ser humano, conviver
De dentro da alma triste com os homens meus irmãos na terra.
Não sei ser útil mesmo sentindo, ser prático, ser quotidiano, nítido,
Ter um lugar na vida, ter um destino entre os homens,
Ter uma obra, uma força, uma vontade, uma horta,
Uma razão para descansar, uma necessidade de me distrair,
Uma cousa vinda diretamente da natureza para mim.
Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
Estreito ao meu peito arfante, num abraço comovido,
(No mesmo abraço comovido)
O homem que dá a camisa ao pobre que desconhece,
O soldado que morre pela pátria sem saber o que é pátria,
E o matricida, o fratricida, o incestuoso, o violador de crianças,
O ladrão de estradas, o salteador dos mares,
O gatuno de carteiras, a sombra que espera nas vielas
Todos são a minha amante predileta pelo menos um momento na vida.
Beijo na boca todas as prostitutas,
Beijo sobre os olhos todos os souteneurs,
A minha passividade jaz aos pés de todos os assassinos
E a minha capa à espanhola esconde a retirada a todos os ladrões.
Tudo é a razão de ser da minha vida.
Cometi todos os crimes,
Vivi dentro de todos os crimes
(Eu próprio fui, não um nem o outro no vicio,
Mas o próprio vício-pessoa praticado entre eles,
E dessas são as horas mais arco-de-triunfo da minha vida).
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Álvaro de Campos.
Passagem das Horas
https://www.instagram.com/p/BcmSzBkAjHU/
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O Drama Burguês
SINOPSE
Com uma abordagem filosófica, literária, histórica, política, psicanalítica, 'Ética' é o resultado de um diálogo lúcido, transparente e fascinante. Marilena Chaui e Gerd Bornheim falam em 'O drama burguês', José Miguel Wisnik e Nelson Bressac apresentam 'Ética das aparências'. 'O drama burguês' - Nos discursos alternados entre Marilena Chaui e Gerd Bornheim alguns dos temas analisados são - a invenção da política; o poder; vontade do governante; guerra e paz; justiça; as leis; autoridade, autoridade coletiva; espaço coletivo, espaço privado; poder Cristão; república; a questão Burguesa; individualismo; teocentrismo, antropocentrismo; autonomia; biografia burguesa; paradigmas e modelos; lógica de forças; instituições; itinerário do novo homem; capitalismo; moeda; liberdade; transcendência; livre arbítrio; autonomia; contrato social; utopia; moral; o novo campo político e a ética burguesa; diferenças; leis da natureza; causa e efeito; determinismo; fins, práticas, comportamento; valor; conflitos; igualdade; desigualdade; violência; meios e fins; sujeito e objeto. 'Ética das aparências' - José Miguel Wisnik conduz a linha de seu pensamento percorrendo - representação literária; jornalismo e literatura; regras, verossimilhança, ficção; realidade, contexto; comédia humana; crítica; construção, transformação do significado; ética na imprensa; fazer e desfazer contexto, montar e desmontar contexto; o verdadeiro e o que parece real; criação de realidade; versões da realidade; conveniências; perda das ilusões; desencanto; reprodução das ilusões; representação do mundo; ambigüidade; poder da imprensa; o trabalho do jornalista; consciência da ilusão e desilusão. Já a linha de Nelson Bressac é outra - Ética das imagens; opacidade, ocultamento; excesso; ausência, proliferação das imagens; o gesto; retratos contemporâneos; o olhar; presença e ausência; tempo; lugar, espaço; cinema; montagem; fotografia; instante; composição; ordem e desordem; ação, contemplação; a cena e o obsceno; exibicionismo; limites; privado e público; pudor; limite das imagens; velocidade; vertigem; nuance dos pensamentos; pontos de vista; expressão; aura; invisível e visível; cego; cegueira; olhar múltiplo; linguagem.
https://www.livrariacultura.com.br/p/filmes/filmes/documentario/etica-o-drama-burguesetica-das-aparencias-5060040#
http://tvcultura.com.br/videos/8487_etica-o-drama-burgues.html
http://tvcultura.com.br/videos/8487_etica-o-drama-burgues.html
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A Transição Do Drama Burguês Para o Drama Naturalista
Lulli, Bárbara Ferrario;
Artigo:
O objetivo deste trabalho é apresentar como se deu a passagem do drama burguês para o drama naturalista. Historicamente o drama burguês se situa no século XVIII e encontra seu auge no momento que a burguesia sobe ao poder após a Revolução Francesa. Nesta época, o drama burguês assume para si as características principais do gênero dramático como um todo, destacando-se como elemento principal o diálogo, enquanto expressão das vontades de cada indivíduo, denominado por Peter Szondi como relações intersubjetivas. O drama naturalista, por sua vez, surgiu historicamente no momento que os valores da burguesia já não mais se sustinham, o que se refletiu diretamente na literatura e no teatro, possibilitando que o drama naturalista entrasse em cena com heróis pertencentes às classes mais baixas da sociedade. Diferente do drama burguês, a ação dramática naturalista deixou de ser constituída pelas relações interpessoais, uma vez que o comportamento das personagens naturalistas se condiciona pelas determinações sociais e biológicas. Analisaremos, portanto, as características do drama burguês e do drama naturalista, destacando as principais distinções entre os gêneros, tal como a transição de um para outro.
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FILME - A Grande Beleza
https://www.instagram.com/p/BKCC79LBncU/
JULIO LE PARC
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