QUAL O PAPEL DO HOMEM NO FEMINISMO?
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El PaísQual deve ser o papel do homem para ajudar a acabar o machismo?
Djamila Ribeiro
Eu acho que é sobretudo discutir masculinidade. Essa masculinidade hegemônica como foi construída está diretamente ligada à questão da violência e da agressividade. Desde muito cedo o menino foi criado para ser o macho, pra ser o provedor, o violento, o agressivo. Se a gente vive em uma sociedade onde os homens estupram as mulheres, é porque a gente está criando homens que acham que podem fazer isso. Isso deveria ser o ponto principal: como é que desconstrói essa masculinidade violenta? Discutindo entre eles eu acho que seria fundamental. Eles podem e devem ser parceiros e aliados apoiando nossas lutas, dando visibilidade... Se é professor, debatendo o tema em sala de aula. Se é empregador, pagando o mesmo salário para homens e mulheres na mesma função, criando maneiras de mulheres que são mães de trabalhar. Se é professor de universidade pública, apoiando a luta das alunas por creches nas escolas, porque creche também é permanência estudantil. Está no meio dos amigos, o amigo assediou uma mulher, fala pro amigo que aquilo é assédio, não é cantada. Está dentro de casa, divida as tarefas domésticas, a responsabilidade pela criação dos filhos. Isso é uma ajuda imensa ao movimento feminino, sem necessariamente ter que pegar um microfone e falar por nós. Então parte muito dessa ação concreta que eles podem fazer, que eles devem fazer, porque essa masculinidade hegemônica está matando a gente. É importantíssimo que os homens estejam dispostos a desconstruir isso.
Djamila Ribeiro é mestre em filosofia política, ativista feminista e secretária-adjunta de Direitos Humanos de São Paulo.
Eu acho que é sobretudo discutir masculinidade. Essa masculinidade hegemônica como foi construída está diretamente ligada à questão da violência e da agressividade. Desde muito cedo o menino foi criado para ser o macho, pra ser o provedor, o violento, o agressivo. Se a gente vive em uma sociedade onde os homens estupram as mulheres, é porque a gente está criando homens que acham que podem fazer isso. Isso deveria ser o ponto principal: como é que desconstrói essa masculinidade violenta? Discutindo entre eles eu acho que seria fundamental. Eles podem e devem ser parceiros e aliados apoiando nossas lutas, dando visibilidade... Se é professor, debatendo o tema em sala de aula. Se é empregador, pagando o mesmo salário para homens e mulheres na mesma função, criando maneiras de mulheres que são mães de trabalhar. Se é professor de universidade pública, apoiando a luta das alunas por creches nas escolas, porque creche também é permanência estudantil. Está no meio dos amigos, o amigo assediou uma mulher, fala pro amigo que aquilo é assédio, não é cantada. Está dentro de casa, divida as tarefas domésticas, a responsabilidade pela criação dos filhos. Isso é uma ajuda imensa ao movimento feminino, sem necessariamente ter que pegar um microfone e falar por nós. Então parte muito dessa ação concreta que eles podem fazer, que eles devem fazer, porque essa masculinidade hegemônica está matando a gente. É importantíssimo que os homens estejam dispostos a desconstruir isso.
Djamila Ribeiro é mestre em filosofia política, ativista feminista e secretária-adjunta de Direitos Humanos de São Paulo.
http://brainstormtche.blogspot.com/2017/05/feminismo-negro.html
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E OS HOMENS?
Se coloca diante de nós todos, os que compreendem a importância estratégica da luta feminista, uma questão: uma vez que cabe as mulheres, pois são elas de fato que vivem a opressão, a iniciativa e o combate decisivo nesta luta; qual seria o papel dos homens?
A primeira constatação que emerge, quase como uma obviedade, é que nesta trama cabe aos homens o papel de opressor. Na verdade, no âmbito das relações estabelecidas entre os sexos sob o patriarcado (e no capitalismo com intensidade ainda maior) é o homem que se situa numa situação de poder, tem efetivamente privilégios e desenvolve, interesses muito nítidos na perpetuação de tal ordem. Para que não fique extremamente abstrato, deixando margem para o escapismo, estes privilégios e esta relação de poder se manifestam em coisas muito objetivas: a apropriação da força de trabalho na reprodução e manutenção da casa e da família (cozinhar, lavar, cuidar da roupa, fazer compras, cuidar das crianças, etc), a desigualdade dos métodos contraceptivos (a maioria penaliza a mulher, a pesquisa e a técnica são controladas por homens, a criminalização do aborto, etc) a decisão de ter ou não filhos (o corpo é da mulher, mas a decisão e do casal, da igreja, do parlamento, dos juizes, etc).
Poderíamos resumir dizendo que existem interesses objetivos que reforçam e garantem aos homens a posição vantajosa de como opressor no campo desta relaão particular. No entanto só estes interesses objetivos, não são suficientes para compreender o grau tão acentuado da resistência da parte dos homens em aceitar a luta feminista. A libertação da mulher atinge o homem não somente na perda inevitável de seus privilégios objetivos, como também, e principalmente eu diria, na sua identidade masculina, e isto não apenas nos campos dos valores ideológicos (na minha casa quem manda sou eu, a minha mulher, mulher minha não trabalha, "quien lleva los pantalones en su casa" como dizem os cubanos), mas no campo da identidade psicológica, na estruturação de sua personalidade. Existem estudos de psicólogos sociais norte americanos que apontam para a atual estrutura da família e a figura internalizada de uma “mãe ameaçadora”, evidenciada pelo distanciamento objetivo da figura paterna devido a dinâmica contemporânea do capitalismo; que são caminhos interessantes a serem pesquisados.
De qualquer maneira, mesmo sem teorizações mais profundas, podemos perceber pela explosiva comprovação da realidade a resistência enorme que expressam os homens diante da questão feminista. Entretanto para nós, que nos colocamos em uma perspectiva revolucionária, a questão é um pouco mais complexa: o que devem fazer os homens que passam a aceitar a validade e a importância da luta das mulheres?
http://brainstormtche.blogspot.com/2017/05/feminismo-e-marxismo.html
- - - https://www.facebook.com/caetanodable/posts/10212396253404465
Vou ancorar e dar sequência aqui a alguns eixos de diálogo que suscitei através de uma imagem infeliz que postei dias atrás.
Apesar da insensibilidade do gesto, foi possível começar a dialogar uma série de dúvidas que tenho em relação ao universo feminino.
Minha ignorância sobre o feminino é estrutural e crtza vou levar muito tempo até chegar a um lugar menos enviesado do que estou para conseguir pensar de um modo menos estreito...
Enfim, parece que cheguei à ilha de Capri na minha viagem rumo à Ítaca! Ainda amarrado ao mastro, mas sem cera nos ouvidos... ;)
Antes de problematizar o fluxo do rio, vamos re-pensar as margens do diálogo...
= = =
"Escrevi este pequeno guia prático pra ajudar. Apesar de acreditar que o ideal seria que todo homem já soubesse disso.
Seguem atitudes que podem te ajudar a não ser um homi babaca e somar conosco na luta pela equidade de gêneros:
1) Quando uma mulher falar contigo que está se sentindo silenciada por ser mulher, ao invés de começar com "MAS..." ou "Não foi isso que eu quis dizer...", apenas pare, seja gentil e escute o que ela tem a te dizer. DEPOIS, se couber, exponha seus pontos e então vocês podem dialogar.
2) NUNCA, JAMAIS, EM TEMPO ALGUM tente dizer para uma mulher que determinada atitude sua não foi machismo caso ela já tenha explicitado que sim, foi machismo. Se sua intenção foi maravilhosa, se você não teve a intenção, nós entendemos que você foi criado nesta sociedade patriarcal e foi ensinado que certos machismos são "nada de mais" MAS após ser chamado atenção por uma mulher, volte duas casas, repense e refaça sua colocação ou atitude. Peça desculpas e melhore.
3) NÃO divulgue imagens que façam chacota do feminismo ou de mulheres. Sério, isso é desnecessário, estressante e muito, mas muito feio.
Só com estas três coisas você já tem meio caminho andado pra ter uma conversa saudável e feliz com qualquer moça e posso apostar que assim você pode aprender bastante e não ser babaca."
[ por Vanessa Onofre · 16 de março às 15:08 ]
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Outros toques úteis:
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Aqui, o que tentei resumir da minha confusão:
Minha maior angústia é não conseguir ver sentido algum na maneira como parcelas oprimidas (no nosso caso aqui, o movimento feminista) tentam se emancipar das relações de dominação, tomando para si o "poder" sem, ao meu ver, desconstruir a lógica de dominação/opressão que valida esse poder.
Meu sonho máximo seria anular a possibilidade de relações de "poder" através da des-subjetificação (ao invés de construir identidades, andarmos em direção a uma des-subjetificação identitária comum, onde não fosse possível pensar a noção de 'sujeito')
Como isso parece ser uma surtação só minha, vou tentar aterrizar esse papo em um solo comum: Estética, Poder e Desejo. (ou) Relações de Gênero, Poder e Moda...
Fico tentando entender como funciona o desejo, no que ele se fundamenta e por onde se veicula.
Talvez menos abstrato que o Desejo (que tem um objeto impossível por definição), tem o Poder... agnt pode pensar nele pelo que podemos notar nas relações que estabelecemos uns com os outros e na diferença de potência que uns tem em relação aos outros.
"Potência": por aí que eu entendo o "Poder"...
Acho que já deve estar dando para ver onde eu quero chegar né... Se o Poder é a possibilidade de potência, possibilidade de realização de si, tem que haver um espaço 'em branco' para que essa potência possa se realizar... dizendo de outra forma, para que agnt possa realizar nossa identidade através do 'auto-empoderamento' temos que encontrar um local onde haja espaço para nos assumirmos, um local que se flexibilize ao contorno identitário que damos à nós mesmos.
No nível intrapessoal (consciência) isso até que não tem tanto problema... a tal da 'dobra do sujeito', 'narcisismo primário' etc... (Na real, eu vejo muito problema nessa formulação identitária, mas não vou colocar isso aqui p não alongar demais o papo)
No nível interpessoal (nossas relações uns com os outros) a parada, ao meu ver, vira uma merda generalizada se agnt assume o 'poder' como maneira de se inscrever identitariamente no mundo... =(
Se nos assumimos identitariamente através da pressuposição que é preciso dobrar o que nos cerca (ou quem nos cerca) à nossa própria topografia, sob o risco de não termos nossa possibilidade de potência garantida, fudeu...
O 'outro' vai ser sempre um vetor a quem eu vou ter que estar em contínua luta por espaço identitário. (Mil referências biológcas e filosóficas para fazer agora aqui, mas vou me segurar...rsrs)
Voltando à minha dificuldade de entender a prática do movimento feminista:
Pelo que consigo perceber as mulheres lutam por equitabilidade social (uma divisão 'justa' do poder e do espaço para realização dele).
COMO isso pode ser feito?
QUAIS ESTRUTURAS PSICO-SOCIAIS sustentam a permanência de nós homens nesse lugar de poder?
QUAL O PAPEL DE VOCÊS NA MANUTENÇÃO DESSAS ESTRUTURAS PSICO-SOCIAIS?
QUAL O NOSSO PAPEL NA MANUTENÇÃO DESSAS ESTRUTURAS PSICO-SOCIAIS?
O QUE VOCÊS QUEREM AFINAL?
O QUE VOCÊS DESEJAM?
ONDE E COMO SURGE O DESEJO NESSE CAMPO RELACIONAL COLONIZADO PELO PODER?
VOCÊS QUEREM REINVENTAR AS RELAÇÕES DE GÊNERO OU QUEREM PODER COMPARTILHAR CONOSCO O USO E O LOCAL DE PODER?
QUAL A POSSIBILIDADE DE ENXERGAR O OUTRO, SE ENTRE EU E O OUTRO HÁ NECESSARIAMENTE UMA RELAÇÃO DE PODER?
O QUE É MAIS 'SEXY': CONQUISTAR OU SE VULNERABILIZAR AO OUTRO?
SE O OUTRO QUER SE VULNERABILIZAR, CABE A MIM ASSUMIR O LOCAL DE PODER?
E SE EU NÃO QUISER, ESSE LUGAR PODE FICAR 'VAZIO'?
ONDE O DESEJO MASCULINO E O FEMININO CONVERGEM, ONDE DIVERGEM?
QUAL O CONSENSO POSSÍVEL SE O OBJETO FINAL DOS DESEJOS NÃO FOR COMUM?
QUAL O CAMPO DO DESEJO: O ESPAÇO DE RELAÇÃO ENTRE EU E O OUTRO OU O PRÓPRIO OUTRO COMO UM CORPO-OBJETO?
(eu me pergunto O QUE SUSTENTA O PODER EM SI MSM, mas enfim... parece que ninguém gosta de discutir nesse nível de abstração...)
Resumindo:
Há um lugar de poder.
Esse lugar é 'legítimo', certo?
Há homens ocupando majoritariamente esse lugar.
COMO VOCÊS PERTENDEM HABITAR ESSE ESPAÇO?
COMO QUEREM SER ACEITAS NESSE ESPAÇO?
COMO QUEREM DESEMPENHAR ESSE PODER? (Tem outra maneira de se desempenhar o 'poder' sem deslegitimar o outro?)
COMO NÓS HOMENS DEVEMOS NOS COMPORTAR COM VOCÊS CO-HABITANDO ESSE ESPAÇO? (entre nós os lugares à janela no bonde do poder tem sido negociados à base da 'força moral' -ou- o poder de se auto-legitimar enunciador de si mesmo pautando as relações em que se inscreve.)
Quando tenho oportunidade de enunciar essas minhas dúvidas em grupos de discussão feminista, a galera vai me olhando com curiosidade, e mais cedo ou mais tarde me pedem um exemplo 'concreto' e 'pratico' do que estou falando...
O exemplo prático é meio óbvio né... moda e relações de poder.
Nâo consigo por nada nesse mundo entender o que faz qualquer mulher com consciência de relações de gênero, e que se perceba opimida pelo machismo se vestir de uma maneira sexista.
Depois dessa frase é uma surdez mútua... salvo raríssimas excessões... começam a me chamar de machista para baixo e não dou conta de elaborar mais nada...
Daí sigo sozinho pensando isso...
Quando falo em tom de zoação e localizando a ação objetificante na publicidade sou melhor aceito: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207057244132570&set=a.10204369838549110.1073741857.1324551686&type=3&theater
Mas o que me interessa pensar é como desconstruir as bases culturais do machismo através da educação infantil... acho que ali os afetos são mais potentes porque ainda há algum espaço para se experimentar.
Me aterroriza ver crianças sendo "educadas" de maneira sexista e/ou machista. Infelizmente meu olhar dessa situação não vai muito além das mães, que na grande maioria dos casos são as responsaveis pela primeira educação da molecada... =/
Topo aprender a ver além, só não sei como... No final das contas acabo só conseguindo enxergar o que corrobora esse meu ponto de vista: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206728348710390&set=a.10204369838549110.1073741857.1324551686&type=3&theater
Enfim...
Já que eu pareço ter uma dificuldade estrutural em escutar o outro, e nesse caso o 'outro' são as mulheres, tento pensar esse papo também pela relação de umas mulheres sensacionais com homens que parecem ser mais ilumidados do que eu... rsrs
A Marieta e o Chico
A Olga e o Prestes
A Suzane e o Sartre
A Hannah e o Heidegger
A Frida e o Diego
A Francine e o Camus
A Coco e o Nijinski
(esse tá na mão: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207686300138577&set=a.10204369838549110.1073741857.1324551686&type=3&permPage=1)
E um ser sensaconal que to lendo agora, a Alma Mahler e o... bom, melhor terminar de ler o livro...
Sigo por aí... já que ainda não aprendi a ouvir os outros ao vivo, vou lendo... Quem sabe funciona?
= = =
CULTURA MATRISTICA E CULTURA PATRIARCAL
= = =
Só se pode falar nas mulheres do ponto de vista masculino. Inclusive, quando se é mulher, bem entendido. Porque a nossa cultura não admite outro ponto de vista. É uma cultura masculina, e resultado de realização milenar de um projeto masculino, o ponto de vista feminino, se é que jamais conseguiu articular-se conscientemente, foi, há muito, completamente sufocado pela cultura. De maneira tal que quando as mulheres se querem libertar, visam necessariamente os direitos dos homens.
Como se deu isto? Este terrível empobrecimento pelo qual perdemos o ponto de vista feminino? Pergunta de difícil resposta, já que a perda deve ter acontecido no paleolítico, época imemorável. A única forma como podemos imaginar uma resposta é esta: em um momento remoto da história da humanidade, os homens violentaram as mulheres tão radicalmente, que estas perderam a noção da sua identidade. E em conseqüência os homens perderam a possibilidade de verem-se, a si próprios, de fora. O fato, embora triste, é por enquanto imutável. Nenhuma quantidade de sutiêns jogados fora por feministas pode mudá-lo.
Podemos, é claro, interpretar o fato, na tentativa de compreendê-lo. Assim, por exemplo, no paleolítico os homens eram caçadores de mamutes e renas, e as mulheres colecionadoras de ovos e raízes. A divisão do trabalho era conseqüência da diversidade anatômica de ambos. Os homens tinham, portanto, vida masculina, com ciência masculina, (conhecimentos objetivos de renas), e ideologia masculina, (adoração do Sol e das Estrelas que guiavam seus passos durante a caça na estepe). E as mulheres vida feminina, com ciência feminina, (conhecimentos objetivos das raízes), e ideologia feminina, (adoração da Terra que fornece raízes).
Mais tarde, em revolução enorme, mas esquecida, os homens passaram a ser pastores. Pastor: colecionador de animais outrora caçados. As renas viraram cabras. Mas mais importante ainda; o homem, embora de certa forma ainda caçador, virou também colecionador, como o foi a mulher outrora. Assimilou a ciência feminina. E a tendo assimilado, subjugou as mulheres. Simultaneamente, impôs sobre as mulheres sua própria ideologia. A adoração da Terra passou a ser menosprezada, (inferiorizada e infernalizada), e a adoração do Céu oficializou-se. Eis como talvez surgiu o patriarcado. Inexorável.
A mulher vive doravante na ciência e na ideologia masculinas. Não pode ser mulher "para si", não saberia como. Apenas pode ser, deste ponto em diante, mulher para o homem. Mas o homem pode efeminar-se. Virar consumidor passivo, (visão masculina da feminilidade).
Como se deu isto? Este terrível empobrecimento pelo qual perdemos o ponto de vista feminino? Pergunta de difícil resposta, já que a perda deve ter acontecido no paleolítico, época imemorável. A única forma como podemos imaginar uma resposta é esta: em um momento remoto da história da humanidade, os homens violentaram as mulheres tão radicalmente, que estas perderam a noção da sua identidade. E em conseqüência os homens perderam a possibilidade de verem-se, a si próprios, de fora. O fato, embora triste, é por enquanto imutável. Nenhuma quantidade de sutiêns jogados fora por feministas pode mudá-lo.
Podemos, é claro, interpretar o fato, na tentativa de compreendê-lo. Assim, por exemplo, no paleolítico os homens eram caçadores de mamutes e renas, e as mulheres colecionadoras de ovos e raízes. A divisão do trabalho era conseqüência da diversidade anatômica de ambos. Os homens tinham, portanto, vida masculina, com ciência masculina, (conhecimentos objetivos de renas), e ideologia masculina, (adoração do Sol e das Estrelas que guiavam seus passos durante a caça na estepe). E as mulheres vida feminina, com ciência feminina, (conhecimentos objetivos das raízes), e ideologia feminina, (adoração da Terra que fornece raízes).
Mais tarde, em revolução enorme, mas esquecida, os homens passaram a ser pastores. Pastor: colecionador de animais outrora caçados. As renas viraram cabras. Mas mais importante ainda; o homem, embora de certa forma ainda caçador, virou também colecionador, como o foi a mulher outrora. Assimilou a ciência feminina. E a tendo assimilado, subjugou as mulheres. Simultaneamente, impôs sobre as mulheres sua própria ideologia. A adoração da Terra passou a ser menosprezada, (inferiorizada e infernalizada), e a adoração do Céu oficializou-se. Eis como talvez surgiu o patriarcado. Inexorável.
A mulher vive doravante na ciência e na ideologia masculinas. Não pode ser mulher "para si", não saberia como. Apenas pode ser, deste ponto em diante, mulher para o homem. Mas o homem pode efeminar-se. Virar consumidor passivo, (visão masculina da feminilidade).
Fim do macho.
Vilém Flusser
Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" 18/02/1974
Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" 18/02/1974
http://brainstormtche.blogspot.com/2017/04/so-se-pode-falar-nas-mulheres-do-ponto-de-vista-masculino.html
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O sexo masculino é uma espécie de luxo que a vida se permite. Uma espécie de apêndice do feminino. A vida é feminina. Tal afirmativa pode servir de arma para feministas em sua luta contra nós, meros machos. Mas não necessariamente. Permite argumentar, é verdade, que o macho é mera função da fêmea, argumento este levado às últimas conseqüências por certos peixes, nos quais a fêmea devora o macho depois do ato. Mas permite argumentar também que o macho, sendo luxo, é o sexo mais elegante.(Argumento ainda inaproveitado pela moda masculina). Prova do seguinte: fatos não importam. Importa interpretá-los.
Embora fatos não importem, são obstinados. Nenhuma revolução cultural pode mudar por enquanto o fato dos dois sexos. Nem as botas altas das mulheres, nem o cabelo longo dos rapazes, nem o terceiro, nem o quarto e quinto sexos que por ai passeiam. Por enquanto isto é ""dado"". Até que a biologia nos forneça outras alternativas.
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O sexo masculino é uma espécie de luxo que a vida se permite. Uma espécie de apêndice do feminino. A vida é feminina. Tal afirmativa pode servir de arma para feministas em sua luta contra nós, meros machos. Mas não necessariamente. Permite argumentar, é verdade, que o macho é mera função da fêmea, argumento este levado às últimas conseqüências por certos peixes, nos quais a fêmea devora o macho depois do ato. Mas permite argumentar também que o macho, sendo luxo, é o sexo mais elegante.(Argumento ainda inaproveitado pela moda masculina). Prova do seguinte: fatos não importam. Importa interpretá-los.
Embora fatos não importem, são obstinados. Nenhuma revolução cultural pode mudar por enquanto o fato dos dois sexos. Nem as botas altas das mulheres, nem o cabelo longo dos rapazes, nem o terceiro, nem o quarto e quinto sexos que por ai passeiam. Por enquanto isto é ""dado"". Até que a biologia nos forneça outras alternativas.
Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" em 17/02/1972.
https://www.facebook.com/caetanodable/posts/10203635512191410
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Uma companheira afirmou que um homem não poderia olhar a realidade com olhos de mulher porque "ninguém pode compreender o que não sente". Partindo da suposta veracidade do argumento diríamos que é verdade que o homem não pode sentir verdadeiramente a opressão que sofre a mulher.
Já dizia Georg Jackson* ao descrever uma conversa entre um branco e um negro onde este último afirma que o branco poderia dançar o watusi, mas eles negros eram o watusi. A imagem além de bonita nos serve precisamente, mas o homem não pode tornar-se uma mulher para compreendê-la.
(...)
Interessante notar que o argumento segundo o qual uma pessoa não possa olhar o mundo com olhos de mulher, trás ainda uma certa herança e paga um certo tributo ao preconceito.Ao radicalizar o argumento, para assumir coerentemente o feminismo teríamos que nos tornar mulher, ou permanecer como opressor.
Mas, do que se trata, para retomar a imagem, não é se tornar watusi, mas dançar watusi, em tudo que há de belo e complexo nesta imagem. Pressupor a relação, a troca, o ser conduzido (nesta caso pela mulher). Mas qual o interesse, enquanto homem, para se propor ao baile? A simples solidariedade a opressão que sofrem as companheiras? Acredito que não.
É verdade que não se pode compreender em toda a sua complexidade o que não se sente, trata-se então de definir o que sentimos como homens que vivem a relação da opressão patriarcal no papel de opressor. Em se tratando de alguém que se propõe revolucionário é terrível, ou pelo menos, deveria ser. Causa sofrimento, provoca crise, nos questiona. Vemos, não com os olhos de mulher, mas na relação com elas, por sua posição quando é consciente, ou sua resistência que seja, passamos a ver com olhos mais humanos.
Assim o compromisso com a luta da mulher é mais do que solidário, mas é o meio para a própria superação da condição de opressão.
(...)
A dificuldade desta coerência prática é que seguimos, mesmo após a constatação intelectual ou vivencial desta perspectiva, condicionados por nossas estruturas afetivas e psicológicas, pelas circunstâncias materiais que permanecem inalteradas, pela cultura que nos cerca, pelo universo capitalista que segue em sua objetividade. Estes são nossos limites, elevados em sua potência pelo fato desta luta se dar, em parte, dentro de nós mesmos.
(...)
Somos todos nós seres humanos em constante construção e superação de nossos limites, como homens, como mulheres, como militantes, como revolucionários. Se as pessoas se preocupassem menos com os nomes com que rotulam e mais com as práticas a serem desenvolvidas, esta questão talvez estivesse colocada em outro enfoque.
- - -
Mauro Luis Iasi
OLHAR O MUNDO COM OLHOS DE MULHER?
(À respeito dos homens e a luta feminista)
---
(*BROTHER, Soledad. Cartas de prisión de Geoge Jackson. Seix Barral, Monte Ávila – Peregrin Books)
Já dizia Georg Jackson* ao descrever uma conversa entre um branco e um negro onde este último afirma que o branco poderia dançar o watusi, mas eles negros eram o watusi. A imagem além de bonita nos serve precisamente, mas o homem não pode tornar-se uma mulher para compreendê-la.
(...)
Interessante notar que o argumento segundo o qual uma pessoa não possa olhar o mundo com olhos de mulher, trás ainda uma certa herança e paga um certo tributo ao preconceito.Ao radicalizar o argumento, para assumir coerentemente o feminismo teríamos que nos tornar mulher, ou permanecer como opressor.
Mas, do que se trata, para retomar a imagem, não é se tornar watusi, mas dançar watusi, em tudo que há de belo e complexo nesta imagem. Pressupor a relação, a troca, o ser conduzido (nesta caso pela mulher). Mas qual o interesse, enquanto homem, para se propor ao baile? A simples solidariedade a opressão que sofrem as companheiras? Acredito que não.
É verdade que não se pode compreender em toda a sua complexidade o que não se sente, trata-se então de definir o que sentimos como homens que vivem a relação da opressão patriarcal no papel de opressor. Em se tratando de alguém que se propõe revolucionário é terrível, ou pelo menos, deveria ser. Causa sofrimento, provoca crise, nos questiona. Vemos, não com os olhos de mulher, mas na relação com elas, por sua posição quando é consciente, ou sua resistência que seja, passamos a ver com olhos mais humanos.
Assim o compromisso com a luta da mulher é mais do que solidário, mas é o meio para a própria superação da condição de opressão.
(...)
A dificuldade desta coerência prática é que seguimos, mesmo após a constatação intelectual ou vivencial desta perspectiva, condicionados por nossas estruturas afetivas e psicológicas, pelas circunstâncias materiais que permanecem inalteradas, pela cultura que nos cerca, pelo universo capitalista que segue em sua objetividade. Estes são nossos limites, elevados em sua potência pelo fato desta luta se dar, em parte, dentro de nós mesmos.
(...)
Somos todos nós seres humanos em constante construção e superação de nossos limites, como homens, como mulheres, como militantes, como revolucionários. Se as pessoas se preocupassem menos com os nomes com que rotulam e mais com as práticas a serem desenvolvidas, esta questão talvez estivesse colocada em outro enfoque.
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Mauro Luis Iasi
OLHAR O MUNDO COM OLHOS DE MULHER?
(À respeito dos homens e a luta feminista)
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(*BROTHER, Soledad. Cartas de prisión de Geoge Jackson. Seix Barral, Monte Ávila – Peregrin Books)
Fonte: http://brainstormtche.blogspot.com/2017/05/feminismo-e-marxismo.html
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Historicamente as subjetividades masculinas vêm se produzindo sob esses signos, uma territorialidade demarcado em torno de uma superioridade, uma onipotência, racionalidade, força enquanto à mulher é atribuída os predicados ligados aos afetos, vulnerabilidade, dependência, dom para tarefas do lar e para a maternidade. Há nessa relação significância e subjetividade, a ação de uma máquina abstrata de rosto que produz uma rosto do homem, longe de qualquer referência à estética, ou uma individualidade, referindo-se aos modos de existir, sentir, agir que delineiam a necessidade de uma individuação perante os limites do rosto.
(...)
Ao homem que quiser se desfazer da sua condição de masculinidade hegemônico-tóxica, cabe-lhe devir-mulher e experimentar outramentos pautados no respeito, na empatia, na sensibilidade, da negação do poder, da afirmação da potência.
(...)
A tarefa da desrostificação do rosto-homem-cis-hétero-branco encontra maior potência quando produzida de forma coletiva, desterritorializar-se no encontro, afirmando os agenciamentos coletivos que produzem respeito, implicações éticas afirmativas e desfazendo as relações de dominação em mim, na família, no trabalho, na mesa do bar.
(...)
O mínimo que um homem faz é não ser um opressor, mas isso não é suficiente quando se pensa na complexidade da situação, sendo necessário produzir nos pares, nos grupos uma produção de outras masculinidades, longe de racismo, machismo, LGBTfobia. Um cuidado de si que é coletivo, ético-estético-político.
(...)
É preciso também agir no âmbito das máquinas, questionar os modelos que são passados nas escolas, na família, na mídia em tudo que cria oposições homem-não homem ou gradações de mais homem-menos homem.
(...)
Quantos meninos estão sendo impedidos de aprenderem a ser bons pais por serem proibidos de brincar de boneca, quantos meninos estão deixando de aprender que homem cozinha, lava, passa, arruma porque os brinquedos de casa são brinquedos-de-menina (criando nesta um projeto de Amélia-Empregada que faz de si um corpo-servil a limpar, cozinhar, passar para um marido que senta no sofá, coça o saco e peida).
(...)
Os recentes casos de estupros coletivos, feminícidos, homicídios motivados por LGBTfobia não nos mostram que é preciso de leis mais rígidas, de punições severas dentro da prisão por parte dos presos, mas sim que é preciso atuar no campo de uma micropolítica na criação de novas superfícies, de outros processos de singularização, outras masculinidades. Posto que, a que está posta tem produzido violência, opressão e morte.
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https://www.facebook.com/notes/esquizografias/para-devir-mulher-o-homem-precisa-desrostificar/1381655258520136
(...)
Ao homem que quiser se desfazer da sua condição de masculinidade hegemônico-tóxica, cabe-lhe devir-mulher e experimentar outramentos pautados no respeito, na empatia, na sensibilidade, da negação do poder, da afirmação da potência.
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A tarefa da desrostificação do rosto-homem-cis-hétero-branco encontra maior potência quando produzida de forma coletiva, desterritorializar-se no encontro, afirmando os agenciamentos coletivos que produzem respeito, implicações éticas afirmativas e desfazendo as relações de dominação em mim, na família, no trabalho, na mesa do bar.
(...)
O mínimo que um homem faz é não ser um opressor, mas isso não é suficiente quando se pensa na complexidade da situação, sendo necessário produzir nos pares, nos grupos uma produção de outras masculinidades, longe de racismo, machismo, LGBTfobia. Um cuidado de si que é coletivo, ético-estético-político.
(...)
É preciso também agir no âmbito das máquinas, questionar os modelos que são passados nas escolas, na família, na mídia em tudo que cria oposições homem-não homem ou gradações de mais homem-menos homem.
(...)
Quantos meninos estão sendo impedidos de aprenderem a ser bons pais por serem proibidos de brincar de boneca, quantos meninos estão deixando de aprender que homem cozinha, lava, passa, arruma porque os brinquedos de casa são brinquedos-de-menina (criando nesta um projeto de Amélia-Empregada que faz de si um corpo-servil a limpar, cozinhar, passar para um marido que senta no sofá, coça o saco e peida).
(...)
Os recentes casos de estupros coletivos, feminícidos, homicídios motivados por LGBTfobia não nos mostram que é preciso de leis mais rígidas, de punições severas dentro da prisão por parte dos presos, mas sim que é preciso atuar no campo de uma micropolítica na criação de novas superfícies, de outros processos de singularização, outras masculinidades. Posto que, a que está posta tem produzido violência, opressão e morte.
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https://www.facebook.com/notes/esquizografias/para-devir-mulher-o-homem-precisa-desrostificar/1381655258520136
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Manifesto
" Homens Libertem-se! "
" Homens Libertem-se! "
- Quero o fim da obrigatoriedade ao Serviço Militar.
- Posso broxar. O tamanho do meu pau também não importa.
- Posso falir. Quero ser amado por quem eu sou e não pelo que eu tenho.
- Posso ser frágil, sentir medo, pedir socorro, chorar e gritar quando a situação for difícil.
- Posso me cuidar, fazer o que eu quiser com a minha aparência e minha postura, cuidar da minha saúde, do meu bem estar e fazer exame de próstata.
- Posso ser sensível e expressar minha sensibilidade como quiser.
- Posso ser cabeleireiro, decorador, artista, ator, bailarino; posso me maravilhar diante da beleza de uma flor ou do voo dos pássaros.
- Posso recusar brigar, ser violento, fazer parte de gangues ou de qualquer grupo segregador.
- Posso não gostar de futebol ou de qualquer outro esporte.
- Posso manifestar carinho e dizer que amo meu amigo. Quero viver em uma sociedade em que homens se amem sem que isso seja um tabu.
- Posso ser levado a sério sem ter que usar uma gravata; posso usar saia se eu me sentir mais confortável.
- Posso trocar fraldas, dar a mamadeira e ficar em casa cuidando das crianças.
- Posso deixar meu filho se vestir e se expressar ludicamente como quiser e farei tudo para incentivá-lo a demonstrar seus sentimentos, permitindo que ele chore quando sentir vontade.
- Posso tratar minha filha com o mesmo grau de respeito, liberdade e incentivo com que apoio meu filho.
- Posso admirar uma mulher que eu ache bela com respeito, sem gritaria na rua e me aproximar dela com gentileza, sem forçá-la a nada.
- Eu nunca comi uma mulher; todas as vezes nós nos comemos.
- Eu sei que o feminismo é uma luta pela igualdade entre todos os indivíduos.
- Eu nunca vou bater numa mulher, não aceito que nenhuma mulher me bata e me posiciono para que nenhum homem ou mulher ache que tem o direito de fazer isso.
- Eu vou me libertar, não para oprimir mais as mulheres, mas para que todos possamos ser livres juntos.
- Eu fui ensinado pela sociedade a ser machista e preciso de ajuda para enxergar caso eu esteja oprimindo alguém com as minhas atitudes.
- Quero ser mais que um homem, quero ser humano!
- O machismo também me oprime e quero ser um homem livre!
- Posso broxar. O tamanho do meu pau também não importa.
- Posso falir. Quero ser amado por quem eu sou e não pelo que eu tenho.
- Posso ser frágil, sentir medo, pedir socorro, chorar e gritar quando a situação for difícil.
- Posso me cuidar, fazer o que eu quiser com a minha aparência e minha postura, cuidar da minha saúde, do meu bem estar e fazer exame de próstata.
- Posso ser sensível e expressar minha sensibilidade como quiser.
- Posso ser cabeleireiro, decorador, artista, ator, bailarino; posso me maravilhar diante da beleza de uma flor ou do voo dos pássaros.
- Posso recusar brigar, ser violento, fazer parte de gangues ou de qualquer grupo segregador.
- Posso não gostar de futebol ou de qualquer outro esporte.
- Posso manifestar carinho e dizer que amo meu amigo. Quero viver em uma sociedade em que homens se amem sem que isso seja um tabu.
- Posso ser levado a sério sem ter que usar uma gravata; posso usar saia se eu me sentir mais confortável.
- Posso trocar fraldas, dar a mamadeira e ficar em casa cuidando das crianças.
- Posso deixar meu filho se vestir e se expressar ludicamente como quiser e farei tudo para incentivá-lo a demonstrar seus sentimentos, permitindo que ele chore quando sentir vontade.
- Posso tratar minha filha com o mesmo grau de respeito, liberdade e incentivo com que apoio meu filho.
- Posso admirar uma mulher que eu ache bela com respeito, sem gritaria na rua e me aproximar dela com gentileza, sem forçá-la a nada.
- Eu nunca comi uma mulher; todas as vezes nós nos comemos.
- Eu sei que o feminismo é uma luta pela igualdade entre todos os indivíduos.
- Eu nunca vou bater numa mulher, não aceito que nenhuma mulher me bata e me posiciono para que nenhum homem ou mulher ache que tem o direito de fazer isso.
- Eu vou me libertar, não para oprimir mais as mulheres, mas para que todos possamos ser livres juntos.
- Eu fui ensinado pela sociedade a ser machista e preciso de ajuda para enxergar caso eu esteja oprimindo alguém com as minhas atitudes.
- Quero ser mais que um homem, quero ser humano!
- O machismo também me oprime e quero ser um homem livre!
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