quarta-feira, 18 de abril de 2012

Maturana


http://www.ufmg.br/ieat/2011/09/humberto-maturana/

Humberto Maturana - Universidade do Chile
pesquisador evento vídeos
Humberto Maturana é biólogo, nascido no Chile, e co-criador da Teoria da Autopoiese junto com Francisco Varela. Na década de 50 Maturana trabalhou com o pioneiro da epistemologia experimental Warren McCullouch, e desenvolveu vários trabalhos de ruptura na área de neurofisiologia da percepção. Publicou inúmeros artigos em revistas especializadas, explorando as implicações da teoria da autopoiese em áreas tão diversas quanto a terapia de familia, a ciência política e a educação. É autor dos livros Autopoiesis and Cognition e The Tree of Knowledge (ambos em parceria com Francisco Varela), Origen de las Especies por Medio de la Deriva Natural (em parceria com Jorge Mpodozis), El Sentido de lo Humano, Emociones y Lenguaje en Educacion y Politica, La Democracia como una Obra de Arte, Amor y Juego: Fundamentos Olvidados de lo Humano (com Gerda Verden-Zoller), dentre outros. Desde o início dos anos 50 Maturana vem atuando como professor da Universidade do Chile, onde criou o Laboratório de Epistemologia Experimental, atualmente dirigido por seu ex-aluno e colaborador Jorge Mpodozis. Em 1995 Maturana foi premiado pela Academia de Ciências do Chile em reconhecimento ao conjunto de sua produção intelectual.

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http://www.ufmg.br/boletim/bol1308/segunda.shtml

As idéias de Maturana e sua repercussão
Paulo Margutti *
segunda metade do século 20 foi marcada pela ascensão de uma nova abordagem científica de caráter sistêmico, em que as ciências da vida desempenham um papel paradigmático. Nesta nova perspectiva, as idéias do biólogo chileno Humberto Maturana exercem um papel fundamental. Embora seja bastante difícil resumi-las, vale a pena uma pequena introdução, com o objetivo de motivar estudos posteriores.
De acordo com Maturana, a organização comum a todo sistema vivo unicelular é aautopoiese ou produção de si próprio. A célula é uma rede de processos, na qual cada elemento constitutivo participa da produção de outros. A rede produz os seus componentes e é produzida pelos seus componentes. Neste sentido, ela produz a si mesma e possui auto-organização ou fechamento operacional. Nosso sistema nervoso, por exemplo, funciona como uma rede fechada de processos: ele é uma rede auto-organizada e auto-referente, de tal modo que a percepção das coisas não constitui a representação de uma realidade exterior, mas sim a criação de um mundo particular. É por isso que uma rã cujo olho foi cirurgicamente girado por 180º lança a língua para o lado errado, quando tenta caçar um inseto. É por isso que nossa percepção do mundo vem acompanhada de uma série de ilusões. O que nos permite corrigi-las é o fato de interagirmos com o ambiente. São as interações que ajudam a determinar a correção de nossas percepções. Maturana dá o nome de acoplamento estrutural ao domínio destas interações.
Deste modo, todos os sistemas vivos são conhecidos através de dois domínios de descrição complementares e independentes. No domínio do fechamento operacional (fisiologia), tudo aquilo que é aceito como perturbação do sistema é determinado pela dinâmica interna do próprio sistema. Neste caso, esta dinâmica é relevante para a descrição, mas não as interações com o ambiente. No domínio do acoplamento estrutural (conduta), a estrutura do ambiente dispara mudanças no sistema, sem, entretanto, especificá-las ou dirigi-las, e a estrutura do sistema dispara mudanças no ambiente, também sem especificá-las ou dirigi-las. Neste caso, as interações com o ambiente são relevantes para a descrição, mas não a estrutura interna do sistema. Assim, quando o sistema vivo sobrevive num dado ambiente, temos uma história de mudanças estruturais em ambos, as quais são mutuamente disparadas e congruentes. De acordo com Maturana, embora as duas descrições sejam válidas e necessárias para uma compreensão mais completa dos sistemas vivos, podemos criar problemas quando transitamos inadvertidamente de um domínio de descrição para o outro.
O modelo biológico de Maturana pode ser aplicado na explicação de diversos fenômenos importantes. O conhecimento, por exemplo, pode ser definido como comportamento adequado ou ação congruente com o mundo. Do ponto de vista do fechamento operacional, nós, seres vivos, criamos um mundo; do ponto de vista do acoplamento estrutural, experimentamos interações com o ambiente e corrigimos nossa imagem do mundo a partir delas.
A linguagem, por sua vez, surge a partir do acoplamento estrutural entre seres humanos. Ela depende de uma convivência íntima e colaborativa, que gera uma rede de conversações (conjunto de comportamentos coordenados mutuamente disparados entre os falantes). Nesta perspectiva, a linguagem não envolve transmissão de informação, mas apenas coordenação comportamental num domínio fechado de acoplamento estrutural. As trocas comunicativas constituem verdadeiras coreografias refinadas de coordenação comportamental. Os nossos conceitos são todos derivados destas interações comportamentais.
Quanto à sociedade, ela surge das interações cooperativas e recorrentes entre seus membros. Um sistema social é uma rede de interações que funciona como um meio no qual os seres vivos se realizam como tais e conservam sua organização e adaptação. A base das interações cooperativas humanas é a emoção biológica do amor. Esta constitui a condição dinâmica espontânea de aceitação, por um sistema vivo, de sua convivência com outro sistema vivo. Enquanto fenômeno biológico, o amor não precisa de fundamentação racional. Uma sociedade sem amor se desintegra: não há competição sadia, porque a negação do outro envolve a negação de si mesmo.
Como se pode ver, o modelo de Maturana desloca a explicação de uma série de fenômenos para o nível biológico, naturalizando-os. Isto promete modificações significativas em diversas disciplinas, como, por exemplo, a lingüística, a psicologia, a sociologia, a antropologia etc.
Embora Maturana diga que está fazendo ciência e não filosofia, parece-me perfeitamente possível efetuar uma apropriação filosófica de suas idéias. Penso que seu modelo fornece os elementos adequados para superar muitos dos enigmas tradicionais, como a oposição realismo/idealismo, através da abordagem da dupla descrição. Outro aspecto digno de nota é que Maturana inclui uma dimensão ética no seu modelo, ao afirmar a emoção do amor como base do social. Isto tudo significa uma aproximação harmoniosa entre ciência, filosofia e sabedoria de vida, permitindo uma sintonia maior entre nossa maneira de ver o mundo e a realidade que vivemos. É nesta direção que tem caminhado meu trabalho filosófico.
* Professor titular do departamento de Filosofia 


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http://www.ufmg.br/boletim/bol1308/terceira.shtml

Universidade recebe Humberto Maturana
Biólogo chileno, autor da Teoria da Autopoiese, faz duas conferências no auditório da Reitoria
m dos mais expressivos pensadores do século 20, o biólogo chileno Humberto Maturana, chega à UFMG para um ciclo de conferências organizado pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) e Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras. No dia 19 de março, Maturana falará sobre as Idades da Humanidade. No dia seguinte, abordará o tema A origem da linguagem.
Durante a visita à UFMG, Maturana também se encontrará com o reitor Francisco César de Sá Barreto e sua equipe. "Eles discutirão a universidade do futuro", informa o presidente do IEAT, Ivan Domingues. Maturana também reservará espaço em sua agenda para se reunir com pesquisadores da UFMG influenciados por suas idéias, como Nelson Vaz (ICB), Paulo Margutti (Fafich) e Cristina Magro (Faculdade de Letras).
Nascido em 1928, Humberto Maturana formulou a chamada Teoria da Autopoiese em conjunto com o cientista Francisco Varela. Em linhas gerais, a autopoiese pode ser definida como uma rede fechada de relações moleculares que, ao entrar em funcionamento, produz a si mesma.
Segundo a professora Cristina Magro, do departamento de Lingüística da UFMG, as idéias de Maturana acabaram permeando campos díspares do conhecimento. "Seu pensamento influenciou desde a química (estudos sobre a origem dos primeiros seres vivos) até a psicoterapia, passando pelas áreas de filosofia, lingüística, organização de empresas e engenharia de automação", detalha. Para ela, a obra do pensador chileno tem também o mérito de responder e de se antecipar a questões postas hoje pela chamada ciência da cognição, como o papel das emoções no processo de formação da inteligência.
Brisa alentadora
Na opinião do professor Nelson Vaz, do departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB, a obra de Maturana interfere diretamente no combate às "super-simplificações" da biologia comercial e à adoção de regras de produtividade industrial na avaliação do trabalho da Universidade. "A nova visita de Maturana à UFMG é como uma brisa alentadora", define Vaz, para quem a obra do cientista chileno afeta todas as áreas da Biologia. "A abrangência de sua teoria explica a impropriedade das tentativas de apropriação do patrimônio biológico como `recursos' para a exploração econômica."
Na UFMG, o pensamento de Maturana _ hoje reunido na chamada Biologia do Conhecer, que busca compreender as inter-relações entre cognição e linguagem como fenômenos biológicos _ vem sendo estudado desde o final dos anos 80 por diferentes grupos de pesquisadores. Duas coletâneas de artigos do biólogo foram transformadas em livros pela Editora UFMG: Ontologia da realidade e Emoções e Linguagem na Educação e na Política, que figuram entre os seus livros mais vendidos. Uma terceira coletânea está sendo finalizada pela Editora: Cognição, ciência e vida cotidiana, organizada pela professora Cristina Magro, e pelo aluno de mestrado em Lingüística da Fale, Victor Paredes.
Agenda
Dia 19, segunda-feira, às 9 horas
As idades da Humanidade (auditório da Reitoria)
Dia 20, terça-feira, às 9 horas
A origem da linguagem (auditório da Reitoria)
Entrada franca


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http://livrosdamara.pbworks.com/f/Humberto%2520Maturana%2520-%2520Emo%25C3%25A7%25C3%25B5es%2520e%2520Linguagem%2520na%2520Educa%25C3%25A7%25C3%25A3o%2520e%2520na%2520P%25E2%2580%25A6.pdf
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http://livrosdamara.pbworks.com/f/Humberto%20Maturana%20-%20Cogni%C3%A7%C3%A3o,%20Ci%C3%AAncia%20e%20Vida%20Cotidiana.pdf


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http://pensamentosistemico.blogspot.com.br/ 


EMOÇÕES


Não há nenhuma atividade humana que não esteja fundada, sustentada por uma emoção, nem mesmo os sistemas racionais, porque todo sistema racional, além disso, se constitui como um sistema de coerências operacionais fundado num conjunto de premissas aceitas a priori. 
E esta aceitação a priori desse conjunto de premissas é o espaço emocional.
E quando se muda a emoção, também muda o sistema racional.

(ex-traído de "Cognição, Ciência e Vida Cotidiana" H. Maturana, 2001 - ED. UFMG)

Quinta-feira, Abril 07, 2005



RESPONSABILIDADE II

Não, a responsabilidade não é da ciência.
A Responsabilidade é das pessoas. Nenhum domínio de conhecimento é responsável. São as pessoas as responsáveis.
Porque a responsabilidade tem a ver com os desejos das pessoas, com o dar-se conta de que as consequências de seus atos são desejáveis. Tem a ver com o querer, com os desejos. Eu conheço as consequências dos meus atos, e as desejo?
Então meus atos são atos responsáveis.
Conheço as consequências dos meus atos e não as desejo e, portanto, não ajo assim. Então meu não agir é responsável. A responsabilidade do cientista está na sua responsabilidade como pessoa!

(ex-traído de "A Ontologia da Realidade" de H. Maturana, UFMG, 2001)

Terça-feira, Abril 05, 2005



RESPONSABILIDADE

Bem, eu penso que no momento em que a gente se dá conta da responsabilidade - quer dizer, não se encontra simplesmente envolvido com ela; mas se dá conta de que o mundo que vivemos tem a ver com a gente, com o indivíduo - esse é um momento que é comovente e libertador.
É comovente porque resulta que o que fazemos não é trivial.
É libertador porque dá sentido ao viver.
Não lhe dá sentido transcendente, mas um sentido imediato todo o tempo. As coisas que fazemos são sempre significativas. Quaisquer que sejam, até mesmo coçar o nariz e, claro, dependendo do espaço em que se faz algo, são distintas sua implicações, sua forma de integração no contexto da convivência.

(ex-traído de "A Ontologia da Realidade" de H. Maturana, UFMG, 2001)

Terça-feira, Março 15, 2005



RACIONALIDADE

Dizem que nós, seres humanos, somos animais racionais.

Nossa crença nessa afirmação, nos leva a menosprezar as emoções e a enaltecer a racionalidade, a ponto de querermos atribuir pensamento racional a animais não-humanos sempre que observamos neles comportamentos complexos. Nesse processo, fizemos com que a noção de realidade objetiva se tornasse referência a algo que supomos ser universal e independente do que fazemos e que usamos como argumento visando convencer alguém, quando não queremos usar a força bruta.

(ex-traído de "A Ontologia da Realidade" de H. Maturana, 200l - ED. UFMG)

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