Mephistópheles | ||||
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Abujamra vende a alma ao diabo
São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0105200327.htm
"Eu sou Mephistópheles desde sempre", anuncia o homem de corpo arqueado, bastas sobrancelhas, sorriso colérico, a convencer o interlocutor de que, "como todo mundo", ele também gostaria de vender sua alma ao diabo.
A partir de hoje, Antônio Abujamra, 71, veste a capa do personagem que travou aposta com Deus para tentar Fausto na retidão científica, racional, e conduzi-lo às vias do prazer.
Também um personagem de si, sobretudo no período de "tensão pré-estréia", como diz, Abujamra tinha o romance de Goethe esperando há anos na lista de projetos teatrais. Ele o faz agora, na nova produção do Teatro Popular do Sesi (orçado em R$ 450 mil, segundo a Folha apurou), em São Paulo, adaptando o texto, dirigindo a encenação e interpretando o papel que emana ocultismos e bufonarias que já serviram de metáforas ao cinema e à literatura.
"Quero mostrar que Mephistópheles tem uma alegria, e que provavelmente todos venderiam sua alma a ele", discursa Abujamra.
Além de Fernando Pessoa e Paul Valéry, poetas com os quais alinha o clássico de Goethe, à sua moda, o ator realiza algumas provocações: faz o místico Fausto envenenar-se literalmente pela sedução de Margarida. Ou leva o mesmo personagem a noitadas de orgia para desfrutar erotismo.
"A cabeça não é nada, vá às sensações", aconselha-o Mephistópheles. Segundo Abujamra, "Goethe continuará sendo melhor do que os diretores que o encenam". O alemão Peter Stein montou o texto há cerca de três anos. A francesa Ariane Mnouchkine, do Théâtre du Soleil, adaptou o livro do alemão Klaus Mann, "Mephisto", cuja versão cinematográfica, nos anos 80, foi feita pelo húngaro István Szabó.
Na raiz de tudo, está a obra de Johann Wolfgang von Goethe. (1749-1832), inspirada na lenda alemã dos séculos 15 e 16. A obra-prima teve versões, como "Fausto Zero" e "UrFaust", o Fausto Um, antes do formato derradeiro.
As atrizes Selma Egrei (Fausto) e Mariana Muniz (Margarida) contracenam com Abujamra em "Mephistópheles". Imagens projetadas em vídeo, a música de André Abujamra, filho, e a parceria com o diretor Hugo Rodas, de Brasília, ajudam Abujamra, pai, a traduzir em cena a sua concepção para o romance de Goethe.
"No final do espetáculo, eu, Mephistópheles, digo que a razão é muito menor que a imaginação; a razão não quer nada, a imaginação quer tudo", diz o ator. (VS)
MEPHISTÓPHELES - de: Johann Wolfgang Goethe. Tradução, adaptação e direção: Antônio Abujamra. Com: Abujamra, Selma Egrei e Mariana Muniz. Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/11/3146-7406). Quando: estréia hoje; de sex. a dom., às 20h. Quanto: entrada franca (retirar ingressos com uma hora de antecedência).
São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0105200327.htm
"Eu sou Mephistópheles desde sempre", anuncia o homem de corpo arqueado, bastas sobrancelhas, sorriso colérico, a convencer o interlocutor de que, "como todo mundo", ele também gostaria de vender sua alma ao diabo.
A partir de hoje, Antônio Abujamra, 71, veste a capa do personagem que travou aposta com Deus para tentar Fausto na retidão científica, racional, e conduzi-lo às vias do prazer.
Também um personagem de si, sobretudo no período de "tensão pré-estréia", como diz, Abujamra tinha o romance de Goethe esperando há anos na lista de projetos teatrais. Ele o faz agora, na nova produção do Teatro Popular do Sesi (orçado em R$ 450 mil, segundo a Folha apurou), em São Paulo, adaptando o texto, dirigindo a encenação e interpretando o papel que emana ocultismos e bufonarias que já serviram de metáforas ao cinema e à literatura.
"Quero mostrar que Mephistópheles tem uma alegria, e que provavelmente todos venderiam sua alma a ele", discursa Abujamra.
Além de Fernando Pessoa e Paul Valéry, poetas com os quais alinha o clássico de Goethe, à sua moda, o ator realiza algumas provocações: faz o místico Fausto envenenar-se literalmente pela sedução de Margarida. Ou leva o mesmo personagem a noitadas de orgia para desfrutar erotismo.
"A cabeça não é nada, vá às sensações", aconselha-o Mephistópheles. Segundo Abujamra, "Goethe continuará sendo melhor do que os diretores que o encenam". O alemão Peter Stein montou o texto há cerca de três anos. A francesa Ariane Mnouchkine, do Théâtre du Soleil, adaptou o livro do alemão Klaus Mann, "Mephisto", cuja versão cinematográfica, nos anos 80, foi feita pelo húngaro István Szabó.
Na raiz de tudo, está a obra de Johann Wolfgang von Goethe. (1749-1832), inspirada na lenda alemã dos séculos 15 e 16. A obra-prima teve versões, como "Fausto Zero" e "UrFaust", o Fausto Um, antes do formato derradeiro.
As atrizes Selma Egrei (Fausto) e Mariana Muniz (Margarida) contracenam com Abujamra em "Mephistópheles". Imagens projetadas em vídeo, a música de André Abujamra, filho, e a parceria com o diretor Hugo Rodas, de Brasília, ajudam Abujamra, pai, a traduzir em cena a sua concepção para o romance de Goethe.
"No final do espetáculo, eu, Mephistópheles, digo que a razão é muito menor que a imaginação; a razão não quer nada, a imaginação quer tudo", diz o ator. (VS)
MEPHISTÓPHELES - de: Johann Wolfgang Goethe. Tradução, adaptação e direção: Antônio Abujamra. Com: Abujamra, Selma Egrei e Mariana Muniz. Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/11/3146-7406). Quando: estréia hoje; de sex. a dom., às 20h. Quanto: entrada franca (retirar ingressos com uma hora de antecedência).
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