https://www.instagram.com/p/BKCC79LBncU/
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https://www.instagram.com/p/1zS1tbxtN7/
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"O Drama Burguês"
Gerd Bornheim e Marilena Chauí
https://youtu.be/I6BrqfJaaqM
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> procurar fala do Demetrio Magnoli contrapondo a fala da Marilena sobre a postura civil da Classe Media
> procurar replica da Marilena onde ela situa a alienação da classe media em relação a si mesma (não é burguesa porque não detém os meios de produção aos quais submete sua força de trabalho)
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A classe média constituía o canal pelo qual a história informava o povo.
Tal papel desempenhado pela classe média lhe conforta caráter específico no contexto da sociedade. Era conservadora com relação ao nível superior (conservava as informações elaboradas), e revolucionária com relação ao nível básico (transmitia informação nova). Era apêndice do nível superior (servia-lhe de canal de transição), e autoritária com relação ao nível básico (constituía pirâmide da qual o último receptor era o povo).
A posição da classe media no contexto da sociedade era, pois ambígua, era receptora de informações em cuja elaboração não participava, e era informadora do nível popular no qual tampouco participava. Isto explica a ideologização, por vezes violenta, o seu nacionalismo, a sua dupla moral, o seu engajamento em movimentos revolucionários que constituiriam ameaça á sua própria sobrevivência.
Em tal sentido o papel da classe média era o de suicida.
A atual revolução nas comunicações transformou a cena descrita. Consiste ela, fundamentalmente, na introdução de estrutura nova: a do anfiteatro. É ela estrutura que irradia as informações elaboradas no nível superior diretamente em direção da base da sociedade. Exemplos de anfiteatros: rádio, tevê, cinema. A árvore da comunicação superior está, doravante, ligada diretamente aos anfiteatros que funcionam como canais e como trans codificadores. Traduzem as informações novas em códigos a.D. Ho. elaboradas pelo próprio nível superior, e as transmitem rumo á base da sociedade.
O resultado é a destruição da cultura popular e sua substituição pela cultura da massa. A estrutura de mosaico se dilui, os diálogos circularem cessam, e a base da sociedade se transforma em massa passiva agitada pelas informações que sobre ela incidem a partir dos anfiteatros. Tal agitada, chamada ""opinião publica"", serve de feedback para os programadores dos anfiteatros, os quais são participantes da comunicação em árvore do nível superior.
Em tal situação, o nível médio da comunicação, a classe média, deixa de desempenhar papel funcional, e passa a ser anacronismo. Os atuais remanescentes da classe média são testemunhas de situação superada pela revolução em comunicação exatamente como os são os remanescentes da antiga popular, espécie de folclore. O fato é, por certo, encoberto por densa neblina ideológica, espalhada pelos anfiteatros, mas análises, como aqui esboça, podem contribuir para a dissolução de tais neblinas. Em suma, na situação atual a classe média não mais desempenha papel comunicológico essencial para a manutenção da sociedade, e deverá, mais cedo ou mais tarde, mergulhar, na cultura da massa. A situação atual exige somente dois níveis de comunicação, o dos elaboradores e dos programadores de informação, e dos receptores e programadores.
Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" 31/08/1980
A classe média constituía o canal pelo qual a história informava o povo.
Tal papel desempenhado pela classe média lhe conforta caráter específico no contexto da sociedade. Era conservadora com relação ao nível superior (conservava as informações elaboradas), e revolucionária com relação ao nível básico (transmitia informação nova). Era apêndice do nível superior (servia-lhe de canal de transição), e autoritária com relação ao nível básico (constituía pirâmide da qual o último receptor era o povo).
A posição da classe media no contexto da sociedade era, pois ambígua, era receptora de informações em cuja elaboração não participava, e era informadora do nível popular no qual tampouco participava. Isto explica a ideologização, por vezes violenta, o seu nacionalismo, a sua dupla moral, o seu engajamento em movimentos revolucionários que constituiriam ameaça á sua própria sobrevivência.
Em tal sentido o papel da classe média era o de suicida.
A atual revolução nas comunicações transformou a cena descrita. Consiste ela, fundamentalmente, na introdução de estrutura nova: a do anfiteatro. É ela estrutura que irradia as informações elaboradas no nível superior diretamente em direção da base da sociedade. Exemplos de anfiteatros: rádio, tevê, cinema. A árvore da comunicação superior está, doravante, ligada diretamente aos anfiteatros que funcionam como canais e como trans codificadores. Traduzem as informações novas em códigos a.D. Ho. elaboradas pelo próprio nível superior, e as transmitem rumo á base da sociedade.
O resultado é a destruição da cultura popular e sua substituição pela cultura da massa. A estrutura de mosaico se dilui, os diálogos circularem cessam, e a base da sociedade se transforma em massa passiva agitada pelas informações que sobre ela incidem a partir dos anfiteatros. Tal agitada, chamada ""opinião publica"", serve de feedback para os programadores dos anfiteatros, os quais são participantes da comunicação em árvore do nível superior.
Em tal situação, o nível médio da comunicação, a classe média, deixa de desempenhar papel funcional, e passa a ser anacronismo. Os atuais remanescentes da classe média são testemunhas de situação superada pela revolução em comunicação exatamente como os são os remanescentes da antiga popular, espécie de folclore. O fato é, por certo, encoberto por densa neblina ideológica, espalhada pelos anfiteatros, mas análises, como aqui esboça, podem contribuir para a dissolução de tais neblinas. Em suma, na situação atual a classe média não mais desempenha papel comunicológico essencial para a manutenção da sociedade, e deverá, mais cedo ou mais tarde, mergulhar, na cultura da massa. A situação atual exige somente dois níveis de comunicação, o dos elaboradores e dos programadores de informação, e dos receptores e programadores.
Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" 31/08/1980
http://textosdevilemflusser.blogspot.com.br/2008/08/o-elo-perdido-da-comunicao.html
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