Melhores filmes de 2013
Por André Dick
Fonte: http://cinematographecinemafilmes.wordpress.com/2013/12/31/melhores-filmes-de-2013/
Ao se fazer uma retrospectiva dos melhores filmes de 2013, é possível perceber que é raro uma mesma temporada trazer filmes de Paul Thomas Anderson, Quentin Tarantino, Noah Baumbach, Michael Haneke, Alfonso Cuarón, Woody Allen e Hong Sang-soo (em seu caso, dois). O cinema não morreu, nem está próximo disso, como em qualquer época desde sua criação. Também não parece ter ido para a televisão, pois, como criação conjunta, continua a ser espaço para grande parte do experimentalismo com a linguagem. Como experimentar de forma completa na televisão um filme como Gravidade – que, em termos de tela de cinema, conseguiu ainda mostrar como um diretor de fotografia pode também fazer diferença – ou como fazer para a TV um filme como A visitante francesa, tendo de responder ao número de espectadores?
Nesse sentido, as distribuidoras devem ter um papel importante para manter o interesse do público e dar a ele um acesso melhor a cada filme, sobretudo àqueles que não são lançados com a competência de um blockbuster. Filmes como Apenas Deus perdoa, exibido no Festival do Rio, assim como Passion, de Brian De Palma, e Post Tenebras Lux, do mexicano Carlos Regaydas, por exemplo, não têm data de estreia no Brasil, mas já podem ser adquiridos em Blu-ray, enquanto Virgínia, de Francis Ford Coppola, estrearia neste final de ano e foi adiado para 2014.
Se os blockbusters de início do ano, como Oz – Mágico e poderoso e Jack – O caçador de gigantes, acabaram no final semiesquecidos e se as bilheterias do verão nos Estados Unidos decepcionaram (principalmente em razão de Guerra Mundial Z, O cavaleiro solitário e Depois da terra), o ano foi marcado em termos comerciais pelo duelo entre Superman e os personagens da Marvel (Homem de Ferro e Thor). Foi, no entanto, Círculo de fogo que atraiu o público – longe dos Estados Unidos, principalmente –, com uma proposta de homenagem e impressionante parte técnica, reafirmando o talento de Guillermo del Toro. Assim como J.J. Abrams voltou a mostrar seu talento como cineasta em Além da escuridão – Star Trek, depois do acerto de Super 8.
Em termos técnicos, outro filme que não deixou a desejar foi O grande Gatsby, de Baz Luhrmann. Uma mistura de figurino, direção de arte e fotografia irretocáveis, trazendo ainda duas grandes atuações, de Leonardo DiCaprio, que também esteve em Django livre, e Tobey Maguire. Este filme de Luhrmann dialoga com duas grandes conquistas técnicas ainda de 2012, Anna Karenina e o musical Os miseráveis, mas que estrearam no Brasil este ano.
Alguns filmes podem ser reunidos por temas.
Situações-limite estiveram presentes em Capitão Phillips (com Tom Hanks), Rush – No limite da emoção e O voo (com Denzel Washington).
Tivemos algumas cinebiografias: Lincoln, Jobs, O mordomo da casa branca, Diana e Hitchcock, com destaque para Daniel Day-Lewis como o presidente dos Estados Unidos.
Spring Breakers – lançado diretamente em DVD, embora tenha sido exibido no Festival do Rio –, Bling Ring, Kick-Ass 2 e Sem dor, sem ganho trataram de elementos do universo contemporâneo, a fim de desenhar um painel da sociedade com um grau de sátira entre a diversão e o humor corrosivo. Interessante é que todos eles se destacam pelo uso de cores e figurinos, além da trilha sonora. Bling Ring, por exemplo, começa com “Crown on the Ground”, do Sleigh Bells, e não interrompe mais sua trilha contemporânea e a história do grupo que assaltava celebridades em Hollywood, embora Sofia Coppola tenha mais talento do que mostra nele.
O Brasil trouxe O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, depois de ter uma carreira internacional de premiações, logo no início do ano, e ele ainda chegou ao final com reconhecimento – e o fato de não ser indicado ao Oscar não diminui sua qualidade. Também uma superprodução (Serra Pelada) e dois filmes baseados na obra de Renato Russo (Faroeste caboclo e Somos tão jovens), além do documentário Elena e Tatuagem.
Entre os filmes que tiveram pouca distribuição, quase fazendo parte de um circuito de filmes de arte, encontram-se Frances Ha, A visitante francesa, O amante da rainha, Tabu, Dentro da casa, Um estranho no lago, Amor profundo, A grande beleza, A caça, Las Acacias, Branca de Neve, A caverna dos sonhos esquecidos, Depois de maio, A bela que dorme, Vocês ainda não viram nada!, Na neblina, Um toque de pecado, Crazy Horse e Antes da meia-noite.
E poucas vezes também se teve tantos filmes com o tema do amor e das relações, em todas as fases da vida.
Os filmes avaliados para a lista estrearam no Brasil entre janeiro e dezembro de 2013, inclusive aqueles indicados ao Oscar de 2012. Não foram avaliados filmes exibidos em festivais ou que estrearam apenas nos Estados Unidos e virão estrear no ano que vem em circuito comercial no Brasil, a exemplo de Nebraska, The immigrant, Inside Llewyn Davis – Balada de um homem comum, O ato de matar, O lobo de Wall Street, Her (esses dois ainda recém-lançados nos Estados Unidos), O grande mestre e Apenas Deus perdoa. Ou seja, todos aqueles filmes que terão lançamento comercial – e não restrito ou em festivais – em 2013.
O Cinematographe apresenta a seguir uma lista com os 30 melhores filmes de 2013 e agradece, desde já, por sua leitura e pela companhia durante o ano.
Nesse sentido, as distribuidoras devem ter um papel importante para manter o interesse do público e dar a ele um acesso melhor a cada filme, sobretudo àqueles que não são lançados com a competência de um blockbuster. Filmes como Apenas Deus perdoa, exibido no Festival do Rio, assim como Passion, de Brian De Palma, e Post Tenebras Lux, do mexicano Carlos Regaydas, por exemplo, não têm data de estreia no Brasil, mas já podem ser adquiridos em Blu-ray, enquanto Virgínia, de Francis Ford Coppola, estrearia neste final de ano e foi adiado para 2014.
Se os blockbusters de início do ano, como Oz – Mágico e poderoso e Jack – O caçador de gigantes, acabaram no final semiesquecidos e se as bilheterias do verão nos Estados Unidos decepcionaram (principalmente em razão de Guerra Mundial Z, O cavaleiro solitário e Depois da terra), o ano foi marcado em termos comerciais pelo duelo entre Superman e os personagens da Marvel (Homem de Ferro e Thor). Foi, no entanto, Círculo de fogo que atraiu o público – longe dos Estados Unidos, principalmente –, com uma proposta de homenagem e impressionante parte técnica, reafirmando o talento de Guillermo del Toro. Assim como J.J. Abrams voltou a mostrar seu talento como cineasta em Além da escuridão – Star Trek, depois do acerto de Super 8.
Em termos técnicos, outro filme que não deixou a desejar foi O grande Gatsby, de Baz Luhrmann. Uma mistura de figurino, direção de arte e fotografia irretocáveis, trazendo ainda duas grandes atuações, de Leonardo DiCaprio, que também esteve em Django livre, e Tobey Maguire. Este filme de Luhrmann dialoga com duas grandes conquistas técnicas ainda de 2012, Anna Karenina e o musical Os miseráveis, mas que estrearam no Brasil este ano.
Alguns filmes podem ser reunidos por temas.
Situações-limite estiveram presentes em Capitão Phillips (com Tom Hanks), Rush – No limite da emoção e O voo (com Denzel Washington).
Tivemos algumas cinebiografias: Lincoln, Jobs, O mordomo da casa branca, Diana e Hitchcock, com destaque para Daniel Day-Lewis como o presidente dos Estados Unidos.
Spring Breakers – lançado diretamente em DVD, embora tenha sido exibido no Festival do Rio –, Bling Ring, Kick-Ass 2 e Sem dor, sem ganho trataram de elementos do universo contemporâneo, a fim de desenhar um painel da sociedade com um grau de sátira entre a diversão e o humor corrosivo. Interessante é que todos eles se destacam pelo uso de cores e figurinos, além da trilha sonora. Bling Ring, por exemplo, começa com “Crown on the Ground”, do Sleigh Bells, e não interrompe mais sua trilha contemporânea e a história do grupo que assaltava celebridades em Hollywood, embora Sofia Coppola tenha mais talento do que mostra nele.
O Brasil trouxe O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, depois de ter uma carreira internacional de premiações, logo no início do ano, e ele ainda chegou ao final com reconhecimento – e o fato de não ser indicado ao Oscar não diminui sua qualidade. Também uma superprodução (Serra Pelada) e dois filmes baseados na obra de Renato Russo (Faroeste caboclo e Somos tão jovens), além do documentário Elena e Tatuagem.
Entre os filmes que tiveram pouca distribuição, quase fazendo parte de um circuito de filmes de arte, encontram-se Frances Ha, A visitante francesa, O amante da rainha, Tabu, Dentro da casa, Um estranho no lago, Amor profundo, A grande beleza, A caça, Las Acacias, Branca de Neve, A caverna dos sonhos esquecidos, Depois de maio, A bela que dorme, Vocês ainda não viram nada!, Na neblina, Um toque de pecado, Crazy Horse e Antes da meia-noite.
E poucas vezes também se teve tantos filmes com o tema do amor e das relações, em todas as fases da vida.
Os filmes avaliados para a lista estrearam no Brasil entre janeiro e dezembro de 2013, inclusive aqueles indicados ao Oscar de 2012. Não foram avaliados filmes exibidos em festivais ou que estrearam apenas nos Estados Unidos e virão estrear no ano que vem em circuito comercial no Brasil, a exemplo de Nebraska, The immigrant, Inside Llewyn Davis – Balada de um homem comum, O ato de matar, O lobo de Wall Street, Her (esses dois ainda recém-lançados nos Estados Unidos), O grande mestre e Apenas Deus perdoa. Ou seja, todos aqueles filmes que terão lançamento comercial – e não restrito ou em festivais – em 2013.
O Cinematographe apresenta a seguir uma lista com os 30 melhores filmes de 2013 e agradece, desde já, por sua leitura e pela companhia durante o ano.
30. Filha de ninguém
Neste filme de Hong Sang-soo, Jeong Eun-Chae interpreta Haewon, uma estudante de cinema que, mergulhada em sua imaginação, tenta solucionar sua vida amorosa, enquanto o julgamento dos colegas a impede de ficar tranquila. Com a mãe em mudança para o Canadá, ela sente-se solitária e pretende preencher essa solidão com caminhadas pela Fortaleza Namhan, enquanto o choro do amante impede que ela possa ir embora. Uma fotografia melancólica e caminhadas demarcando a rotina em um filme belo e introspectivo.
29. Um estranho no lago
Um lago no interior da França serve como ponto de encontro para homens em busca de relações sexuais. Franck começa a gostar de Michel, uma figura misteriosa, enquanto faz amizade com Henri, e Guiraudie mostra em ritmo de thriller o que pode provocar uma relação baseada no mistério e no perigo. Aqui o afeto se confunde com o afastamento de uma realidade em que há um sentido de ameaça, com uma fotografia climática e a natureza servindo como testemunha de tudo. Leia mais.
28. O grande Gatsby
Embora Baz Luhrmann não tenha encontrado a recepção dada a Moulin Rouge, esta é uma das grandes produções do ano, não apenas pelo aspecto técnico, mas pelas atuações de Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire, uma adaptação moderna do romance de Fitzgerald, em ritmo de hip-hop e outras misturas musicais. Mesclando romantismo e frieza com o calor de uma reprodução dos anos 30, o filme também vai da alegria do verão e das festas à melancolia de um farol verde. Leia mais.
27. Círculo de fogo
Em mais um momento grande do diretor de A espinha do diabo, Cronos e Hellboy, este filme mostra uma idealização das fantasias juvenis com grande perícia e técnica, efeitos especiais notáveis, os melhores do ano ao lado daqueles de Gravidade e Cloud Atlas. Sem tentar reproduzir exatamente as histórias em que se baseia, Del Toro mostra um combate dos robôs contra monstros que estão escondidos no centro da Terra, com uma sensibilidade extraordinária e um olhar irretocável em relação à fantasia. E o melhor: lida com tudo em doses de ação e humor dosadas, além de um aspecto psicológico. Leia mais.
26. Antes da meia-noite
Ethan Hawke e Julie Delpy voltam aos papéis que os consagraram, em Antes do amanhecere Antes do pôr do sol. Embora sem a novidade desses primeiros filmes e com uma visão menos idealizada do amor, oferece duas das maiores atuações do ano, principalmente de Hawke, revelando seu maior talento depois dos 40 anos. O roteiro, escrito pelo par junto com o diretor Richard Linklater, é primoroso. Faltou apenas uma solução de montagem menos baseada nos anteriores. Leia mais.
25. Os miseráveis
O musical de Tom Hopper chega ao final do ano com seu rótulo de candidato a Oscar. Um dos melhores do gênero a surgir nos últimos 10 anos, em razão também de seus close-upscontínuos, vistos como uma de suas falhas, seus cenários e figurinos só perdem, este ano, para os de Anna Karenina. Depois de seu cansativo O discurso do rei, Hopper extrai a melhor atuação de Hugh Jackman e apresenta uma Anne Hathaway como a Fantine em intensas cordas vocais. Leia mais.
24. As sessões
Alguns filmes sobrevivem de seu par central, e este é um deles. John Hawkes e Helen Hunt estão irrepreensíveis como Mark O’Brien e Cheryl Greene. Ele tem poliomielite e ela é uma substituta sexual. Ambos vão se encontrar no momento mais delicado de suas vidas e ele se apaixona por ela. Dirigido sem pretensão por Ben Lewin, com a valiosa participação de William H. Macy como um padre saído de um filme de Wes Anderson, As sessões é comovente em seu olhar sobre a necessidade de um homem em conhecer seu corpo e a experiência do encontro e da impossibilidade de uma história com seu amor. Leia mais.
23. Frances Ha
Com influências da Nouvelle Vague, esta obra de Noah Baumbach apresenta uma das melhores atuações do ano, de Greta Gerwig, como Frances Halliday, que sonha em dar aulas de dança, mas ainda mais em tentar continuar com sua adolescência prolongada, tentando manter as amizades e não querendo se envolver. Com uma trajetória que parece engraçada, encobrindo certa melancolia, Baumbach costura um filme que parece uma comédia quando parece mais um reflexo da vida moderna, solitária e contínua. Leia mais.
22. Django livre
Quentin Tarantino apresenta mais uma produção em que o personagem central, Django, busca vingança, desta vez contra Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), com a ajuda de um alemão, o dr. King Schultz (Cristoph Waltz). Com sequências de violência gráfica às vezes excessiva, Tarantino mescla tudo com seu humor de hábito, sem deixar a narrativa incorrer no previsível. Embora não tão exato em sua montagem como Pulp Fiction e Bastardos inglórios, é um olhar original sobre a história dos Estados Unidos e um faroeste que consegue lidar com vários elementos além daqueles do gênero. Leia mais.
21. Barbara
A história da médica que precisa ficar num hospital do interior, na Alemanha Oriental, vigiada pela Stasi, e cria um vínculo com seu chefe, é um pretexto de Christian Petzold para mostrar que as feridas devem ser curadas com o tempo e a ajuda é o caminho mais próximo para o reencontro. Um novo vínculo a ser descoberto num cenário em que não são permitidas relações humanas pode surgir, apagando a frieza dos corredores de um hospital. Com sua discrição, Barbara é um dos melhores filmes baseados na história. Leia mais.
20. Amor bandido
A influência de livros de Mark Twain, Charles Dickens e de filmes como Conta comigo é visível nesta nova obra de Jeff Nichols, diretor de O abrigo. Com uma atuação excelente de Matthew McConaughey, ainda melhor do que em Killer Joe, temos a história de dois meninos, os ótimos Tye Scheridan e Jacob Lofland, que desejam ajudar um foragido a encontrar com sua amada (Reese Witherspoon). Em meio a cenários solitários e abandonados, Amor bandido atrai o espectador com uma história simples e direta, no entanto com vida incomum. Leia mais.
19. Anna Karenina
Joe Wright adapta o romance de Leon Tolstoi criando polêmica, com liberdades narrativas, cenários criativos, misturando teatro, e um elenco que, apesar de irregular, possui grandes momentos. Uma espécie de encenação em forma de filme, sem nenhum irrealismo, dialoga com A viagem do capitão Tornado e Nicholas & Alexandra, e ainda mais com a fantasia da história, vista como um conflito de salões e da tradição que insiste em criar permanência nas relações e afetos dos personagens apresentados. Leia mais.
18. A caça
Este novo filme de Thomas Vinterberg é um veículo para Mads Mikkelsen e mostra o ator em seu melhor momento, como um homem que acaba sendo acusado por uma menina de tê-la abusado. Isso cria um cenário caótico e a frieza dos ambientes se contrapõe à humanidade que surge dos personagens, com todas suas virtudes e falhas. Quando o personagem de Mikkelsen, Lucas, precisa enfrentar seus acusadores, e possível sentir a sua angústia, e Vinterberg a expressa de modo contundente. Leia mais.
17. O lugar onde tudo termina
Mais um filme com Ryan Gosling deste ano (os outros foram Caça aos gângsteres e o ainda inédito nos cinemas Apenas Deus perdoa), desta vez fazendo o papel de um motociclista que vai do circo à tentativa de virar pai e se transformar numa referência para o filho, numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Tudo isto serve como motivo para se discutir a genealogia das famílias e a necessidade de criar laços ou interrompê-los à força. Em razão do roteiro e da direção de Derek Cianfrance, o filme se torna, ao mesmo tempo, um dos mais conturbados e sensíveis do ano. Leia mais.
16. Além das montanhas
Em mais um de seus filmes sensíveis, Cristian Mungiu traz ao espectador a história da busca de Alina (Cristina Flutur), que viaja da Alemanha para reencontrar Voichita (Cosmina Stratan). No entanto, Voichita agora vive num mosteiro e pretende seguir outra vida, deixando Alina em desespero. Uma mistura de crítica social e retrato de um país que parece tão longínquo e esquecido, Além das montanhas envolve com seu cuidado narrativo e sua fotografia mesclando a opressão do cenário e a beleza de um inverno que custa a passar.
15. Rush – No limite da emoção
O diretor Ron Howard se apoia nas atuações de Chris Hemsworth e Daniel Brühl para contar a história de duelo na F1 entre os pilotos Niki Lauda e James Hunt. Mais do que um filme de esporte, o roteiro centra na emoção das corridas e em temas que cercam todo seu envolvimento com uma realidade em que é possível desafiar o limite, mas ainda mais os limites da amizade e do respeito. Com montagem e trilha sonora compactadas, Rush, embora pareça apenas comercial, é um grande filme. Leia mais.
14. Ferrugem e osso
Muito por causa do talento de seu elenco, Jacques Audiard compõe este drama não apenas sobre a superação de uma moça que treina baleias e se acidenta, perdendo parte de suas pernas, mas sobre o amor mais forte, que não consegue adotar distância também dos momentos em que a ferida é iminente. O romance dela com um homem que procura se libertar de si mesmo por meio da luta livre, a fim de criar seu filho, apresenta um dos dramas mais notáveis do ano, com a atuação memorável de Marion Cottilard e de Matthias Schoenaerts. Leia mais.
13. Tabu
Um dos filmes mais comentados nos últimos anos, Tabu é uma peça sobre o amor atemporal e, ao mesmo tempo, das perdas e encontros que ele ocasiona. A canção “Be my baby”, dos Ronettes, traz a sensação de anos 60 a uma África colonizada, em que tudo parece dialogar com a fantasia de uma senhora que vai solitária ao cinema. O encontro com o Monte Tabu é também um encontro com várias memórias dispersas no tempo, e o espectador é convidado a reuni-las, como na escrita de uma carta. Leia mais.
12. A visitante francesa
Uma delicada comédia de Hong Sang-soo, com elementos de drama, em que a ótima Isabelle Huppert vivencia em que ela vivencia a experiência de ser estrangeira num ritmo circular e de magnetismo, com a personagem Anne em três situações diferentes. Entre peças que parecem mais teatro do que cinema, um certo ar de ingenuidade, A visitante francesa é uma peça requintada de humor, na qual o cenário idealizado é sempre o da imaginação, nunca o real, e a descoberta que se faz do estranho logo é incorporado às vidas que vivemos. Leia mais.
11. Bastardos
Desta vez em clima noir, Claire Denis mostra o retorno do capitão de navio Marco Silvestri à terra, para tentar solucionar os problemas da irmã e da sobrinha, além de seu envolvimento com a amante de um homem que pode ajudá-lo a esclarecer o que houve. Em ritmo deflashbacks e avanços, Denis compõe um painel rigoroso de descobertas, principalmente deste homem. O passado sempre pode reservar um cenário de pesadelo e de atos inexplicáveis, mas dificilmente com o mesmo olhar dado por Denis nesta peça-chave de sua carreira. Leia mais.
10. O som ao redor
O cinema brasileiro esteve bem representado este ano pelo talento de Kleber Mendonça Filho, à frente de um dos filmes que mais evocam o cotidiano desde Short Cuts, passando por David Lynch e John Carpenter, até Caché, sob um olhar muito pessoal. Algumas sequências antológicas (como a da cachoeira e da caminhada por um cinema abandonado), e a tensão entre personagens apenas pelo olhar, assim como um vilão sofisticado que entra no mar mesmo que haja uma placa com o aviso de tubarão. Com uma montagem eficiente e sem sobras, trata-se de uma das grandes obras a surgir no Brasil, em sua história. Leia mais.
9. Era uma vez na Anatólia
Nas pradarias da Anatólia, um corpo é procurado por uma misteriosa equipe policial. Ceylan revela essa procura com minúcia e lentidão, trazendo o espectador para dentro do cenário, em que mais importa uma maçã rolando até chegar a um riacho; os lençóis batendo ao vento num varal em um descampado; os olhares em silêncio de homens que podem encontrar o corpo, dentro dos carros da polícia. É o rosto de uma jovem que leva esses homens a voltarem seu olhar para o passado, e exatamente aqui Ceylan deposita a universalidade de sua narrativa. Leia mais.
8. Gravidade
O maior destaque deste filme parece ser a experiência e um 3D raras vezes visto no cinema. No entanto, Gravidade é também um drama emotivo com Sandra Bullock em sua melhor atuação, com um roteiro simples, mas fascinante, pela ação encadeada. Lubezski mostra ser realmente um dos maiores fotógrafos da atualidade e o cinema também pode criar um instante de inserção no espaço, com todas as variações de sentimento, em grande escala, graças ao diretor mexicano Alfonso Cuarón. Leia mais.
7. A hora mais escura
A perseguição da CIA a Bin Laden traz algumas das sequências mais comentadas do ano – as torturas aos prisioneiros árabes. Bigelow, contestada por isso, arrisca o que não mostrava em Guerra ao terror: para ela, os Estados Unidos, por meio da personagem de Maya (Jessica Chastain), precisam entrar no plano da escuridão e dos esconderijos para ter certeza de que ainda consegue ter domínio sobre o que pode escapar aos olhos da CIA. Cumprido à risca o objetivo, perdeu o Oscar de melhor filme e alguns envolvidos, como o roteirista Mark Boal, quase foram levados a julgamento pelo Senado dos Estados Unidos. Leia mais.
6. Amor
Depois de filmes sobre a agressividade humana recolhida, Caché e A fita branca, principalmente, Michael Haneke volta seus olhos para o sentimento existente numa relação. Por meio dos problemas de saúde enfrentados por um casal, e atuações extraordinárias de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, Amor se constrói sobre o medo de perder o afeto que poderia ter durado para sempre e da angústia da solidão na velhice. Haneke coloca um pássaro vagando por um apartamento como o símbolo da intrusão num lugar em que não se quer mais a entrada de ninguém. Leia mais.
5. Além da escuridão – Star Trek
Num ano em que a ficção científica teve como referência Gravidade, esta segunda parte da nova série dirigida por J.J.Abrams consegue expandir os elementos do primeiro filme em grande estilo, não apenas com momentos referenciais de ação e efeitos especiais, mas com uma atuação ameaçadora de Benedict Cumberbatch. A parceria entre Kirk e Spock também ganha novo fôlego, em razão das atuações de Pine e Quinto, cercada por um elenco coadjuvante de grande talento e um roteiro bem-humorado, repleto de reviravoltas. Este é o blockbuster do ano. Leia mais.
4. Amor pleno
Logo depois de A árvore da vida, Malick traz de volta sua composição de imagens com a colaboração de Emmanuel Lubezski. Quase um filme de cinema mudo, não fosse a trilha sonora e a voice-over da personagem central em busca de um amor impossível, os personagens estão entre as paisagens nubladas da Europa e a claridade dos Estados Unidos, porém esta também pode reservar os traços mais encobertos, sobretudo do personagem indefinido feito por Ben Affleck. Com o conflito entre amor e religião, e a participação de um Javier Bardem isolado das relações sociais, mas querendo entendê-las, Malick constrói mais uma obra extraordinária. Leia mais.
3. O mestre
Paul Thomas Anderson produz mais uma obra-prima, com um dueto perfeito entre Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix, com a colaboração decisiva de Amy Adams, e uma fotografia que reproduz as sensações dos personagens, de recolhimento e novos cenários. O que poderia ter sido um retrato da cientologia, como no início se esperava, se torna numa referência sobre a tentativa de um homem dominar o outro por meio de truques psicológicos. Esta tentativa reproduz a sensibilidade de uma amizade que pode lembrar também uma obsessão e o reencontro com amores perdidos de um passado entre a guerra e a loucura. Leia mais.
2. Cloud Atlas
Com seu fluxo sonoro e visual notável, Cloud Atlas consegue traduzir as seis histórias do romance de David Mitchell com apuro narrativo, técnico e de interpretação. Depois de Matrix, os irmãos Andy e Lana Wachowski, com o criador de Corra Lola Corra, Tom Tkwyer, compõem um drama histórico, que também pode ser comédia e ficção científica, assim como filme policial e de suspense. Com vários gêneros e personagens criando vínculos em tempos diferentes, o filme se mostra aberto a todas as possibilidades e traz algumas das melhores atuações do ano (Tom Hanks, Ben Wishaw, Jim Broadbent). Leia mais.
1. Azul é a cor mais quente
O diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche transforma a história em quadrinhos de Julie Maroh num dos retratos mais interessantes sobre a saída da adolescência e a descoberta do primeiro amor. É uma narrativa como rara sensibilidade, contando com a fotografia de Sofian El Fani, e com as melhores atuações do ano: Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux estão exatas como Adèle e Emma. Não seria possível considerar comum, sob qualquer olhar, esta história sobre a descoberta também sobre o mundo que nos cerca, pois seria considerar todas as histórias comuns. Kechiche mostra por meio de suas personagens que a descoberta se faz na solidão e no deslocamento, com dificuldade, mas com uma inegável chance de dar certo. Leia mais.
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