A saga do homem do campo
Publicado em 18/03/2014
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Tags: Vídeo, História, Exposição, Agronomia, Política fundiária, Arte, Agricultura, Reforma agrária
Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2014/03/a-saga-do-homem-do-campo/?searchterm=A+saga+do+homem+do+campo
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Caminhão-museu que percorre o Brasil com exposição itinerante sobre a história da luta pela terra no nosso país chega ao Rio de Janeiro.
A valorização do homem do campo é um dos temas da exposição itinerante Sentimentos da terra, que ficará aberta ao público até sexta-feira (21/03) naFundação Oswaldo Cruz. (foto: Bruno Figueiredo)
Há um Brasil que muitos não veem: é o país dos conflitos agrários; das mortes violentas no campo; do sangue derramado em nome do direito à terra. Soa como o datado papo esquerdista dos anos 1980, é verdade. O problema é que a questão agrária – um dos mais profundos dramas históricos de nosso país – continua mal resolvida.
Abordagens as mais variadas fornecem ao visitante uma visão crítica da complexarealidade fundiáriabrasileira
A velha discussão ganha novo fôlego. Um museu itinerante – montado na carroceria de um caminhão – percorre o Brasil há um ano e leva consigo a história dos conflitos de terraem nosso país. É a exposição Sentimentos daterra.
Abordagens as mais variadas, que vão dasartes à geografia, fornecem ao visitante umavisão crítica da complexa realidade fundiáriabrasileira – do século 16 aos dias de hoje.
O espaço tem um monitor interativo, seis computadores com acesso à internet e umabiblioteca especializada – além de duas salas de cinema, onde são exibidos 11 vídeo-documentários, cuja narração fica por conta dos artistas Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caio Blat, Dira Paes, José Wilker, Letícia Sabatella, Marcos Palmeira, Regina Casé, Vera Holtz e Wagner Moura.
Vale lembrar: a questão agrária, no Brasil, foi tomada por um estigma. Pois a luta pelaterra – a despeito de fazer parte de nossa história há tantos séculos – é comumente reduzida e simplificada à militância de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Via Campesina. “Um dos objetivos da exposição é ressignificar a discussão sobre a reforma agrária e desvinculá-la desses preconceitos”, diz a historiadora Pauliane Braga, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Elaé uma das coordenadoras do projeto, e ressalta que a exposição Sentimentos da terranão é militância; é pura pesquisa histórica. “Não temos nenhum caráter ideológico ou partidário.”
Na estrada
Nesta semana, o caminhão-museu está no Rio de Janeiro (RJ). Entre hoje (18/03) e sexta-feira (21/03), a exposição – que é gratuita – fica aberta à visitação na Fundação Oswaldo Cruz, ao lado do Museu da Vida.
A próxima parada é incerta. “Mas, ainda no primeiro semestre, pretendemos levar aexposição para o Norte e para o Nordeste do Brasil”, diz Braga. A cidade de Brasília (DF) também é parte do itinerário.
Desde que começou sua jornada, em 2013, a exposição itinerante Sentimentos da terrajá percorreu boa parte do sudeste brasileiro: Belo Horizonte (MG), Jequitibá (MG), PousoAlegre (MG), Diamantina (MG), Poços de Caldas (MG), Goiânia (GO), São Paulo (SP), Limeira (SP) e Araçoiaba da Serra (SP).
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Projeto República, da UFMG.
Na sua cidade
A rota do caminhão-museu Sentimentos da terra pode ser acompanhada pelainternet. Interessados em solicitar uma visita a sua cidade podem entrar em contato pelo endereço eletrônico: sentimentosdaterra@gmail.com ou pelo telefone (31) 3409-6498.
A rota do caminhão-museu Sentimentos da terra pode ser acompanhada pelainternet. Interessados em solicitar uma visita a sua cidade podem entrar em contato pelo endereço eletrônico: sentimentosdaterra@gmail.com ou pelo telefone (31) 3409-6498.
História de luta
Os infindáveis conflitos de terra do Brasil contemporâneo têm sua gênese no modelo de ocupação territorial adotado no século 16 pela Coroa portuguesa. Foi o marco inicial daconcentração fundiária.
Hoje, o termo ‘conflitos territoriais’ adquiriu um significado muito mais amplo. Ele se refere não apenas aos tradicionais embates, por vezes deveras violentos, entre campesinos e latifundiários, ou entre militantes sem-terra e forças repressoras do Estado. O conceito engloba desde impasses demarcatórios de terras indígenas até deslocamentos populacionais em função de megaprojetos governamentais, como, por exemplo, construções de grandes usinas hidrelétricas.
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – órgão que monitora anualmente aevolução dos conflitos territoriais no Brasil – mostram uma realidade violenta ainda longedo que se poderia considerar aceitável em um país cuja economia está entre as dez mais pujantes da cena internacional.
Confira, no gráfico interativo abaixo, a evolução dos conflitos por terrano Brasil ao longo da última década
Em números absolutos, o número de conflitos tem-se mantido em patamares altos. E o número de assassinatos em nome da terra permanece pouco alterado ao longo dadécada.
Por trás desses dados, há um cenário crítico: a concentração de terras no Brasil ainda é uma das maiores do mundo. E, segundo muitos estudiosos, nossa realidade fundiária faz vista grossa à própria Constituição Federal – que, no artigo 186, define o princípio dafunção social da terra. De acordo com a carta magna, uma propriedade rural deve, entre outras coisas, zelar pela preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; epromover justas relações de trabalho.
Confira abaixo vídeo sobre a exposição itinerante Sentimentos da terra
https://www.youtube.com/watch?v=-VqiOQNtUCE
Henrique Kugler
Ciência Hoje On-line
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