sábado, 9 de maio de 2015

A saga do homem do campo

A saga do homem do campo

Publicado em 18/03/2014
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Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2014/03/a-saga-do-homem-do-campo/?searchterm=A+saga+do+homem+do+campo
Caminhão-museu que percorre o Brasil com exposição itinerante sobre a história dluta pela terra no nosso país chega ao Rio de Janeiro.
A saga do homem do campo
A valorização do homem do campo é um dos temas da exposição itinerante Sentimentos da terra, que ficará aberta ao público até sexta-feira (21/03) naFundação Oswaldo Cruz. (foto: Bruno Figueiredo)
Há um Brasil que muitos não veem: é o país dos conflitos agrários; das mortes violentas no campo; do sangue derramado em nome do direito à terra. Soa como o datado papo esquerdista doanos 1980, é verdade. O problema é que a questão agrária – um dos mais profundos dramas históricos de nosso país – continua mal resolvida.
Abordagens as mais variadas fornecem ao visitante uma visão crítica da complexarealidade fundiáriabrasileira
A velha discussão ganha novo fôlego. Um museu itinerante – montado na carroceria de um caminhão – percorre o Brasil há um ano e leva consigo a história dos conflitos de terraem nosso país. É a exposição Sentimentos daterra.
Abordagens as mais variadas, que vão dasartes à geografia, fornecem ao visitante umavisão crítica da complexa realidade fundiáriabrasileira – do século 16 aos dias de hoje.
O espaço tem um monitor interativo, seis computadores com acesso à internet e umabiblioteca especializada – além de duas salas de cinema, onde são exibidos 11 vídeo-documentários, cuja narração fica por conta doartistas Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caio Blat, Dira Paes, José Wilker, Letícia Sabatella, Marcos Palmeira, Regina Casé, Vera Holtz e Wagner Moura.
Sala de exibição de documentários
Duas salas de exibição mostram 11 documentários sobre a história dos conflitos de terra no Brasil. (foto: Bruno Figueiredo)
Vale lembrar: a questão agrária, no Brasil, foi tomada por um estigma. Pois a luta pelaterra – a despeito de fazer parte de nossa história há tantos séculos – é comumente reduzida e simplificada à militância de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Via Campesina. “Um dos objetivos da exposição é ressignificaa discussão sobre a reforma agrária e desvinculá-la desses preconceitos”, diz a historiadora Pauliane Braga, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Elaé uma das coordenadorado projeto, e ressalta que a exposição Sentimentos da terranão é militância; é pura pesquisa histórica. “Não temos nenhum caráter ideológico ou partidário.”

Na estrada

Nesta semana, o caminhão-museu está no Rio de Janeiro (RJ). Entre hoje (18/03) e sexta-feira (21/03), a exposição – que é gratuita – fica aberta à visitação na Fundação Oswaldo Cruz, ao lado do Museu da Vida.
A próxima parada é incerta. “Mas, ainda no primeiro semestre, pretendemos levaaexposição para o Norte e para o Nordeste do Brasil”, diz BragaA cidade de Brasília (DF) também é parte do itinerário.
Exposição Sentimentos da terra
Biblioteca, monitor interativo e computadores com acesso à internet foram instalados no caminhão-museu Sentimentos da terra. (foto: Bruno Figueiredo)
Desde que começou sua jornada, em 2013, a exposição itinerante Sentimentos da terrajá percorreu boa parte do sudeste brasileiro: Belo Horizonte (MG), Jequitibá (MG), PousoAlegre (MG), Diamantina (MG), Poços de Caldas (MG), Goiânia (GO), São Paulo (SP), Limeira (SP) e Araçoiaba da Serra (SP).
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Projeto República, da UFMG.
Na sua cidade
A rota do caminhão-museu Sentimentos da terra pode ser acompanhada pelainternet. Interessados em solicitar uma visita a sua cidade podem entrar em contato pelo endereço eletrônico: sentimentosdaterra@gmail.com ou pelo telefone (31) 3409-6498.

História de luta

Os infindáveis conflitos de terra do Brasil contemporâneo têm sua gênese no modelo de ocupação territorial adotado no século 16 pela Coroa portuguesa. Foi o marco inicial daconcentração fundiária.
Hoje, o termo ‘conflitos territoriais’ adquiriu um significado muito mais amplo. Ele se refere não apenaaos tradicionais embates, por vezes deveras violentos, entre campesinos e latifundiários, ou entre militantes sem-terra e forças repressorado Estado. O conceito engloba desde impasses demarcatórios de terras indígenaaté deslocamentos populacionais em função de megaprojetos governamentais, como, por exemplo, construções de grandes usinas hidrelétricas.
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – órgão que monitora anualmente aevolução dos conflitos territoriais no Brasil – mostram uma realidade violenta ainda longedo que se poderia consideraaceitável em um país cuja economia está entre as dez mais pujantes da cena internacional.

Confira, no gráfico interativo abaixo, a evolução dos conflitos por terrano Brasil ao longo da última década


Em números absolutos, o número de conflitos tem-se mantido em patamares altos. E o número de assassinatos em nome da terra permanece pouco alterado ao longo dadécada.
Por trás desses dados, há um cenário crítico: a concentração de terras no Brasil ainda é uma das maiores do mundo. E, segundo muitos estudiosos, nossa realidade fundiária faz vista grossa à própria Constituição Federal – que, no artigo 186, define o princípio dafunção social da terra. De acordo com a carta magna, uma propriedade rural deve, entre outras coisas, zelar pela preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; epromover justas relações de trabalho.

Confira abaixo vídeo sobre a exposição itinerante Sentimentos da terra

https://www.youtube.com/watch?v=-VqiOQNtUCE


Henrique Kugler
Ciência Hoje On-line

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