domingo, 1 de março de 2015

O Caso do Vestido (ou) Fenomenologia Multirreferencial

O Caso do Vestido 

(ou) 

Fenomenologia Multirreferencial







Quais as cores do vestido da foto acima? Algumas pessoas dizem que é azul e preto. Outras juram que é branco e dourado. Há quem diga que olhou a foto pela primeira vez e viu azul e preto. Mais tarde, ao olhar novamente, viu um vestido branco e dourado!
Essa foto ficou famosa na internet entre ontem (quinta-feira) e hoje (sexta-feira). A usuária Skiwed do Tumblr publicou a imagem e logo as pessoas começaram a comentar sobre as cores da roupa. Mas os comentários não batiam! E criaram um verdadeiro paradoxo das cores. Não demorou muito para a foto se tornar o principal assunto nas redes.
Que cores você vê quando olha a imagem do vestido? Deixe o seu comentário aqui no blog.
Aproveito a polêmica para tentar dar uma explicação científica para o paradoxo das cores do vestido. Acompanhe o raciocínio a seguir.

A “leitura'' das cores na câmera fotográfica

Antes de tudo, uma foto é apenas uma “leitura muito particular'' que um equipamento (câmera fotográfica) faz da realidade. Antigamente era um filme fotográfico que registrava a imagem. Hoje em dia são sensores digitais baseados no efeito fotoelétrico .
Essa “leitura'' da realidade, seja feita por um filme ou por um sensor fotoelétrico, nem sempre é tão real. Todo mundo já deve ter tido a experiência de tirar uma foto e ela sair amarelada ou azulada demais. Nas câmeras digitais, a grande vantagem é que dá para ver a imagem capturada praticamente em tempo real e já compará-la com a realidade, sem precisar revelar o filme e imprimir a foto em papel.
Uma imagem fotografada depende de vários fatores, em especial da iluminação ambiente. É comum nas câmeras digitais a opção de escolher o tipo de luz ambiente. O software da câmera geralmente possui diferentes calibragens. Há, por exemplo, uma calibragem específica para a luz solar, também conhecida como luz branca real, aquela que é uma mistura de todas cores visíveis do vermelho ao violeta. Há outra calibragem para iluminação com lâmpadas fluorescentes que tendem a esfriar as cores, deixando-as azuladas. E assim por diante.
Em câmeras digitais com mais recursos, existe ainda a calibragem de branco. O fotógrafo mira uma superfície que tem certeza que é branca e faz uma amostra (captura). A amostra de branco pode sair amarelada, azulada, avermelhada… Mas o software da câmera é informado de que aquele padrão de amostra é o branco real. Pelo padrão de branco, o sistema faz uma recalibragem em todas as cores. A partir daí, as cores registradas passam a ser bem mais fiéis à realidade. Sem essa calibragem inicial, há sempre o risco de uma foto não ter muito a ver com aquilo que o fotógrafo estava vendo. Suspeito que a foto do vestido padeça desse problema. A informação é que o vestido, na realidade, tem faixas em azul escuro intercaladas com faixas em marrom escuro, quase preto. Certamente a captura tem problemas de “leitura'' de cores.

A “leitura'' das cores nos nossos olhos

No caso dos nossos olhos, são os cones e bastonetes, células nervosas que ficam na retina, no fundo do globo ocular, que fazem o registro da imagem. Os cones são especializados em detectar as diferentes cores. Já os bastonetes não diferenciam cores mas, capturando mais e mais luz (a rigor mais fótons), conseguem melhorar o brilho nas imagens.
Mas tem um detalhe importantíssimo: não vemos apenas com os olhos! Os olhos, pela córnea e pelo cristalino, as duas lentes convergentes que possuem, formam uma imagem sobre a retina que é registrada pelos cones e bastonetes. Impulsos nervosos levam informações dessa imagem para o cérebro. E é o cérebro quem vai tentar entender o que estamos vendo.
A imagem óptica no fundo do olho é bastante objetiva e de muito boa qualidade. O cérebro (e seu “software'') é quem pode mudar tudo. É que o cérebro sempre dá uma de sabidinho e tenta adivinhar as coisas. Mas numa dessas, como todo metido a sabidinho, pode dar suas bolas fora.
Quando vemos uma foto, como a do vestido, se o cérebro “entende'' que ela foi feita em baixas condições de iluminação, naturalmente tenta “clareá-la''. O cérebro dá brilho na imagem por conta própria. Mas o cérebro também pode “entender'' que a imagem foi feita com luz intensa. Nesse caso, vai no sentido oposto e tenta “escurecer'' a imagem.
Para quem olha a foto do vestido e acha que ele é azul e preto, é que o cérebro, por conta própria, deu uma escurecida na imagem. Já para quem vê um vestido branco e dourado, o cérebro deu uma clareada na imagem.
Para entender melhor como é isso, montei o infográfico abaixo. Tirei três amostras de algumas regiões do vestido da foto.  Na amostra da esquerda, marcada com um sinal (-), escureci a imagem, tirando brilho através de um software. A amostra do meio é a original, apenas um pedaço da foto, sem tratamento. Na amostra da direita, com um sinal (+), aumentei o brilho da imagem que ficou mais clara.

Note que o azul da imagem original, quando clareado, parece branco. Mas, quando escurecido, parece ser azul bem forte. Já o marrom original, escurecido, fica quase preto. Mas clareado lembra bastante um tom de dourado. O que eu fiz nas amostras acima, usando um software instalado no computador, é mais ou menos que o cérebro faz com a informação que recebe da retina via impulsos nervosos. O cérebro usa o próprio “software'' dele que, infelizmente, não vem com manual de instruções. E por isso mesmo nos prega peças!

Outra ilusão, e mais uma vez o cérebro nos enganando

A famosa ilusão de óptica abaixo mostra a silhueta de uma garota girando. Algumas pessoas juram que a garota gira no sentido horário. Outras, ao contrário, acreditam que o giro é no sentido anti-horário. Uma mesma pessoa, se desviar o olhar e voltar a olhar para a imagem, pode mudar de ideia!

O que o seu cérebro vê? Giro horário ou anti-horário?
A explicação é simples. Como se trata de uma silhueta, não conseguimos saber qual perna da garota (direita ou esquerda) está na frente . Essa informação é decisiva para sabermos se o giro é horário ou anti-horário. O cérebro, espertinho, sempre querendo saber e entender de tudo, arrisca uma resposta. E se baseia nela daí por diante.
No caso das cores do vestido, ao receber a imagem, na dúvida, o cérebro “chuta'' mais brilho ou menos brilho. Logo, a interpretação de diferentes pessoas para a mesma imagem, cada qual com o seu próprio cérebro, pode variar e criar um paradoxo!
Fonte: http://fisicanaveia.blogosfera.uol.com.br/2015/02/27/qual-e-a-cor-do-vestido/

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Carona no vestido

Fevereiro 27, 2015 § Deixe o seu comentário
Fonte: https://ciencianamidia.wordpress.com/2015/02/27/carona-no-vestido/

Achei a desculpa perfeita para tirar a poeira do blog: vou pegar carona no vestido de cor ambígua (se não sabe do que estou falando, veja aqui já com resultado da enquete sobre o que as pessoas enxergam). Não, esta não será mais uma tentativa de explicar o que acontece do ponto de vista da ciência. Já há ótimas (e complementares) explicações aquiaqui aqui. Se ficar com preguiça de ler os textos, a resposta curta é: quem enxerga é o cérebro, não os olhos. E isso pode causar alguma confusão… Este vídeo tem um ótimo resumo (outro um pouco mais detalhado aqui):
Mas a real dúvida é: por que isso virou uma febre na internet? Só achei uma boa reflexão a respeito, no blog do psiquiatra Daniel Barros. Tive a mesma dúvida que ele e concordo com tudo o que ele colocou. Mas para mim a dúvida ainda persiste. Por que esse caso específico “bombou”? Há tantas figuras de ilusão visual, como a usada no vídeo acima para comparador (que é o mesmo caso desta outra) ou as várias outras apontadas nos textos linkados acima. Por que o efeito de manada se manifestou com essa história do vestido? O que tinha de especial aí para um monte de gente resolver prestar atenção nisso com ênfase bem diferente do que prestaria (se prestasse) atenção nos outros casos similares, também divulgados na internet? Ou seja, o que explica um viral na internet, qual a lógica disso, se houver alguma? Psicólogos e publicitários, por favor nos esclareçam!
Atualização: mais ilusões visuais de um jeito muito divertido! Vamos viralizá-las
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THE SCIENCE OF WHY NO ONE AGREES ON THE COLOR OF THIS DRESS

Fonte: http://www.wired.com/2015/02/science-one-agrees-color-dress/

The original image is in the middle. At left, white-balanced as if the dress is white-gold. At right, white-balanced to blue-black.
The original image is in the middle. At left, white-balanced as if the dress is white-gold. At right, white-balanced to blue-black.  swiked
NOT SINCE MONICA Lewinsky was a White House intern has one blue dress been the source of so much consternation.

(And yes, it’s blue.)

The fact that a single image could polarize the entire Internet into two aggressive camps is, let’s face it, just another Thursday. But for the past half-day, people across social media have been arguing about whether a picture depicts a perfectly nice bodycon dress as blue with black lace fringe or white with gold lace fringe. And neither side will budge. This fight is about more than just social media—it’s about primal biology and the way human eyes and brains have evolved to see color in a sunlit world.

Light enters the eye through the lens—different wavelengths corresponding to different colors. The light hits the retina in the back of the eye where pigments fire up neural connections to the visual cortex, the part of the brain that processes those signals into an image. Critically, though, that first burst of light is made of whatever wavelengths are illuminating the world, reflecting off whatever you’re looking at. Without you having to worry about it, your brain figures out what color light is bouncing off the thing your eyes are looking at, and essentially subtracts that color from the “real” color of the object. “Our visual system is supposed to throw away information about the illuminant and extract information about the actual reflectance,” says Jay Neitz, a neuroscientist at the University of Washington. “But I’ve studied individual differences in color vision for 30 years, and this is one of the biggest individual differences I’ve ever seen.” (Neitz sees white-and-gold.)






Usually that system works just fine. This image, though, hits some kind of perceptual boundary. That might be because of how people are wired. Human beings evolved to see in daylight, but daylight changes color. That chromatic axis varies from the pinkish red of dawn, up through the blue-white of noontime, and then back down to reddish twilight. “What’s happening here is your visual system is looking at this thing, and you’re trying to discount the chromatic bias of the daylight axis,” says Bevil Conway, a neuroscientist who studies color and vision at Wellesley College. “So people either discount the blue side, in which case they end up seeing white and gold, or discount the gold side, in which case they end up with blue and black.” (Conway sees blue and orange, somehow.)

We asked our ace photo and design team to do a little work with the image in Photoshop, to uncover the actual red-green-blue composition of a few pixels. That, we figured, would answer the question definitively. And it came close.

In the image as presented on, say, BuzzFeed, Photoshop tells us that the places some people see as blue do indeed track as blue. But…that probably has more to do with the background than the actual color. “Look at your RGB values. R 93, G 76, B 50. If you just looked at those numbers and tried to predict what color that was, what would you say?” Conway asks.


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So…kind of orange-y?



“Right,” says Conway. “But you’re doing this very bad trick, which is projecting those patches on a white background. Show that same patch on a neutral black background and I bet it would appear orange.” He ran it through Photoshop, too, and now figures that the dress is actually blue and orange.

The point is, your brain tries to interpolate a kind of color context for the image, and then spits out an answer for the color of the dress. Even Neitz, with his weird white-and-gold thing, admits that the dress is probably blue. “I actually printed the picture out,” he says. “Then I cut a little piece out and looked at it, and completely out of context it’s about halfway in between, not this dark blue color. My brain attributes the blue to the illuminant. Other people attribute it to the dress.”

Even WIRED’s own photo team—driven briefly into existential spasms of despair by how many of them saw a white-and-gold dress—eventually came around to the contextual, color-constancy explanation. “I initially thought it was white and gold,” says Neil Harris, our senior photo editor. “When I attempted to white-balance the image based on that idea, though, it didn’t make any sense.” He saw blue in the highlights, telling him that the white he was seeing was blue, and the gold was black. And when Harris reversed the process, balancing to the darkest pixel in the image, the dress popped blue and black. “It became clear that the appropriate point in the image to balance from is the black point,” Harris says.

So when context varies, so will people’s visual perception. “Most people will see the blue on the white background as blue,” Conway says. “But on the black background some might see it as white.” He even speculated, perhaps jokingly, that the white-gold prejudice favors the idea of seeing the dress under strong daylight. “I bet night owls are more likely to see it as blue-black,” Conway says.

At least we can all agree on one thing: The people who see the dress as white are utterly, completely wrong.





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Caso do Vestido

Carlos Drummond de Andrade



Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,

chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio.  Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.



+

Maurice Merleau-Ponty - (Fenomenologia da percepção)
Gaston Bachelard

Humberto Maturana

Jakob von Uexküll

Martin Heidegger

Jean‑Paul Sartre

Baruch Espinoza

Gilles Deleuze




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(O oposto)

Red Balloon by onetimeblind
https://www.youtube.com/watch?v=D2Flgdwlqz0



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Pusemo-nos a destrinchar o processo da vida com nossas tesouras de pesquisa. Fomos do organismo para o órgão, do órgão ao tecido, do tecido à célula, até chegarmos à molécula de DNA em seu ambiente celular. Continuamos a picotar. Decompusemos o DNA. Decompusemos o ambiente. Com surpresa, descobrimos que a vida desapareceu. Para onde ela foi?

Schwartz, 1992


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Contribuições epistemológicas da abordagem multirreferencial para a compreensão dos fenômenos educacionais João Batista Martins Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Psicologia Social e Institucional
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n26/n26a06.pdf



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Etnometodologia multirreferencial: contribuições teórico-epistemológicas para a formação do professor-pesquisador Sílvia Maria Costa Barbosa* Joaquim Gonçalves Barbosa**

O objetivo do presente texto é debater a importância da abordagem multirreferencial no contexto da pesquisa na educação e da formação do professor-pesquisador. Trata-se de uma proposição instigante e audaciosa ao romper com os modelos positivistas de realizar pesquisa nas ciências humanas e sociais. De um lado, consideramos Jacques Ardoino, criador dessa abordagem, que assume “a hipótese da complexidade, e até da hipercomplexidade, da realidade a respeito da qual nos questionamos”; de outro, somamos com as contribuições da etnometodologia, numa perspectiva denominada etnopesquisa-crítica por Roberto Macedo, com vistas a contribuir para a formação do professor-pesquisador de modo a não engessá-lo em rígidas posições teóricas e encaminhamentos metodológicos que o destituem da condição de sujeito diante da prática na qual se encontra imerso. 


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Corpo, percepção e conhecimento em Merleau-Ponty 
Terezinha Petrucia da Nóbrega Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Com base nos estudos da ciência da sua época, Merleau-Ponty interroga a respeito das análises sobre o sistema nervoso e os postulados clássicos sobre a condução do impulso elétrico, sobre o circuito reflexo, envolvendo estimulação e reação, sobre o campo perceptivo e sobre a questão da localização cerebral, sendo insuficiente a correspondência pontual, própria da tradição atomista, entre o excitante, o mapa cerebral e a reação. Essa revisão conduz a uma nova compreensão da percepção que se aproxima das ciências cognitivas contemporâneas. Este artigo, fruto de um estudo teórico sobre a fenomenologia de Merleau-Ponty, tem como objetivo apresentar essa revisão conceitual sobre a percepção, o diálogo com a arte e a ciência, configurando noções e conceitos em torno de uma fenomenologia do conhecimento.

http://www.scielo.br/pdf/epsic/v13n2/06.pdf

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Contribuições de Merleau-Ponty para a Psicologia em “Fenomenologia da percepção”
Maria Virginia Filomena Cremasco

Universidade Federal do Paraná
Apresenta sucintamente algumas contribuições para a Psicologia da tese de Doutorado de Merleau-Ponty de 1945, intitulada “Fenomenologia da Percepção”. Merleau-Ponty se propõe a descobrir as significações originárias como uma trajetória em direção à compreensão humana. Na sua proposta, a racionalidade é trazida à ciência, preservando o sujeito e o objeto, ou seja, encontrando no mundo de fato o que ele é e quais percepções podem ser confirmadas ou negadas. Merleau-Ponty recoloca a questão transcendental de Husserl, pois a partir do natural e do social, descobrimos a ambiguidade da vida, de estar ‘no’ mundo e sermos ‘do’ mundo; solicitados por ele e livre para escolhermos. Aponta-se contribuições para a psicologia baseadas na visão de Merleau-Ponty sobre a organização do campo perspectivo efetuada pelo corpo-sujeito em situação.
Palavras-chave: Fenomenologia; Psicologia; Crise das ciências.

Este ensaio consiste na prova teórica da autora para o Concurso para Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, em junho de 2002. 



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A SUBJETIVIDADE COMO CORPOREIDADE: o corpo na fenomenologia de Merleau-Ponty

Alice Casanova dos Reis

A partir da constatação de que o homem está corporalmente inserido no mundo, ou seja, de que suas relações com as outras pessoas e com os objetos são mediadas primordialmente pelo corpo, o presente trabalho tem como objetivo refletir sobre as possíveis relações entre o corpo e a subjetividade, baseando-se na fenomenologia de Merleau-Ponty. Para tanto, baseia-se principalmente nas idéias do autor acerca do corpo que se encontram na sua obra de maior repercussão: a Fenomenologia da Percepção. São analisados os conceitos de corpo-vivido, motricidade do corpo, corpo como expressão e corpo como obra de arte, articulando-os à questão da subjetividade. Conclui-se que a concepção de corpo em Merleau-Ponty desloca a subjetividade da interioridade para a corporeidade, instigando-nos a repensar a subjetividade como um processo aberto que se concretiza no corpo, a partir das suas vivências, seus movimentos, suas percepções, suas expressões e suas criações. Palavras-chave: subjetividade, corpo, Merleau-Ponty.

http://www.cchla.ufrn.br/Vivencia/sumarios/37/PDF%20para%20INTERNET_37/02_Alice%20Casanova%20dos%20Reis.pdf

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