domingo, 15 de dezembro de 2024

1935 - Mário de Andrade ORAÇÃO DE PARANINFO --- Pascoal da Conceição em “Os Malefícios do Tabaco”

 



"Ninguém aqui está mendigando elogios, mas exigindo compreensão. Mesmo porque seria estarmos na mais desprezível das precariedades morais julgar-se um serviço público mercedor de elogios pelo fato de apaixonadamente servir.

E nisto estamos, senhores diplomandos. Uma tradição, não quero lembrar em que tempos nascida, de tudo desconfia e a tudo arrasa. Nós não lutamos pela vida: nós nos queixamos da vida. A isso nos acostumaram, e neste detestável costume perseveramos ainda. A uma iniciativa cultural, todos se queixam porque faltam hospitais ou porque a situação financeira não permite luxos. De uma proteção à cultura todos desconfiam porque ainda não se percebeu em nossa terra que a cultura é tão necessária como o pão, e que uma fome consolada jamais não equilibrou nenhum ser e nem felicitou qualquer país. E em nosso caso brasileiro particular, não é a sublime insatisfação humana do mundo que rege o coral das queixas e desconfianças, mas a falta de convicção do que verdadeiramente seja a grandeza do ser racional. Nós não sabemos siquer muito vagamento o que faz a realeza do homem sobre a Terra; e da própria minoria que ainda soergue a medo o pavilhão da cultura, muitos o fazem porque ouviram dizer, o fazem porque europeus fazem assim. De forma que si elogiam e pedem a Cultura, ainda continuam desprotegendo ou combatendo quaisquer iniciativas culturais. Nós não estamos ainda convencidos de que a cultura vale como o pão. E essa é a nossa mais dolorosa imoralidade cultural.

O quê viestes fazer aqui ?…

(...)

Eu não vos convido à ilusão! Nem vos convido muito menos à conformista esperança, pois que fui o primeiro a vos substituir o vinho alegre desta cerimônia pela água salgada da realidade. Eu não vos convido siquer à felicidade, pois que da experiência que dela tenho, a felicidade individual me parece mesquinha, desumana, muito inútil. Eu vos quero alterados por um tropical amor do mundo, porque eu vos trago o convite da luta. Permiti-me a incorreção desta vulgaridade; ela porém não será talvez tão vulgar, pois que não vos convido à luta pela vossa vida, nem à caridosa dedicação pela vida enferma ou pobre, mas exatamente a luta por uma realidade mais alta e mais de todos.

Há grave ausência de homens que queiram aceitar este ideal. O maior número se refugia, acovardado, na luta pela sua própria existência. Mas se há falta de homens, façam-se homens! E esse é o dever irrecusável da mocidade a que pertenceis. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. Quem quer freqüente os concertos públicos, se surpreende ante a verdadeira multidão de rapazes e de garotas que desejam ouvir. Abre-se um curso de etnografia e imediatamente se faz necessário desdobrar as aulas ante o número dos que exigem saber. Inaugura-se uma biblioteca infantil e numa semana os meninos se elevam a uma freqüência de cem diários; joga-se nos jardins uma biblioteca circulante, e os operários que a buscam tornam-a logo insuficiente. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. E pois que a noite ainda é profunda e vai em meio, eu vos convido a forçar a entrada da manhã. Eu vos trago o presente perfeito da imediata luta por uma realidade mais de todos. Há toda uma mística nova a envergar sobre os ombros, para que o destino não se desvirtue na procura mesquinha do nosso bem pessoal. Não desprezo o indivíduo e sei glorificar as criações, as forças e riquezas de que só ele é capaz: porém foram tais os descaminhos humanos na exaltação egoística do indivíduo, que nos vemos num momento ogro do mundo em que qualquer idealidade tem de equiparar-se à religião, cujo resultado é fundir. Essa a mística que se exige de vós, e para a qual eu vos convido, senhores diplomandos! É a luta por uma realidade mais alta, mais completa e mais de todos. Vosso domínio é a música, e infame será quem julgar menos útil cuidar da música que do algodão. Tanto num como noutro destino, encontrareis sempre, como fim final de tudo, a humanidade. E todos os sacrifícios que me custaram as frases deste discurso, todos eu fiz por vós, fiz contente, buscando abrir-vos de par em par, em toda a sua soberania insaciável, as portas da humanidade."

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Pascoal da Conceição em “Os Malefícios do Tabaco”
no Teatro #EmCasaComSesc
https://youtu.be/MwYNd1PT76c?t=1065

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Mário de Andrade

ORAÇÃO DE PARANINFO
(escrita aos alunos do Conservatório de Música, em 1935

Tenho a impressão, senhores diplomandos, de que talvez este momento, em que recebeis o atestado público do curso que fizestes, seja mais importante para mim do que para vós. Por três vezes já que simpatias perdoáveis, levaram diplomandos do Conservatório a me consagrar paraninfo de suas formaturas. Por três vezes tenho agora a consciência de que traí a missão que me foi dada, escrevendo discursos com o desejo de agradar.

Hoje não poderei agir assim. Não serei breve, nem serei discreto, e vou expor coisas escuras. Porém não trairei o valor deste encargo. e trago comigo a decisão de não vos cantar mais as serenatas da alegria. E esta decisão de só encarar o real, me veio da enorme, da radical transformação que deu-se em minha existência.

Chamado a um posto oficial, embora não político, me vi de chofre desanuviado dos sonhos em que sempre me embalei. Sempre conservara a ilusão de que era um homem útil, apenas porque escrevia no meu canto, livros de luta em prol da arte, da renovação das artes e da nacionalização do Brasil. Mas depois que baixei ao purgatório dum posto de comando, depois que me debati na espessa goma da burocracia, depois que lutei contra a angustiosa nuvem dos necessitados de emprego, depois que passaram pelas minhas mãos dinheiros que não eram meus e de mim derivaram proveitos ou prejuízos, veio se avolumando em mim um como que desprezo pelo que ora dantes.

Eu fui o filho da felicidade. Nunca sofri. Tive energia bastante para repudiar o sofrimento do espírito e forças físicas suficientes para impedir os sofrimentos do corpo. Dominei com facilidade e, sobretudo com inalterável otimismo, todas as ladeiras de meu caminho. Desenvolvia a luta com uma filosofia egoística, de espírito eminentemente esportivo, que fizera de mim literalmente um gozador.

Também suportei omissões e desgraças. Mas eu era um milionário detestável, que acumulava e desperdiçava as suas riquezas e imolava frio as visagens do mundo, para conforto do seu próprio ser. Não rico de dinheiro, mas afortunado duma fartura vaidosa de ilusões e defesas pessoais. Minhas cóleras de crítico, minhas violências jornalísticas, minhas peleias literárias, minhas dores de amor e revoltas contra a vida ambiente, em que fui tão sincero, hoje me parecem fantasmagorias gostosas em que pus em prática uma encantada satisfação de viver. E já agora, com um sentimento menos teórico da vida porque apalpei sua quotidianidade mais de perto, eu só posso, não me perdoar, porém me compadecer do que fui, lembrando a escuridão da minha total ignorância: eu não sabia!

Agora, tendes à vossa frente um órfão. Não mais o filho da felicidade, a felicidade morreu, mas o apaixonado, o ganancioso compartilhador da precariedade humana. Não vou, senhores diplomandos, expor aos vossos olhares o panorama da minha existência atual. De resto, nem ela é feita apenas de tristezas. Há momentos de conquista, há triunfos admiráveis, alegrias dum fulgor sublime. Porém desapareceu aquele prazer de mim mesmo que eu tinha dantes. As alegrias, as soluções, os triunfos não satisfazem mais, porque não se dirigem às exigências do meu ser, que eu domino, nem dele se originam; antes, nascem da coletividade, a ela se dirigem, a esta coletividade monstruosa, insaciável, imperativa, que eu não domino por ser dela apenas uma parte menoríssima. Um copo de leite dado a uma criança subnutrida, implica a fome de outras; uma biblioteca nova ilumina o rastejo dos analfabetos; uma orquestra mantida supõe músicos sem emprego, um coral dado ao povo desafina ao som gago dos que nem sequer sabem ouvir. É a ganância que domina e veio turvar tudo, a mesma ganância insofrida que faz a miséria dos acumuladores de riquezas. É a ganância, o desejo tempestuoso de fazer, de fazer mais, de fazer tudo, num retorno invencível da ingenuidade. Deixei de ser feliz, mas a inocência nasceu.

Como pois, senhores diplomandos, poderia dizer-vos apenas as palavras irresponsáveis de prazer com que outras vezes traí? Poderia agradar-vos, saudando a vossa formatura, quando justamente agora principia o áspero caminho? Poderei glorificar-vos por um diploma vencido, quando eu sei que não estais aparelhados para vencer? Poderia disfarçando a importância desta solenidade, falar-vos sobre as grandezas da música, quando a música anda por todos desvirtuada?…

Talvez estejais ainda lembrados da armadilha com que quase todos os anos inicio os meus cursos de História da Música…

A pergunta que faço sobre o que os meus alunos vieram estudar no Conservatório, todos respondem, um que veio estudar piano, outro canto, outro violino. Há catorze anos faço tal pergunta. Não tive até hoje um só aluno que me respondesse ter vindo estudar música!

Insistireis, senhores, sobre a dolorosa significação desta anedota. Ela é exatamente o símbolo da situação precaríssima da nossa cultura, digo mais: da nossa “moral cultural”. Porque não é apenas a cultura que anda desnorteada por aí, antes, a reação moral diante dos problemas da cultura é que ainda não se elevou nada; anda répril, viscosa, preguicenta, envenenando tudo.

Se os alunos vêm ao Conservatório com o único fim de estudar piano ou violino, se o ideal dessa juventude não passa duma confusão e também duma vaidade que sacrifica os valores nobres da arte pela esperança dum aplauso público: a culpa é dessa mocidade frágil? Não é. Não sois vós os culpados, mas vossos pais, vossos professores e os poderes públicos. O vosso engano proveio duma incultura muito mais escancarada e profunda, em que a confusão moral entre música e virtuosidade, está na própria base.

Os pais, inflamados de amor, desejam glória aos filhos. Está quase certo. Mas a glória preferida é que está errada. Os pais, violentados pelo amor aos filhos, não têm sacrifício que não façam para que estes alcancem a glória destinada. Está certíssimo agora. Os sacrifícios feitos é que foram improfícuos, porque o fim pretendido estava inicialmente errado.

Qual o pai que desejou tornar o filho um músico completo? Talvez: nenhum. Qual o pai que desejou ver o filho um pianista, ou cantor .célebre? Talvez todos. Nós não andamos à procura da vida, e por isso a vida nos surpreende e assalta a cada esquina. Nós andamos apenas suspirando pela glória. . A glória é uma palavra curta em nosso espírito, e significa apenas aplauso e dinheiro. Nós nem queremos ser gloriosos, nós desejamos ser apenas célebres. Conta-se de crianças que reproduzem crimes vistos no cinema, agidas pela aspiração de se verem fotografadas nos jornais. Haverá muita distância entre esses infelizes e a nossa prática familiar de dirigir um filho para a celebridade pianística? Tudo tem como resultado uma fotografia nos jornais…

Mas a essa desorientação que desce as crianças do berço, vem completar a desorientação dos professores. O contraste entre os nossos progressos viageiros e a nossa principiante civilização, nos leva a importar professores de terras mais completas. E esses professores musicais emigrados, não emigraram por prazer; está claro, ninguém emigra por prazer. Dá-se necessariamente uma conformação nova de ideal, provocada em parte pela confusão existente na terra nova, em parte pela própria ambição, e a música é substituída pelo comércio musical, a que só escapam alguns raros. Quase do mesmo naipe, se mostra o professorado nacional, que devia combater esse erro. Porém, ainda aqui com raras exceções, o nosso professorado não faz senão conformar-se às exigências do mesmo comércio, ao mesmo tempo que, em luta com o professorado estrangeiro, por não ter deste o lustre de profetas e as mesmas tradições culturais, se converte em nacionalista e invoca a pátria quando se trata de investir com o outro porque este possui mais alunos. E desta miserável mutação de música em comércio, pois que o freguês pede virtuose, o ensino musical tem se preocupado apenas em nos dar virtuoses. Não se ensina música no Brasil, vende-se virtuosidade.

Ainda por essa conversão da música em comércio, é que os conservatórios brasileiros vivem numa pressão angustiosa. A própria circunstância de serem eles institutos em que o ensino se sistematiza, se moraliza por assim dizer, os obriga a estatuir um ensino mais legítimo de música. E assim, inicialmente eles nascem atormentados pelo seu próprio destino, que os torna indestinados num país onde todos pedem tocadores e ninguém pede música. A maioria dos conservatórios se comercializa então, engolidos pela torrente niveladora. Se tornam produtores de pianistas e violinistas, confundindo a elevação cultural da sua finalidade com as acomodações despoliciadas do ensino particular. Não são conservatórios, são cooperativas de professores particulares.

Quereríeis talvez observar o fenômeno do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo? Quem quer lhe conheça os estatutos e a constituição didática, se convencerá da finalidade popular da nossa casa. Pelos seus preços, pelas poucas credenciais de educação escolar que exige dos seus alunos, é evidente que o Conservatório não se destina à formação de elites musicais refinadíssimas, porém à popularização da música. Compreendeis certamente o que significam estes enxames sonoros de diplomandos que o Conservatório solta anualmente sobre o corpo do nosso Estado. São já muitas centenas de artistas menores que se perderam na multidão nacional, tocando e ensinando. Não me orgulha ter saído das salas conservatorianas um Francisco Mignone, por exemplo. Porque na formação dum grande artista entra um sem número de contingências e condições, todos de decisório valor. O que me orgulha sois vós, senhores diplomandos, é o enxame. O que me orgulha é a professorinha anônima do Bexiga ou da Moóca, a mulher de Taquaritinga ou Sorocaba, que ensina seu Beethoven ou, dormidos os filhos, inda soletra aos ouvidos da rua algum noturno de Chopin.

Não nego que num estabelecimento de ensino, onde uns saem formados com distinção e outros com um simplesmente, muita execução será medíocre. Não nego também que não estais musicalmente bem aparelhados para uma perfeita digressão estética, uma completa distinção de estilos, e mesmo, os que menos quiseram aprender, incapazes de analisar uma forma e determinar uma harmonia. Mas se esta casa não se fez como órgão seletivo, é uma verdadeira idiossincrasia patusca, exigir-se dos nossos alunos, serem todos bichos ensinados de exceção. Pois é justamente de vós, senhores diplomandos, que se faz a maior pedra de escândalo contra o Conservatório. Ninguém quer compreender a vossa honrosa finalidade, e o que todos pedem a esta casa é a formação das elites pequenas. Se ao menos pedissem elites de musicistas completos, seria apenas esquecer a finalidade do Conservatório, mas o que pedem são tocadores deslumbrantes, na mais mesquinha perversão não só da música, mas da própria virtuosidade. Campeia em toda parte, nos lares como nos jornais, nas sociedades artísticas como nas escolas, no povaréu das ruas como no povinho dos concertos, na política. como na politicagem, a mais completa ignorância da cultura musical, e em vez de buscarem na música as elevações estéticas e sociais da arte, só buscam a sensualidade dum malabarismo virtuosístico.

Contra essa doença geral, os conservatórios não podem lutar sozinhos. Faz-se absolutamente necessário que se oficialize o ensino musical, porque só a defesa de verbas garantidas permitirá a sobrevivência de escolas ensinadoras de música, exigências severas nos exames, estudos completos de humanidades, multiplicação de disciplinas complementares, disseminação dos processos de música de conjunto e o combate ao conceito fogueteiro da virtuosidade. E só assim teremos de esperar apenas o ajutório dos anos ou culpar as qualidades da raça, para a formação de elites exemplares e elevação mais íntima do nível cultural do povo. Sem o alicerece duma proteção oficial os conservatórios, as orquestras, os corais, os conjuntos de câmara, a composição permanente, ainda não poderão existir entre nós.

Direis talvez que tudo isso poderá existir pela proteção dos capitalistas, mas ainda nesse ponto a experiência permite garantir que quaisquer esperanças se fundam na areia mais movediça. Quem já viu um verdadeiro mecenas entre nós! São aliás raríssimas no Brasil, riquezas enormes que permitam o exercício dum permanente mecenismo. Mas esse não é o maior empecilho, porém. O mais profundo obstáculo ao mecenismo nacional, alguém já disse, é a obsessão da Santa-Casa. Nós inda sofremos o peso dessa tradição culturalmente devastadora, pela qual quem quer e pode fazer um benefício, dá dinheiro pra Santa-Casa, dá dinheiro pra velhice, dá dinheiro aos pobres. Inda bem que se ajunta a essa caridade, o dar às vezes mais iluminadamente dinheiro para as criancinhas também. Mas a tradição grudenta, o imperativo que organiza inconscientemente os gestos dos benfeitores, é o horror da doença ou da pobreza que esmola na rua. De sorte que a função quase única do conceito nacional de humanidade, é uma proteção negativa, por assim dizer; . protege-se a doença e a incapacidade, ninguém não lembra de proteger sãos e capazes. Se arrumem!… Não é à toa que brilha misteriosamente entre os provérbios brasileiros aquele inexplicável “Em tempo de murici, cada um cuide de si!“…

Parece mesmo que o Brasil sempre viveu em tempo de murici… Atentai bem, senhores diplomandos e meus senhores: eu não quero com estas afirmativas ásperas, acusar a caridade em si mesma, nem sequer recusar a proteção a santas casas e asilos. Reconheço mesmo, sem o menor receio de invalidar a minha tese, que essa forma de proteção que qualifiquei de negativa, sempre de algum modo é positiva também, porque defende os capazes, tirando do seu meio o mau exemplo da doença e da pobreza-ofício. O que eu indigito como espécie da nossa incultura, é este viver dentro da morte, esse desgalhamento da visão católica do outro mundo, que nos leva a uma caridade assustada, a uma caridade supersticiosa, a uma caridade esquecida de que a própria vida é uma oração. Ninguém aceita a vida como um benefício de Deus. Ninguém compreende a existência como uma luta, mas como um perigo de ir pro inferno. E de tamanho obscurantismo, talvez não haja outro país onde o único sistema de emprestar a Deus seja dar aos pobres e aos doentes. Dá-se ao incapaz que vai morrer recusa-se ao capaz que vai fazer.

Há uma monotonia opaca em nossas riquezas particulares. É essa compreensão monocórdia da vida, esse apoucamento da humanidade de cada um na comoção fucílima e garantida dos hospitais. A doença do corpo inda movimenta os nossos ricos. E não quero indagar até que ponto, a vaidade. Mas como poderão muitos perceber a doença do espírito, esta generalizada incultura, si eles próprios sofrem desse mal e se imaginam sãos! Por isso os nossos museus, as nossas bibliotecas, nossas sociedades culturais, nossos conservatórios, nossas orquestras nascem lerdos e vivem maleiteiro, sofrendo de maleita mais roedora que a remanseada nas águas barrentas dos rios. O que me revolta, neste momento final da nossa vida em comum, senhores diplomandos, não é a caridade e nem mesmo essa neologística “filantropia” que a pretendeu substituir, mas o desequilíbrio da nossa compreensão social. que si dum lado, a proteção à doença, sem ser muita, é tudo, do outro lado a proteção à inteligência, a bem dizer, é nula. Não existe um mecenas no Brasil. Nesta contingência, esperar que a sustentação da música nasça da Riqueza particular, é o mesmo que deixar a herdeiros a esperança. Nós só podemos realmente contar com as iniciativas oficiais.

Aproveito, senhores diplomandos, esta ocasião solene, que me proporcionais, para lançar de vosso meio um apelo grave ao Governo do Estado, para que se oficialize e se desenvolva o ensino da música entre nós. Todos vimos com malferido espanto, que na constituição da nossa Universidade, si todas as outras artes eram reconhecidas e oficialmente contempladas, a música fora esquecida. Não haverá por acaso um lugarzinho para a mais dinâmica, para a mais socializadora das artes, no seio da Universidade de São Paulo?

É certo que teoricamente eu me concluo contrário à intromissão de escolas de artes no âmbito das universidades. Há disciplinas nascidas das artes que; essas sim, fazem parte do espírito universitário, como a Estética, a História comparada das artes, a História de cada arte em particular, a Musicologja. Mas existe nas artes um lado ofício, um lado ensino profissional. uma ascensão gradativa e não seccionável da prática dos instrumentos e do material, que em teoria me parece aberrar do conceito de universidade. Mas se a teoria me leva a esta convicção, por outro lado estou convencidíssimo, já agora, que para o nosso país, a fusão dos conservatórios nas universidades, principalmente si tivermos as cidades universitárias, será praticamente utillssima. O nosso músico precisa da existência universitária, precisa do contacto diuturno, da amizade e do exemplo dos outros estudantes, o nosso músico precisa imediatamente contagiar-se do espírito universitário, porque a inobservância do nosso músico quanto a cultura geral, é simplesmente inenarrável. Nenhum não sabe nada, nenhum se preocupa de nada, os interesses completamente fechados, duma estreiteza inconcebível, só é exclusivamente entreaberto para as coisas da música. Nem isso siquer! Cada qual traz a sua preocupação voltada apenas para a parte da música em que se especializou. Quem quer tenha convivido com nossos músicos, ou apenas seguido o ramerrão dos concertos, sabe disso tanto como eu. Os violinistas vão aos recitais de seus próprios alunos ou dos violinistas célebres, os pianistas só se interessam por teclados. Essa a regra comum, quase uma lei cultural entre nós. Uma curteza de espírito assombrosa; um afastamento desleal das outras artes, das ciências, da vida econômica e política do país e do mundo; uma incapacidade lastimável para aceitar a existência, compreendê-Ia, agarrá-la; uma rivalidade vulgaríssima; uma vaidade de zepelin sozinho no ar. .Cada qual se julga dono da música e recordista em especialidade. A vida, a vida totalizada, se restringe a um dar lições, preparar de vez em longe algum recitalzinho e falar mal dos colegas. Vida tão exangue e inodora que não se sabe mais si estamos dentro da música ou dum mosqueiro de passagem.

Esta situação do nosso ambiente musical é que me obriga, escudado em vós, senhores diplomandos, a implorar a inclusão dum conservatório em nossa Universidade. Um conservatório qualquer. Eu não pleiteio sequer a oficialização desta nossa casa benemérita. Sem dúvida alguma, o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, pelo seu passado, pela sua finalidade básica, precisa, merece, deve, exige receber o apoio oficial. Mas ele, pelo fim a que se destinou, está mais apto a oficializar-se em sua ação popular, como um estudo apenas secundário da música. Ao passo que um instituto criado e defendido financeiramente pelo Governo, conformado pelas exigências culturais da vida universitária, se destinará fatalmente à formação das elites técnicas, das elites didáticas, dos compositores e alta virtuosidade. E poderá forçar as portas ainda apenas entreabertas para nós, das expressões coletivas da música. E assim definido o instituto universitário em crisol selecionador das elites, esta nossa casa se definirá milhormente em sua finalidade primeira de vulgarizadora da música no povo, esta finalidade igualmente virtuosa em que a não compreendem e atacam os enfastiados do endêmico diletantismo nacional.

A situação angustiosa da música entre nós, não se prova apenas pelo problema dos conservatórios. Pelo contrário: o ensino, a pedagogia técnica dos instrumentos principalmente, ainda é justo a parte da manifestação musical que se apresenta mais ou menos organizada. O resto é um total descalabro, que denuncia minuciosamente, aquela falta de moralidade cultural que denunciei faz pouco. Si fosse apenas a incultura, teríamos apenas de começar; mas o nosso organismo musical está cheio de coisas mal começadas, de vícios adquiridos, de tradições errôneas, de egoísmos insaciáveis, de velharias falsamente respeitadas, fazendo com que a imoralidade cultural grasse em nosso meio, buscando enfraquecer as tentativas mais sinceras.

Não há dúvida que a Municipalidade de São Paulo subvencionou este ano uma orquestra sinfônica. Mas, poderemos concertar artisticamente a condição das nossas orquestras enquanto as exigências sindicais tornam impossível a constituição de orquestras novas e os próprios músicos se recusam a concurso?…

Não há dúvida que hoje São Paulo possui um magnífico piano de concerto, quando por muitos anos nos envergonhou o desespero dos grandes virtuose por não encontrarem na terra instrumento aceitável. Era uma situação insolúvel, si o Governo não a auxiliasse, pois com a queda do mil-réis, os representantes das grandes marcas não se arriscavam a importar instrumentos que valiam como casas. Não há dúvida que São Paulo mantém agora um trio de primeira ordem, se esmera na constituição dum quarteto com maiores probabilidades de permanência, apresenta um coral já excelente, e ensaia o primeiro agrupamento madrigalístico do país…Quem quer tenha a mais mínima decência cultural, reconhece a longa dificuldade de constituição desses agrupamentos que exigem anos para alcançar uma legítima perfeição. Lucien Capet, o organizador do famoso quarteto que foi uma glória musical de França, aplicou-se dez anos ao trabalho quartetístico, antes de se apresentar com seu quarteto. Mas num meio deficiente como o nosso, onde é desesperadora a ausência de artistas dotados de cultura estética, e a maioria dos que se presumem de cultos são apenas pedantes condoreiros do culto de si mesmos, como justificação dos duzentos e treze contos gastos com todas estas tentativas e fixações, os pedantes exigem imediata perfeição sem limite, e os ignaros a barulheira, a música de pancadaria nenhuma arte e diários sons.

A muitos soará talvez, eu me aproveite desta solenidade que não me pertence, para elogiar o Governo. Senhores diplomandos, eu não vim aqui sinão por mandado vosso, e não pleiteio sinão pelo vosso destino. Sempre me conservei fora da política e posso gritar a qualquer vento que fui chamado a um posto que não desejei, e que representa apenas para mim o sacrifício de toda aquela amenidade, de toda aquela prosperidade pessoal e de toda aquela feliz ilusão em que sempre vivi. O meu trabalho não é político sinão naquela necessária condição dos serviços públicos, em que o que se fizer reverte em justificativa daqueles que o permitiram fazer.

De resto não hesito em afirmar que o já realizado é muito pouco para servir de orgulho a qualquer um. As dotações e iniciativas novas, embora incomparáveis com o que já se tem feito entre nós, vêm apenas remediar sumariamente a penúria musical em que vivíamos; e o esforço terá de ser muito maior para que possamos atingir uma posição levantada. Aliás ninguém aqui está mendigando elogios, mas exigindo compreensão. Mesmo porque seria estarmos na mais desprezível das precariedades morais julgar-se um serviço público mercedor de elogios pelo fato de apaixonadamente servir.

E nisto estamos, senhores diplomandos. Uma tradição, não quero lembrar em que tempos nascida, de tudo desconfia e a tudo arrasa. Nós não lutamos pela vida: nós nos queixamos da vida. A isso nos acostumaram, e neste detestável costume perseveramos ainda. A uma iniciativa cultural, todos se queixam porque faltam hospitais ou porque a situação financeira não permite luxos. De uma proteção à cultura todos desconfiam porque ainda não se percebeu em nossa terra que a cultura é tão necessária como o pão, e que uma fome consolada jamais não equilibrou nenhum ser e nem felicitou qualquer país. E em nosso caso brasileiro particular, não é a sublime insatisfação humana do mundo que rege o coral das queixas e desconfianças, mas a falta de convicção do que verdadeiramente seja a grandeza do ser racional. Nós não sabemos siquer muito vagamento o que faz a realeza do homem sobre a Terra; e da própria minoria que ainda soergue a medo o pavilhão da cultura, muitos o fazem porque ouviram dizer, o fazem porque europeus fazem assim. De forma que si elogiam e pedem a Cultura, ainda continuam desprotegendo ou combatendo quaisquer iniciativas culturais. Nós não estamos ainda convencidos de que a cultura vale como o pão. E essa é a nossa mais dolorosa imoralidade cultural. O quê viestes fazer aqui?…

O que ireis fazer da vossa vida?… Acaso vos sentis bem aparelhados para vencer o rodamoinho voraz?… O meu anseio de amigo vosso, senhores diplomandos, chega a lembrar-me de vos desaconselhar o caminho que encetastes. Mas há sempre uma ingenuidade contra qualquer crime haverá sempre uma pureza contra qualquer vício

Eu não vos convido à ilusão! Nem vos convido muito menos à conformista esperança, pois que fui o primeiro a vos substituir o vinho alegre desta cerimônia pela água salgada da realidade. Eu não vos convido siquer à felicidade, pois que da experiência que dela tenho, a felicidade individual me parece mesquinha, desumana, muito inútil. Eu vos quero alterados por um tropical amor do mundo, porque eu vos trago o convite da luta. Permiti-me a incorreção desta vulgaridade; ela porém não será talvez tão vulgar, pois que não vos convido à luta pela vossa vida, nem à caridosa dedicação pela vida enferma ou pobre, mas exatamente a luta por uma realidade mais alta e mais de todos.

Há grave ausência de homens que queiram aceitar este ideal. O maior número se refugia, acovardado, na luta pela sua própria existência. Mas se há falta de homens, façam-se homens! E esse é o dever irrecusável da mocidade a que pertenceis. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. Quem quer freqüente os concertos públicos, se surpreende ante a verdadeira multidão de rapazes e de garotas que desejam ouvir. Abre-se um curso de etnografia e imediatamente se faz necessário desdobrar as aulas ante o número dos que exigem saber. Inaugura-se uma biblioteca infantil e numa semana os meninos se elevam a uma freqüência de cem diários; joga-se nos jardins uma biblioteca circulante, e os operários que a buscam tornam-a logo insuficiente. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. E pois que a noite ainda é profunda e vai em meio, eu vos convido a forçar a entrada da manhã. Eu vos trago o presente perfeito da imediata luta por uma realidade mais de todos. Há toda uma mística nova a envergar sobre os ombros, para que o destino não se desvirtue na procura mesquinha do nosso bem pessoal. Não desprezo o indivíduo e sei glorificar as criações, as forças e riquezas de que só ele é capaz: porém foram tais os descaminhos humanos na exaltação egoística do indivíduo, que nos vemos num momento ogro do mundo em que qualquer idealidade tem de equiparar-se à religião, cujo resultado é fundir. Essa a mística que se exige de vós, e para a qual eu vos convido, senhores diplomandos! É a luta por uma realidade mais alta, mais completa e mais de todos. Vosso domínio é a música, e infame será quem julgar menos útil cuidar da música que do algodão. Tanto num como noutro destino, encontrareis sempre, como fim final de tudo, a humanidade. E todos os sacrifícios que me custaram as frases deste discurso, todos eu fiz por vós, fiz contente, buscando abrir-vos de par em par, em toda a sua soberania insaciável, as portas da humanidade.

Fonte: https://escritosdevagner.wordpress.com/2019/05/17/oracao-de-paraninfo-mario-de-andrade/

Caetano DC, José Caetano Dable Corrêa, Dedé Tarkinho, Caetano Dable e Tales de Mileto
"Ninguém aqui está mendigando elogios, mas exigindo compreensão. Mesmo porque seria estarmos na mais desprezível das precariedades morais julgar-se um serviço público mercedor de elogios pelo fato de apaixonadamente servir. E nisto estamos, senhores diplomandos. Uma tradição, não quero lembrar em que tempos nascida, de tudo desconfia e a tudo arrasa. Nós não lutamos pela vida: nós nos queixamos da vida. A isso nos acostumaram, e neste detestável costume perseveramos ainda. A uma iniciativa cultural, todos se queixam porque faltam hospitais ou porque a situação financeira não permite luxos. De uma proteção à cultura todos desconfiam porque ainda não se percebeu em nossa terra que a cultura é tão necessária como o pão, e que uma fome consolada jamais não equilibrou nenhum ser e nem felicitou qualquer país. E em nosso caso brasileiro particular, não é a sublime insatisfação humana do mundo que rege o coral das queixas e desconfianças, mas a falta de convicção do que verdadeiramente seja a grandeza do ser racional. Nós não sabemos siquer muito vagamento o que faz a realeza do homem sobre a Terra; e da própria minoria que ainda soergue a medo o pavilhão da cultura, muitos o fazem porque ouviram dizer, o fazem porque europeus fazem assim. De forma que si elogiam e pedem a Cultura, ainda continuam desprotegendo ou combatendo quaisquer iniciativas culturais. Nós não estamos ainda convencidos de que a cultura vale como o pão. E essa é a nossa mais dolorosa imoralidade cultural. O quê viestes fazer aqui ?… (...) Eu não vos convido à ilusão! Nem vos convido muito menos à conformista esperança, pois que fui o primeiro a vos substituir o vinho alegre desta cerimônia pela água salgada da realidade. Eu não vos convido siquer à felicidade, pois que da experiência que dela tenho, a felicidade individual me parece mesquinha, desumana, muito inútil. Eu vos quero alterados por um tropical amor do mundo, porque eu vos trago o convite da luta. Permiti-me a incorreção desta vulgaridade; ela porém não será talvez tão vulgar, pois que não vos convido à luta pela vossa vida, nem à caridosa dedicação pela vida enferma ou pobre, mas exatamente a luta por uma realidade mais alta e mais de todos. Há grave ausência de homens que queiram aceitar este ideal. O maior número se refugia, acovardado, na luta pela sua própria existência. Mas se há falta de homens, façam-se homens! E esse é o dever irrecusável da mocidade a que pertenceis. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. Quem quer freqüente os concertos públicos, se surpreende ante a verdadeira multidão de rapazes e de garotas que desejam ouvir. Abre-se um curso de etnografia e imediatamente se faz necessário desdobrar as aulas ante o número dos que exigem saber. Inaugura-se uma biblioteca infantil e numa semana os meninos se elevam a uma freqüência de cem diários; joga-se nos jardins uma biblioteca circulante, e os operários que a buscam tornam-a logo insuficiente. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. E pois que a noite ainda é profunda e vai em meio, eu vos convido a forçar a entrada da manhã. Eu vos trago o presente perfeito da imediata luta por uma realidade mais de todos. Há toda uma mística nova a envergar sobre os ombros, para que o destino não se desvirtue na procura mesquinha do nosso bem pessoal. Não desprezo o indivíduo e sei glorificar as criações, as forças e riquezas de que só ele é capaz: porém foram tais os descaminhos humanos na exaltação egoística do indivíduo, que nos vemos num momento ogro do mundo em que qualquer idealidade tem de equiparar-se à religião, cujo resultado é fundir. Essa a mística que se exige de vós, e para a qual eu vos convido, senhores diplomandos! É a luta por uma realidade mais alta, mais completa e mais de todos. Vosso domínio é a música, e infame será quem julgar menos útil cuidar da música que do algodão. Tanto num como noutro destino, encontrareis sempre, como fim final de tudo, a humanidade. E todos os sacrifícios que me custaram as frases deste discurso, todos eu fiz por vós, fiz contente, buscando abrir-vos de par em par, em toda a sua soberania insaciável, as portas da humanidade."

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Pascoal da Conceição em “Os Malefícios do Tabaco” no Teatro #EmCasaComSesc https://youtu.be/MwYNd1PT76c?t=1065 = = = 

Mário de Andrade 

ORAÇÃO DE PARANINFO 

(escrita aos alunos do Conservatório de Música, em 1935) 

Tenho a impressão, senhores diplomandos, de que talvez este momento, em que recebeis o atestado público do curso que fizestes, seja mais importante para mim do que para vós. Por três vezes já que simpatias perdoáveis, levaram diplomandos do Conservatório a me consagrar paraninfo de suas formaturas. Por três vezes tenho agora a consciência de que traí a missão que me foi dada, escrevendo discursos com o desejo de agradar. Hoje não poderei agir assim. Não serei breve, nem serei discreto, e vou expor coisas escuras. Porém não trairei o valor deste encargo. e trago comigo a decisão de não vos cantar mais as serenatas da alegria. E esta decisão de só encarar o real, me veio da enorme, da radical transformação que deu-se em minha existência. Chamado a um posto oficial, embora não político, me vi de chofre desanuviado dos sonhos em que sempre me embalei. Sempre conservara a ilusão de que era um homem útil, apenas porque escrevia no meu canto, livros de luta em prol da arte, da renovação das artes e da nacionalização do Brasil. Mas depois que baixei ao purgatório dum posto de comando, depois que me debati na espessa goma da burocracia, depois que lutei contra a angustiosa nuvem dos necessitados de emprego, depois que passaram pelas minhas mãos dinheiros que não eram meus e de mim derivaram proveitos ou prejuízos, veio se avolumando em mim um como que desprezo pelo que ora dantes. Eu fui o filho da felicidade. Nunca sofri. Tive energia bastante para repudiar o sofrimento do espírito e forças físicas suficientes para impedir os sofrimentos do corpo. Dominei com facilidade e, sobretudo com inalterável otimismo, todas as ladeiras de meu caminho. Desenvolvia a luta com uma filosofia egoística, de espírito eminentemente esportivo, que fizera de mim literalmente um gozador. Também suportei omissões e desgraças. Mas eu era um milionário detestável, que acumulava e desperdiçava as suas riquezas e imolava frio as visagens do mundo, para conforto do seu próprio ser. Não rico de dinheiro, mas afortunado duma fartura vaidosa de ilusões e defesas pessoais. Minhas cóleras de crítico, minhas violências jornalísticas, minhas peleias literárias, minhas dores de amor e revoltas contra a vida ambiente, em que fui tão sincero, hoje me parecem fantasmagorias gostosas em que pus em prática uma encantada satisfação de viver. E já agora, com um sentimento menos teórico da vida porque apalpei sua quotidianidade mais de perto, eu só posso, não me perdoar, porém me compadecer do que fui, lembrando a escuridão da minha total ignorância: eu não sabia! Agora, tendes à vossa frente um órfão. Não mais o filho da felicidade, a felicidade morreu, mas o apaixonado, o ganancioso compartilhador da precariedade humana. Não vou, senhores diplomandos, expor aos vossos olhares o panorama da minha existência atual. De resto, nem ela é feita apenas de tristezas. Há momentos de conquista, há triunfos admiráveis, alegrias dum fulgor sublime. Porém desapareceu aquele prazer de mim mesmo que eu tinha dantes. As alegrias, as soluções, os triunfos não satisfazem mais, porque não se dirigem às exigências do meu ser, que eu domino, nem dele se originam; antes, nascem da coletividade, a ela se dirigem, a esta coletividade monstruosa, insaciável, imperativa, que eu não domino por ser dela apenas uma parte menoríssima. Um copo de leite dado a uma criança subnutrida, implica a fome de outras; uma biblioteca nova ilumina o rastejo dos analfabetos; uma orquestra mantida supõe músicos sem emprego, um coral dado ao povo desafina ao som gago dos que nem sequer sabem ouvir. É a ganância que domina e veio turvar tudo, a mesma ganância insofrida que faz a miséria dos acumuladores de riquezas. É a ganância, o desejo tempestuoso de fazer, de fazer mais, de fazer tudo, num retorno invencível da ingenuidade. Deixei de ser feliz, mas a inocência nasceu. Como pois, senhores diplomandos, poderia dizer-vos apenas as palavras irresponsáveis de prazer com que outras vezes traí? Poderia agradar-vos, saudando a vossa formatura, quando justamente agora principia o áspero caminho? Poderei glorificar-vos por um diploma vencido, quando eu sei que não estais aparelhados para vencer? Poderia disfarçando a importância desta solenidade, falar-vos sobre as grandezas da música, quando a música anda por todos desvirtuada?… Talvez estejais ainda lembrados da armadilha com que quase todos os anos inicio os meus cursos de História da Música… A pergunta que faço sobre o que os meus alunos vieram estudar no Conservatório, todos respondem, um que veio estudar piano, outro canto, outro violino. Há catorze anos faço tal pergunta. Não tive até hoje um só aluno que me respondesse ter vindo estudar música! Insistireis, senhores, sobre a dolorosa significação desta anedota. Ela é exatamente o símbolo da situação precaríssima da nossa cultura, digo mais: da nossa “moral cultural”. Porque não é apenas a cultura que anda desnorteada por aí, antes, a reação moral diante dos problemas da cultura é que ainda não se elevou nada; anda répril, viscosa, preguicenta, envenenando tudo. Se os alunos vêm ao Conservatório com o único fim de estudar piano ou violino, se o ideal dessa juventude não passa duma confusão e também duma vaidade que sacrifica os valores nobres da arte pela esperança dum aplauso público: a culpa é dessa mocidade frágil? Não é. Não sois vós os culpados, mas vossos pais, vossos professores e os poderes públicos. O vosso engano proveio duma incultura muito mais escancarada e profunda, em que a confusão moral entre música e virtuosidade, está na própria base. Os pais, inflamados de amor, desejam glória aos filhos. Está quase certo. Mas a glória preferida é que está errada. Os pais, violentados pelo amor aos filhos, não têm sacrifício que não façam para que estes alcancem a glória destinada. Está certíssimo agora. Os sacrifícios feitos é que foram improfícuos, porque o fim pretendido estava inicialmente errado. Qual o pai que desejou tornar o filho um músico completo? Talvez: nenhum. Qual o pai que desejou ver o filho um pianista, ou cantor .célebre? Talvez todos. Nós não andamos à procura da vida, e por isso a vida nos surpreende e assalta a cada esquina. Nós andamos apenas suspirando pela glória. . A glória é uma palavra curta em nosso espírito, e significa apenas aplauso e dinheiro. Nós nem queremos ser gloriosos, nós desejamos ser apenas célebres. Conta-se de crianças que reproduzem crimes vistos no cinema, agidas pela aspiração de se verem fotografadas nos jornais. Haverá muita distância entre esses infelizes e a nossa prática familiar de dirigir um filho para a celebridade pianística? Tudo tem como resultado uma fotografia nos jornais… Mas a essa desorientação que desce as crianças do berço, vem completar a desorientação dos professores. O contraste entre os nossos progressos viageiros e a nossa principiante civilização, nos leva a importar professores de terras mais completas. E esses professores musicais emigrados, não emigraram por prazer; está claro, ninguém emigra por prazer. Dá-se necessariamente uma conformação nova de ideal, provocada em parte pela confusão existente na terra nova, em parte pela própria ambição, e a música é substituída pelo comércio musical, a que só escapam alguns raros. Quase do mesmo naipe, se mostra o professorado nacional, que devia combater esse erro. Porém, ainda aqui com raras exceções, o nosso professorado não faz senão conformar-se às exigências do mesmo comércio, ao mesmo tempo que, em luta com o professorado estrangeiro, por não ter deste o lustre de profetas e as mesmas tradições culturais, se converte em nacionalista e invoca a pátria quando se trata de investir com o outro porque este possui mais alunos. E desta miserável mutação de música em comércio, pois que o freguês pede virtuose, o ensino musical tem se preocupado apenas em nos dar virtuoses. Não se ensina música no Brasil, vende-se virtuosidade. Ainda por essa conversão da música em comércio, é que os conservatórios brasileiros vivem numa pressão angustiosa. A própria circunstância de serem eles institutos em que o ensino se sistematiza, se moraliza por assim dizer, os obriga a estatuir um ensino mais legítimo de música. E assim, inicialmente eles nascem atormentados pelo seu próprio destino, que os torna indestinados num país onde todos pedem tocadores e ninguém pede música. A maioria dos conservatórios se comercializa então, engolidos pela torrente niveladora. Se tornam produtores de pianistas e violinistas, confundindo a elevação cultural da sua finalidade com as acomodações despoliciadas do ensino particular. Não são conservatórios, são cooperativas de professores particulares. Quereríeis talvez observar o fenômeno do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo? Quem quer lhe conheça os estatutos e a constituição didática, se convencerá da finalidade popular da nossa casa. Pelos seus preços, pelas poucas credenciais de educação escolar que exige dos seus alunos, é evidente que o Conservatório não se destina à formação de elites musicais refinadíssimas, porém à popularização da música. Compreendeis certamente o que significam estes enxames sonoros de diplomandos que o Conservatório solta anualmente sobre o corpo do nosso Estado. São já muitas centenas de artistas menores que se perderam na multidão nacional, tocando e ensinando. Não me orgulha ter saído das salas conservatorianas um Francisco Mignone, por exemplo. Porque na formação dum grande artista entra um sem número de contingências e condições, todos de decisório valor. O que me orgulha sois vós, senhores diplomandos, é o enxame. O que me orgulha é a professorinha anônima do Bexiga ou da Moóca, a mulher de Taquaritinga ou Sorocaba, que ensina seu Beethoven ou, dormidos os filhos, inda soletra aos ouvidos da rua algum noturno de Chopin. Não nego que num estabelecimento de ensino, onde uns saem formados com distinção e outros com um simplesmente, muita execução será medíocre. Não nego também que não estais musicalmente bem aparelhados para uma perfeita digressão estética, uma completa distinção de estilos, e mesmo, os que menos quiseram aprender, incapazes de analisar uma forma e determinar uma harmonia. Mas se esta casa não se fez como órgão seletivo, é uma verdadeira idiossincrasia patusca, exigir-se dos nossos alunos, serem todos bichos ensinados de exceção. Pois é justamente de vós, senhores diplomandos, que se faz a maior pedra de escândalo contra o Conservatório. Ninguém quer compreender a vossa honrosa finalidade, e o que todos pedem a esta casa é a formação das elites pequenas. Se ao menos pedissem elites de musicistas completos, seria apenas esquecer a finalidade do Conservatório, mas o que pedem são tocadores deslumbrantes, na mais mesquinha perversão não só da música, mas da própria virtuosidade. Campeia em toda parte, nos lares como nos jornais, nas sociedades artísticas como nas escolas, no povaréu das ruas como no povinho dos concertos, na política. como na politicagem, a mais completa ignorância da cultura musical, e em vez de buscarem na música as elevações estéticas e sociais da arte, só buscam a sensualidade dum malabarismo virtuosístico. Contra essa doença geral, os conservatórios não podem lutar sozinhos. Faz-se absolutamente necessário que se oficialize o ensino musical, porque só a defesa de verbas garantidas permitirá a sobrevivência de escolas ensinadoras de música, exigências severas nos exames, estudos completos de humanidades, multiplicação de disciplinas complementares, disseminação dos processos de música de conjunto e o combate ao conceito fogueteiro da virtuosidade. E só assim teremos de esperar apenas o ajutório dos anos ou culpar as qualidades da raça, para a formação de elites exemplares e elevação mais íntima do nível cultural do povo. Sem o alicerece duma proteção oficial os conservatórios, as orquestras, os corais, os conjuntos de câmara, a composição permanente, ainda não poderão existir entre nós. Direis talvez que tudo isso poderá existir pela proteção dos capitalistas, mas ainda nesse ponto a experiência permite garantir que quaisquer esperanças se fundam na areia mais movediça. Quem já viu um verdadeiro mecenas entre nós! São aliás raríssimas no Brasil, riquezas enormes que permitam o exercício dum permanente mecenismo. Mas esse não é o maior empecilho, porém. O mais profundo obstáculo ao mecenismo nacional, alguém já disse, é a obsessão da Santa-Casa. Nós inda sofremos o peso dessa tradição culturalmente devastadora, pela qual quem quer e pode fazer um benefício, dá dinheiro pra Santa-Casa, dá dinheiro pra velhice, dá dinheiro aos pobres. Inda bem que se ajunta a essa caridade, o dar às vezes mais iluminadamente dinheiro para as criancinhas também. Mas a tradição grudenta, o imperativo que organiza inconscientemente os gestos dos benfeitores, é o horror da doença ou da pobreza que esmola na rua. De sorte que a função quase única do conceito nacional de humanidade, é uma proteção negativa, por assim dizer; . protege-se a doença e a incapacidade, ninguém não lembra de proteger sãos e capazes. Se arrumem!… Não é à toa que brilha misteriosamente entre os provérbios brasileiros aquele inexplicável “Em tempo de murici, cada um cuide de si!“… Parece mesmo que o Brasil sempre viveu em tempo de murici… Atentai bem, senhores diplomandos e meus senhores: eu não quero com estas afirmativas ásperas, acusar a caridade em si mesma, nem sequer recusar a proteção a santas casas e asilos. Reconheço mesmo, sem o menor receio de invalidar a minha tese, que essa forma de proteção que qualifiquei de negativa, sempre de algum modo é positiva também, porque defende os capazes, tirando do seu meio o mau exemplo da doença e da pobreza-ofício. O que eu indigito como espécie da nossa incultura, é este viver dentro da morte, esse desgalhamento da visão católica do outro mundo, que nos leva a uma caridade assustada, a uma caridade supersticiosa, a uma caridade esquecida de que a própria vida é uma oração. Ninguém aceita a vida como um benefício de Deus. Ninguém compreende a existência como uma luta, mas como um perigo de ir pro inferno. E de tamanho obscurantismo, talvez não haja outro país onde o único sistema de emprestar a Deus seja dar aos pobres e aos doentes. Dá-se ao incapaz que vai morrer recusa-se ao capaz que vai fazer. Há uma monotonia opaca em nossas riquezas particulares. É essa compreensão monocórdia da vida, esse apoucamento da humanidade de cada um na comoção fucílima e garantida dos hospitais. A doença do corpo inda movimenta os nossos ricos. E não quero indagar até que ponto, a vaidade. Mas como poderão muitos perceber a doença do espírito, esta generalizada incultura, si eles próprios sofrem desse mal e se imaginam sãos! Por isso os nossos museus, as nossas bibliotecas, nossas sociedades culturais, nossos conservatórios, nossas orquestras nascem lerdos e vivem maleiteiro, sofrendo de maleita mais roedora que a remanseada nas águas barrentas dos rios. O que me revolta, neste momento final da nossa vida em comum, senhores diplomandos, não é a caridade e nem mesmo essa neologística “filantropia” que a pretendeu substituir, mas o desequilíbrio da nossa compreensão social. que si dum lado, a proteção à doença, sem ser muita, é tudo, do outro lado a proteção à inteligência, a bem dizer, é nula. Não existe um mecenas no Brasil. Nesta contingência, esperar que a sustentação da música nasça da Riqueza particular, é o mesmo que deixar a herdeiros a esperança. Nós só podemos realmente contar com as iniciativas oficiais. Aproveito, senhores diplomandos, esta ocasião solene, que me proporcionais, para lançar de vosso meio um apelo grave ao Governo do Estado, para que se oficialize e se desenvolva o ensino da música entre nós. Todos vimos com malferido espanto, que na constituição da nossa Universidade, si todas as outras artes eram reconhecidas e oficialmente contempladas, a música fora esquecida. Não haverá por acaso um lugarzinho para a mais dinâmica, para a mais socializadora das artes, no seio da Universidade de São Paulo? É certo que teoricamente eu me concluo contrário à intromissão de escolas de artes no âmbito das universidades. Há disciplinas nascidas das artes que; essas sim, fazem parte do espírito universitário, como a Estética, a História comparada das artes, a História de cada arte em particular, a Musicologja. Mas existe nas artes um lado ofício, um lado ensino profissional. uma ascensão gradativa e não seccionável da prática dos instrumentos e do material, que em teoria me parece aberrar do conceito de universidade. Mas se a teoria me leva a esta convicção, por outro lado estou convencidíssimo, já agora, que para o nosso país, a fusão dos conservatórios nas universidades, principalmente si tivermos as cidades universitárias, será praticamente utillssima. O nosso músico precisa da existência universitária, precisa do contacto diuturno, da amizade e do exemplo dos outros estudantes, o nosso músico precisa imediatamente contagiar-se do espírito universitário, porque a inobservância do nosso músico quanto a cultura geral, é simplesmente inenarrável. Nenhum não sabe nada, nenhum se preocupa de nada, os interesses completamente fechados, duma estreiteza inconcebível, só é exclusivamente entreaberto para as coisas da música. Nem isso siquer! Cada qual traz a sua preocupação voltada apenas para a parte da música em que se especializou. Quem quer tenha convivido com nossos músicos, ou apenas seguido o ramerrão dos concertos, sabe disso tanto como eu. Os violinistas vão aos recitais de seus próprios alunos ou dos violinistas célebres, os pianistas só se interessam por teclados. Essa a regra comum, quase uma lei cultural entre nós. Uma curteza de espírito assombrosa; um afastamento desleal das outras artes, das ciências, da vida econômica e política do país e do mundo; uma incapacidade lastimável para aceitar a existência, compreendê-Ia, agarrá-la; uma rivalidade vulgaríssima; uma vaidade de zepelin sozinho no ar. .Cada qual se julga dono da música e recordista em especialidade. A vida, a vida totalizada, se restringe a um dar lições, preparar de vez em longe algum recitalzinho e falar mal dos colegas. Vida tão exangue e inodora que não se sabe mais si estamos dentro da música ou dum mosqueiro de passagem. Esta situação do nosso ambiente musical é que me obriga, escudado em vós, senhores diplomandos, a implorar a inclusão dum conservatório em nossa Universidade. Um conservatório qualquer. Eu não pleiteio sequer a oficialização desta nossa casa benemérita. Sem dúvida alguma, o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, pelo seu passado, pela sua finalidade básica, precisa, merece, deve, exige receber o apoio oficial. Mas ele, pelo fim a que se destinou, está mais apto a oficializar-se em sua ação popular, como um estudo apenas secundário da música. Ao passo que um instituto criado e defendido financeiramente pelo Governo, conformado pelas exigências culturais da vida universitária, se destinará fatalmente à formação das elites técnicas, das elites didáticas, dos compositores e alta virtuosidade. E poderá forçar as portas ainda apenas entreabertas para nós, das expressões coletivas da música. E assim definido o instituto universitário em crisol selecionador das elites, esta nossa casa se definirá milhormente em sua finalidade primeira de vulgarizadora da música no povo, esta finalidade igualmente virtuosa em que a não compreendem e atacam os enfastiados do endêmico diletantismo nacional. A situação angustiosa da música entre nós, não se prova apenas pelo problema dos conservatórios. Pelo contrário: o ensino, a pedagogia técnica dos instrumentos principalmente, ainda é justo a parte da manifestação musical que se apresenta mais ou menos organizada. O resto é um total descalabro, que denuncia minuciosamente, aquela falta de moralidade cultural que denunciei faz pouco. Si fosse apenas a incultura, teríamos apenas de começar; mas o nosso organismo musical está cheio de coisas mal começadas, de vícios adquiridos, de tradições errôneas, de egoísmos insaciáveis, de velharias falsamente respeitadas, fazendo com que a imoralidade cultural grasse em nosso meio, buscando enfraquecer as tentativas mais sinceras. Não há dúvida que a Municipalidade de São Paulo subvencionou este ano uma orquestra sinfônica. Mas, poderemos concertar artisticamente a condição das nossas orquestras enquanto as exigências sindicais tornam impossível a constituição de orquestras novas e os próprios músicos se recusam a concurso?… Não há dúvida que hoje São Paulo possui um magnífico piano de concerto, quando por muitos anos nos envergonhou o desespero dos grandes virtuose por não encontrarem na terra instrumento aceitável. Era uma situação insolúvel, si o Governo não a auxiliasse, pois com a queda do mil-réis, os representantes das grandes marcas não se arriscavam a importar instrumentos que valiam como casas. Não há dúvida que São Paulo mantém agora um trio de primeira ordem, se esmera na constituição dum quarteto com maiores probabilidades de permanência, apresenta um coral já excelente, e ensaia o primeiro agrupamento madrigalístico do país…Quem quer tenha a mais mínima decência cultural, reconhece a longa dificuldade de constituição desses agrupamentos que exigem anos para alcançar uma legítima perfeição. Lucien Capet, o organizador do famoso quarteto que foi uma glória musical de França, aplicou-se dez anos ao trabalho quartetístico, antes de se apresentar com seu quarteto. Mas num meio deficiente como o nosso, onde é desesperadora a ausência de artistas dotados de cultura estética, e a maioria dos que se presumem de cultos são apenas pedantes condoreiros do culto de si mesmos, como justificação dos duzentos e treze contos gastos com todas estas tentativas e fixações, os pedantes exigem imediata perfeição sem limite, e os ignaros a barulheira, a música de pancadaria nenhuma arte e diários sons. A muitos soará talvez, eu me aproveite desta solenidade que não me pertence, para elogiar o Governo. Senhores diplomandos, eu não vim aqui sinão por mandado vosso, e não pleiteio sinão pelo vosso destino. Sempre me conservei fora da política e posso gritar a qualquer vento que fui chamado a um posto que não desejei, e que representa apenas para mim o sacrifício de toda aquela amenidade, de toda aquela prosperidade pessoal e de toda aquela feliz ilusão em que sempre vivi. O meu trabalho não é político sinão naquela necessária condição dos serviços públicos, em que o que se fizer reverte em justificativa daqueles que o permitiram fazer. De resto não hesito em afirmar que o já realizado é muito pouco para servir de orgulho a qualquer um. As dotações e iniciativas novas, embora incomparáveis com o que já se tem feito entre nós, vêm apenas remediar sumariamente a penúria musical em que vivíamos; e o esforço terá de ser muito maior para que possamos atingir uma posição levantada. Aliás ninguém aqui está mendigando elogios, mas exigindo compreensão. Mesmo porque seria estarmos na mais desprezível das precariedades morais julgar-se um serviço público mercedor de elogios pelo fato de apaixonadamente servir. E nisto estamos, senhores diplomandos. Uma tradição, não quero lembrar em que tempos nascida, de tudo desconfia e a tudo arrasa. Nós não lutamos pela vida: nós nos queixamos da vida. A isso nos acostumaram, e neste detestável costume perseveramos ainda. A uma iniciativa cultural, todos se queixam porque faltam hospitais ou porque a situação financeira não permite luxos. De uma proteção à cultura todos desconfiam porque ainda não se percebeu em nossa terra que a cultura é tão necessária como o pão, e que uma fome consolada jamais não equilibrou nenhum ser e nem felicitou qualquer país. E em nosso caso brasileiro particular, não é a sublime insatisfação humana do mundo que rege o coral das queixas e desconfianças, mas a falta de convicção do que verdadeiramente seja a grandeza do ser racional. Nós não sabemos siquer muito vagamento o que faz a realeza do homem sobre a Terra; e da própria minoria que ainda soergue a medo o pavilhão da cultura, muitos o fazem porque ouviram dizer, o fazem porque europeus fazem assim. De forma que si elogiam e pedem a Cultura, ainda continuam desprotegendo ou combatendo quaisquer iniciativas culturais. Nós não estamos ainda convencidos de que a cultura vale como o pão. E essa é a nossa mais dolorosa imoralidade cultural. O quê viestes fazer aqui?… O que ireis fazer da vossa vida?… Acaso vos sentis bem aparelhados para vencer o rodamoinho voraz?… O meu anseio de amigo vosso, senhores diplomandos, chega a lembrar-me de vos desaconselhar o caminho que encetastes. Mas há sempre uma ingenuidade contra qualquer crime haverá sempre uma pureza contra qualquer vício Eu não vos convido à ilusão! Nem vos convido muito menos à conformista esperança, pois que fui o primeiro a vos substituir o vinho alegre desta cerimônia pela água salgada da realidade. Eu não vos convido siquer à felicidade, pois que da experiência que dela tenho, a felicidade individual me parece mesquinha, desumana, muito inútil. Eu vos quero alterados por um tropical amor do mundo, porque eu vos trago o convite da luta. Permiti-me a incorreção desta vulgaridade; ela porém não será talvez tão vulgar, pois que não vos convido à luta pela vossa vida, nem à caridosa dedicação pela vida enferma ou pobre, mas exatamente a luta por uma realidade mais alta e mais de todos. Há grave ausência de homens que queiram aceitar este ideal. O maior número se refugia, acovardado, na luta pela sua própria existência. Mas se há falta de homens, façam-se homens! E esse é o dever irrecusável da mocidade a que pertenceis. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. Quem quer freqüente os concertos públicos, se surpreende ante a verdadeira multidão de rapazes e de garotas que desejam ouvir. Abre-se um curso de etnografia e imediatamente se faz necessário desdobrar as aulas ante o número dos que exigem saber. Inaugura-se uma biblioteca infantil e numa semana os meninos se elevam a uma freqüência de cem diários; joga-se nos jardins uma biblioteca circulante, e os operários que a buscam tornam-a logo insuficiente. Há sempre uma aurora para qualquer noite, e essa aurora sois vós. E pois que a noite ainda é profunda e vai em meio, eu vos convido a forçar a entrada da manhã. Eu vos trago o presente perfeito da imediata luta por uma realidade mais de todos. Há toda uma mística nova a envergar sobre os ombros, para que o destino não se desvirtue na procura mesquinha do nosso bem pessoal. Não desprezo o indivíduo e sei glorificar as criações, as forças e riquezas de que só ele é capaz: porém foram tais os descaminhos humanos na exaltação egoística do indivíduo, que nos vemos num momento ogro do mundo em que qualquer idealidade tem de equiparar-se à religião, cujo resultado é fundir. Essa a mística que se exige de vós, e para a qual eu vos convido, senhores diplomandos! É a luta por uma realidade mais alta, mais completa e mais de todos. Vosso domínio é a música, e infame será quem julgar menos útil cuidar da música que do algodão. Tanto num como noutro destino, encontrareis sempre, como fim final de tudo, a humanidade. E todos os sacrifícios que me custaram as frases deste discurso, todos eu fiz por vós, fiz contente, buscando abrir-vos de par em par, em toda a sua soberania insaciável, as portas da humanidade. Fonte: https://escritosdevagner.wordpress.com/2019/05/17/oracao-de-paraninfo-mario-de-andrade/
Local: Escola de Música da UFRJ (-22.913594610682, -43.178083677053)
Endereço: Rua do Passeio, 98, Lapa., 20.021-290 Rio de Janeiro, RJ


domingo, 7 de abril de 2024

Grande Otelo | 1987 - Roda Viva Retrô | Video Transcript:







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[Música] quando a gente está começando neste momento mais uma roda viva programa de entrevistas e debates da tv cultura de são paulo esta noite no centro da roda viva está sebastião bernardes de souza prata pouca gente conhece com esse nome mas já estão vendo a imagem é o grande ator grande otelo e para participar dessa entrevista ao roda viva esta noite estão aqui no estúdio da tv cultura são Paulo 14 que a atriz cantora e partida de grande otelo no show que ele tem ele mantém já quatro anos quase no show o show modem rio na escala no rio de janeiro aqui conosco também leon cakoff que é crítico e organizador do festival de cinema de são paulo luciano ramos crítico de cinema e apresentador da tv cultura ângela marciais que a repórter da folha de são paulo luiz fernando emediato editor do caderno 2 do estado De são paulo e de marta pereira crítico de cinema do jornal da tarde dirceu soares crítico de cinema da revista afinal o ator paulo betti e o cartunista paulo caruso que faz os desenhos que nós vemos aí no ar de vez em quando já preparou lhe o primeiro desenho grande otelo sentado na nos meio da roda até sem uma rotina de sua linha da sua cabeça mas quem está em casa pode se pode fazer qualquer telefonema para cá qualquer Pergunta pro grande otelo pelo telefone 252 6 525 252 6 525 e as três telefonistas a nota à sua pergunta de casa mas falta muito pra mim e eu faço a sua pergunta do telespectador para o grande otelo vamos começar então a nossa conversa grande otelo você tá com esse show no gol dando escala o golden rio há quase quatro anos três anos e meio já vai para quatro anos tomará que vá que passe disso traz - como é que se explica e Essa uma temporada tão longa e não é muito custo médio no brasil mas explica o sucesso o show em geral e particularmente a figura da 14 e também à vontade ao lado dela as moças todos muito disciplinada de cena muito disciplinados ensaios quase que diárias e o visual do show é muito bonito e as músicas são bonitas bem tentamos provar como vocês se exime de qualquer responsabilidade pelo sucesso dos shows até nossa família é Bom deixa acabar a avon está fazendo tatá começa tabom lado da batovi que trouxe lá uma cultura cênica bem europeia nem vai gadahn eu tive que modificar um pouco o meu trabalho que ela mar brasileiro na vontade e coisa e tal isso parece que agradou o público de uma faceta nova em mim tá habituado a ver a mulher é cara já é brincadeira uma coisa e tal mas diante daquele cabedal de cultura titica que ela representa para Mim e fiquei me formalizei me tornei mais elegante então foi uma novidade eu entrei dentro de outro clima se aprender um pouco aprendi entende porque a a a cultura diz pelo pé geral ensina muita gente luciano ramos ele quer fazer uma uma pergunta como o pessoal aqui olhando aquela secadinha no meio da arena estava com o pessoal tá com cara parece os romanos olhando pelos cristão gerar Porque o cenário aqui né então fiquei perguntando têm pensão e pergunta votaram sim apesar de que já deve ter respondido isso um milhão setecentos e vinte e cinco fora né os ameaços você começou lá em uberaba vinha no mercadão desviando em brincar desculpe o uberlândia em 1982 17 anos de idade quando eu comecei 20 taser por um tudo bem mas então o seguinte é é um picadeiro de circo se esse ambiente não lembro um pouquinho Um picadeiro não me lembra mais uma arena romana picadeiro não que o picadeiro havia muita alegria muita gritaria e depois aquela minha primeira porque pra mim no caso de um doutoramento mil em cada dia eu fiz uma beleza que já era assim um palhaço da cidade com a pouca idade que eu tinha então naquele dia o chelsea que encheu mais estável bastiãozinho quando ela tira nada tinha uns sete anos bastiãozinho decidido por Um vestido comprido e contradizer no bumbum e rebolando de braço com palhaço aí todo mundo achou graça e era 1923 com a lei diz luciano a gente comprava feijão a lytro arroz a lytro de complicação que há hoje até hoje o feijão chega na mesa das pessoas demora pabo então hoje o clima é completamente outra desculpe leon cakoff que antigamente o seu o seu apelido era grande otelo né grande otelo em inglês que começou Começou na companhia de revistas não começou na opel e anímica nacional aqui em são paulo era uma organização subsidiada do bolso do próprio governador naquela época o presidente carlos de campos ele tinha uma organização que a ópera internacional funcionava nos baixos do teatro municipal uma noite uma noite uma tarde maestro experimentou a minha voz porque acompanhava a minha a filha da Minha tutora nos os estudos dela de campo a noite sozinha então ele experimentou a minha voz emidio pretim pequenininho a minha voz é de tenorino ele achou que eu cheguei cantar ópera tosca aquela parte do pastorello na tocha no theatro municipal no rio de janeiro e ele achou que eu quando crescesse eu cantaria otelo seria o físico de rolar autêntico negro grande e tal já de um tatu e do hotel se quer aprender mais Um tática a parte serve no hotel na e transportada por hamilton cantei vários trechos de obras recôndita harmonia e campeão é contra mania até os resultados do hotel mas eu não cresci também não crê se resolve cantar samba resolvi fazer graças onde se engraçado então entretanto a companhia foi um sucesso naquela época muita gente não tem conhecimento disso houve no brasil uma companhia negra de revistas galã buchicho negro a primeira atriz cantora Negra aquela rosa negra os cómicos negros que não goste osvaldo viana e maestro pixinguinha essa companhia foi assistido até pelo próprio mário de andrade até agora o pretendo pesquisar um já o estado de são paulo pra vc encontra lá uma das críticas do bando de andrade o meu nome eu espero isso em 1926 26 ele vendo você será que não foi daí que ele pegou e eu vendo aquele pretinho cantando dançando e cantando em Várias línguas falando garante que foi não foi daí que ele pegou na arma que mais tarde de 60 você tem a fazer eu não tenho um tempinho mas essa ideia passou pela sua cabeça superou passou na cabeça e por isso eu quero pesquisar os jornais vale a pena porque de repente você vê o futuro de petróleo da então governo estava dizendo passei a ser um pequeno hotel pequeno otelo tanto que um colégio assinava no estudo O modelo caetano de campos na escola modelo cantando de campos e assinava otelo e como eu passei para a tutela da família queiroz também assinava hotel queiroz sair a outra história a minha causa é outra história mas uma história muito bonita também foi adotado pela família queiroz da família professor queiroz filho daí partiu do coração de jesus e assinava ainda até o que é lógico que eu passo ensinado meu nome certo sebastião Que não é meu nome certo sebastião bernardo sousa prata quando eu precisei de um contrato procacci no da urca para trabalhar com o time b que em 1939 por que lançou na realidade sebastião bernardo da costa eu não gostava do governado governados da costa desprezem peguei o nome da mãe souza e nome da família que vão para agregado prata sebastião bernardes de souza prata em arte otelo depois a crítica no rio de janeiro E batizou um grande otelo por intermédio de jardel jércolis me lançou como dizer great hotels cantando um fox que dizia assim com goleiem africa de andam bem a precária e entrávamos lado e dizer que é isso nós é um boneco nem o glamour do querosene tantos estrosi e othon dos teles andar deixa de conversa vou cantar um samba você vai se desmanchar tudo quer ver eu entrava de casaca em tudo dê certo mas por baixo uma camisa de malandro e ela começou a cantar um samba Foi deslanchando mesmo achando que tinha na casa cativa no camisa e tirando colarinho e talk camisa de malandro de santo e uma força danada mas ninguém prestou atenção em mim não onde palmas no primeiro um dos meus primeiros por acaso na venda kan também tive um pra casa aqui em são paulo eu fui vaiado vaiado em um subúrbio e que hoje é uma cidade quase o de seus usuários da revista final e quer fazer a próxima Tela ou eu quero tomar forma ainda pouco do suas cantorias né se você cantou a vida inteira mas você não fez carreira em disco não fica é o tenista é porque eu não quando eu comecei a fazer carreira em dias que josé estava no cassino da urca fazendo carreira humorística ela é engraçado fazia mais sucesso no cassino da urca do que no disco a minha voz eu usava ela de todas as maneiras e jornadas engraçado com os números que eu Fazia com a atriz delman em e as fábricas de disco então não se interessavam muito pela minha interpretação em disco e também naquela época o jardim neto dizia que eu cantava o samba paulista samba quadrado com aquilo na cabeça e custei a entrar no ritmo realmente do estado a santa missa também professora também como compositor eu só consegui gravar uns dez sambas só e entre eles num famigerado praça onze o tempo segue como é que essa história do Campeonato longo como é que essa parceria você com elivelton essa parceria quando os japoneses atacar o pior rabo eu achei que o brasil deveria entrar na guerra porque o brasil amigo da américa do norte e da samba fazer um samba japonesa entrou na guerra aí comecei a pensar bola' me lembro dos tempos de colégio ver aquela coisa deitado eternamente meses bem ao som da luz no céu profundo deitado eternamente desperta brasil desperta Brasil aí o teu amor e ser esperta brasil queremos lutar queremos vencer foi daí que tem vindo a fazer negócio está na natureza ele perguntou pra saúde você respondeu desperta brasil que eu acho que é uma é um samba oportuno para ser regravado agora está entendendo muito bem toca à frente à praça onze eu já fazia os versos falam fim de se esperar do brasil é o que josé se diziam assim que o david na ásia fez uma crônica a propósito dos projetos que Existiam na época fazer ali na praça onze o busto do getúlio vargas e fazer presidente vargas então fiquei me sentindo que eu tinha visto samba na praça onze saber como aquela gostoso animado e entusiasmado eu fiz meu povo este ano a escola não sai foi lhes dado explicações não temos mais a praça onze para as nossas evoluções ali onde a cabrocha mostrava o seu requebrado um grande homem no bronze Será por todos lembrado e queria que isso o samba mostrei para os compositores nenhum deles se interessou o elidel tomates por acaso nessa época entrou no cassino da urca onde a gente estava eu tocava s a paciência de daniel martins onde jogamos melhor que essa porcaria botou na perna ele pegou o violão e vão acabar com a praça onze não vai abrir mais escolas de samba não vai saiu a primeira página naquela época mas Viajar uns paninhos heróis numa barquinha e voltávamos uma lancha e voltarmos de barca na volta da barca o elenco martins pegou o violão novamente e fez a segunda parte essa praça onze nasceu indy numa noite uma noite uma viagem 39 rio de janeiro gostaria de fazer uma pergunta é bem difícil com os seus companheiros de trabalho sua s assim e atordoado ao título contar o grande hotel mas uma das coisas que gostaria de Perguntar a você é o cassino da urca terminou em mais ou menos 40 exatamente 41 anos 41 anos você poderia explicar eu como pdf de music-hall eu gostaria muito de saber o que foi o cassino da urca com a diferença do espetáculo desta época para agora eu acho que nós estamos fazendo parte kazan da organaria dizer que a diferença de jogo ele brinca e 14 como como mudar através da sua vida o estilo ea personalidade das estrelas com quem Você encontra sendo tudo mais ou menos dentro da história vindo da urca o cassino da urca artuzi era uma coisa maravilhosa maravilhosa porque com o dinheiro do jogo se podia fazer coisas muito bonitas inclusive a cortina tom daschle espelhos a cortina abrir se assim e à orquestra avançava 1 carrinho pra frente do palco e de baixo subir a um outro palco e dos lados havia palco também então quando todo mundo estava em cena aquele era um deslumbramento e ali Naquele cassino da urca maior brilho é na linda batista a voz maravilhosa eu tinha por encargo fazer as cortinas com a dell maia graças a deus muito engraçadas na época e todo mundo achava muita graça então a linda batista era a estrela cantora e eu era o astro ator que fazia o ator o cassino da urca trabalhou grandes atores como mês que tinha manual pêra e com grande sucesso porque o público realmente é um público brasileiro e Prestava atenção nas piadas que eram brasileiras e um sucesso tanto poderia ser das nossas estrangeiras as gamas queriam pro casino como podia ser meu e daniel maia ou então do mês que tinha ou dohmann pêra falando já aqui ratinho trabalhou no cassino da urca fazendo piada jararaca e ratinho 2 norte cestas com muito sucesso tatuzinho do rio grande do sul trabalhou no cassino da urca com muito sucesso a de lugar pra todo mundo todo mundo fazem Sucesso hoje em dia se você trabalhar num ambiente como cassino da urca com todas aquelas circunstâncias você teria muitos mais aplausos do que tem no scala que é um público muito heterogêneo se bem que você esteja preparada para este público heterogéneo conforme disse à sua cultura artística que você trouxe da europa o seu amalga mento foi uma coisa maravilhosa que eu respeito de uma maneira incrível é dizer que não se possa formar artistas brasileiros com a Mesma disciplina que você tem pode se formar pode fazer ela nós brasileiros não são muito disciplinado nessa qualquer tipo de serviço né trabalhei com josé carlos manga muito disciplinado vitor berbara muito disciplinado trabalhei com essa minha ao final interessante disciplinado também trabalhei com walter walter campos muito disciplinados em geral têm encontrado de retornos disciplinado e é com ele que nós somos é nós somos Companheiros de trabalho né então que essa disciplina você me elogiou muito porque eu sou uma pessoa é muito disciplinada só mesmo porque eu gosto muito das coisas que eu faço é melhor 1 e d10 medo até de uma tela a tela não vê hoje como não vem e nós temos um número assim que foi preparado que aliás é o número mais bonito do espetáculo que foi preparado para homenagear essa grande figura que é o grande otelo então o dia quando você não vem de repente Você fica né não sei o que acontece no homens e baixando bernardo sousa trata aqui de repente não aparece então esse lado e acho que muita gente gostaria de saber o que passa gostei baixam bernardes atleta que não é não é tão disciplinado se é um cidadão brasileiro sebastião bernardo de souza prata é diferente do grande otelo grande hotel é um ator que o sebastião bernardo zapata é um cidadão brasileiro Preocupado completamente com todos os problemas do brasil exato porque todos nós queremos ou não queremos de qualquer maneira a gente se preocupa por menos que a gente queira e isso um baratinho às vezes eu tenho vontade de trabalhar fico meio do seminário é exatamente até agora em tela escura não vamos ver vamos ver um trechinho agora terão justamente o ver justamente um trechinho agora do macunaíma que eu queria depois que você falasse já tocou Mas não quero que a minha pergunta de onde conseguiu 10 e volta pra falar das coisas em bica ea natureza é essa pergunta pode achar que não deixa você esquecer não vê um trechinho do maculelê lugar na época [Música] brincar na loja de artigos 4 ela transporta a menina muito inteligente em primeiro macunaíma passou mais de seis anos não falando de investimento deverá perceber A cabeça da u quando o trabalho de todos e na força do estado é coisa do coração qual você não fala não é essa eu e esse é o retrato do cidadão brasileiro nato bilhão continuidade você vai ver que é mais ou menos o cidadão brasileiro porque esse mapa da ema que tá aí ele pois ficou branco ele virou branco segundo mário de andrade e realmente o cidadão brasileiro quando bota um sukuk quando toca na casaca ele se Torna outra pessoa aí ele fica branco que no fundo é preto tem uma cruz brasileiro traz dentro de si o português um negro eo índio ame o uso da fibra saudade de alguém a própria desta raça é do do índio o amor à pesca e à inclinação a caça não é excesso de carinhos e dizê-los reflete do africano o doce coração e às vezes nos cabelos aquela ter manente ondulação e harmonia vivem sempre os 3 enquanto negro bebe eu ame batalha o português trabalha mas a China os predadores da graça uma mulata passa quebrando as ancas e laicista jogo o negro dança o bugre pega fogo português avançou a idéia não é só meu é o na tuna e me que o cidadão brasileiro que quer responder pergunta de marina estava movendo a risada agora a palavra de josephine baker faltam pois é gtb que foi um dos momentos mais mais importantes na minha vida porque quando eu trabalhei com o time b que no cassino Da urca trabalharam mais 12 outros negros um cassino onde eu entrava pela porta dos fundos por que não pôde entrar pela porta da frente negro não entrava pela porta da frente enquanto o negro foi contratado para trabalhar no palco isso pra mim foi um orgulho muito grande eu gostei de ser 11 a pessoa que encaminhou aqueles cidadãos brasileiros para um espaço que eles não poderiam ocupar se eu não tivesse ocupado o primeiro foi por intermédio de uma Música dos ingleses que era uma caricatura é a chamada originalmente namoro onde preto depois que passou a se chamar boneca de piche dos ingleses e do ary barroso ganha danado com meus calo quente que quase focado nos meus colarinho luís peixoto armou o casamento de preto onde eu era o noivo e os outros negros eram os convidados e havia uma coreografia muito bonita muito gostosa então por um espaço maior que se abriu para a raça negra brasileira Isso é plausível projeto ano um cassino da urca nessa época a linda batista que era a estrela do espetáculo ganhou 500 a 1 500 mil réis mas você ganhava 300 e agosto o conto de réis por mês numa entrevista você disse que ela ganhava 500 é mais por dia você vai ler um conto de réis por meio dela mais do que ela não senhor ela ganhava 500 mil reais por dia a por dia bom então vejam bem porque você ganhava Menos e naquela época aí aí você diz os pretos entravam pela porta dos fundos hoje vamos nem entrava no caso da também entrado porque naquela época a educação dos pretos brasileiros era muito menos do que a educação de agora hoje um preto brasileiro sabe conversar sabe se vestir naquela época sabia - sabia mas sabia - você estava falando das diferenças entre entre ser um cantor um astro no cassino da urca naquela época e hoje eu vou Reunir quando assinamos o você vê discriminação ainda hoje no brasil completamente a discriminação existe totalmente pela sua pergunta a gente sente que a discriminação existe se não existisse você não teria necessidade camisa perguntei para perguntas e o que você acha que devia acontecer para que essa situação mude como é que você vê essa coisa do brasil de hoje e em que essas discriminações odiosas ainda exista isso só com o tempo com o tempo e Com principalmente a educação porque a educação é que torna os homens mais e mais se diz mas se aproximarem mais sabendo a educação você se aproxima de uma pessoa qualquer qualquer pessoa pode se aproximar de você construiu e diz que a visão do im eu me considero ainda discriminados voltando das vitórias foi discriminado porque eu me tornei um grande atleta mas um benedito da silva é discriminado porque porque ele tem pouco poder Aquisitivo e não se educa não pode trocar ele bem que gostaria de botar uma gravata um sapato bonito melhor do que o meu até que eu até já está tudo aqui do lado é mas eu sempre disse que nunca sentiu na casa preconceito racial nunca sentir peruano tem um motivo o seguinte quando era criança na minha cidade de uberabinha o andré orlandin qualquer passageiro que chegasse qualquer viagem de chegar cedo dizendo que quer que eu Cante pessoa escutar e eu cantava pra escutar que eu tinha aprendido duas canções que a pequena minha amiga dona de um hotel latão começa tinha ensinado então cantavam e davam questão uma vez que cantei o cara não me deu que estão aí eu passei a cobrar um tostão adiantado mas aí eu já fazia amizade o meu levo meu bate um papo tal coisa a gente ia conversando e eu mostrava a cidade pela cidade pequena mas tinha coisa pra ver e eu mostrava que sempre Entram e é isto que tem que acontecer mas entrava sempre dentro de uma certa educação se o não se onde de santo quando ele me dava permissão você quando se tornava meu amigo eu tenho muitos amigos até hoje uberlândia e tenha muitos amigos espalhados por esse brasil todo que a minha amizade começou assim eu vou te contar um caso muito intensas quando eu resolvi ser artista já adulto eu tinha saído do coração de jesus mesmo colégio que o paulo bento estudou Eu tinha saído do coração de jesus já tinha noções de inglês de noções de cansei e me davam às vezes deste ano dizem francês eu sabia pronunciar mas eu me dirigia com o primeiro ator e dizer a ele senhor pode me ensinar como é que se pronuncie isso aqui ele aí ficava todo orgulhoso e me ensinava já muito obrigado foram amigos a esmagadora a ii é s em julho mas não escalou que o negro pra subir pra se integrar na sociedade teria Que ser engraçado é o seu caso não é único não tem que ser engraçado ele tem que ser tão honesto quanto você é você está há três anos dentro de um show no qual tomei um dia nós é isso a ângela marciais da folha quero fazer uma pergunta quero sempre o título de reais e usando expressões usando boca usando próteses são incríveis mesmo agora você você acha que esses tipos que você criou poderiam de repente ser usados por pessoas que têm preconceito Contra o negro para reforçar aquele mito do negro que é bonzinho negro que é engraçado alegre você sente que isso foi usado em alguma vez foi foi muito usado por exemplo chocolate chocolate tinha mania de contar uma piada de um branco correndo é um atleta eo mesmo correndo todo mundo gritar pega ladrão então os brancos usavam muito tempo isso para nos dividir mas é foi tanta força que negro criou dentro da educação e dentro do progresso Que esta piada deixou de ser engraçada então eles podem me chamar o gene a de negro ou de preto que pra mim tanto faz como tanto fez eu sei educação que eu tenho eu sei o quanto valeu eu sei que eu sou um cidadão brasileiro eu sou um ser humano e tem direito a tudo quanto um ser humano tem um cidadão brasileiro no brasil tem também como cidadão brasileiro você acha que essa coisa que ficou do mário de andrade do macunaíma o Herói sem nenhum caráter se você pedir se identificar não sei como você quando você entende ter se identificado mas o que você acha que é ser brasileiro mesmo se tem a ver com macunaíma ou não com o makunaima que você fez hoje no hotel por exemplo estava fazendo o reparo os hotéis chiques só servem comida francesa só servem cardápio francês foi uma coisa que ficou a a apolinário brasileira por exemplo desapareceu desapareceram por via da grande aculturação acompanhamento Com cobrança é chique a nós a chic o kindle só porque não tem feijão e arroz porque quem não tem só pago porque não tem porque nós achamos que fica mais elegante ficar mais distinguir fica mais interessante e eu acho que isso é uma besteira nós eu acho que é uma bobagem nós eu acho que o mario de andrade justamente ele se diz ele organizou essa coisa se você lê o banquete de mário de andrade Você vai encontrar nessa língua e ironia em cinco personagens a se amar a polga o político é político e ministro da educação taieb encontrar na numa não me lembro o nome dela vocês não por acaso alguém leu aí o banquete de andrade não não vai encontrar uma inglesa que é ele o importante vai encontrar um estudante por que não liga nada e vai encontrar um filão um compositor assim o maraponga não canta músicas Brasileiras ela só canta músicas estrangeiras porque é chique foi esse o quadro que mário de andrade viu e focalizou dentro do livro o banquete e unindo esse livro as diversas situações que ele encontrou em 26 25 e 26 no brasil ele criou esta figura caricata do homem brasileiro que na realidade não é o homem brasileiro porque o homem brasileiro não é um herói sem caráter Alguma vez você recusou um papel ou um show algum trabalho porque isso iria a favor dessa imagem deformada do negro você conseguia digamos driblar esse tipo de personagem fazendo o contrário do que se seguiria não eu nunca recusei eu nunca recusei o papel dessa espécie porque eu nunca me achei o negro representando eu sempre achei um ator representando o grande hotel tem uma pergunta o espectador que vai assim mas na linda pergunta dor de Mar conta do ângelo bittencourt ele disse aqui que você já fez muitos shows para presidente político o ctc ele pergunta se você já se recusou uma vez a fazer um show para algum político o presidente você discordar politicamente de kent convidou o ator na sua essência ele representa pra qualquer pessoa então qualquer público ele tem que se adaptar ou a pessoa ou público ele tem levar para o trabalhador o Refrigério das horas que o trabalhador fica trabalhando assim como tem que levar para o político a boa vontade naquelas coisas que o político vai ter que resolver como tem que fazer aquele público está ali na frente dele rio e achar graça do que ele faz ou então tem que se comover dado o script quem recebe esse é o ator o ator não se recusa a dar a sua arte a ninguém ele dá a todos o ator não se pertence o Atual pertence à personalidade que conversa com ele op o público que está assistindo a um colega de escola que se fala em são paulo o ex colega de colégio não é só o fato primeira vez que tive grande hotel no cinema uma coisa engraçada disse mas não lembro se era o assalto ao trem pagador ou se era nem sansão nem dalila foi assim em sansão nem dalila eu não fiz e não fez então era assalto ao trem Pagador na na igreja na igreja de nossa senhora auxiliadora no colégio salesiano as sessões de cinema quando passava um brasileiro quando não era gordo magro quando passava um filme brasileiro a imagem de nossa senhora auxiliadora virado de costas será o filme e você também foi foi está dizendo então você falou muito e disciplina é como um valor que você preza educação essas coisas todas e você tem toda uma tradição ligada ao Cassino da urca tal tempo é você tem toda uma imagem quase do carioca você é um prazer quase o carioca é por essa ligação queria que você falasse um pouco do interior do estado de são paulo com qualquer experiência tua com relação à anterior que você acha suas andanças eu vi muita coisa você teve piracicaba e ribeirão você viajou este lado aí que eles falam uma coisa do interior do estado são paulo eu gosto mundo entretanto são paulo que eu conheci mas Eu não conheço mais no interior do estado de são paulo não penso mais são paulo e tua relação como é que foi mudando e como é que a sua relação com o diretor eu trabalhei com henriqueta brieba e eu falava para ela mais ou menos como ela queria cena de repente ela falava assim você quer que eu faça um arco como é que foi esse lance como é que a evolução do trabalho com relação às orientações que você tem recebido dos diretores através Desse tempo todo e não recebi orientação do dito depois da orientação do diretor eu conversava com o colega e de acordo com colegas no dia do nosso jeito disse isso sim é assim então nós vamos fazer assim e ver se cola se colar e isso foi sempre assim foi mudando você sempre terá capítulos sendo assim com oscarito por exemplo eu não precisava conversar com diretor falava conosco em nós vimos francesa e fazemos em geral ficava único vetor no meu caso nunca achei que o Outro só macedo que eu fazia as coisas com os caretos depois ele cantava mas depois ele filmava se uma empresa não se a moça agora eu tive uma passagem que eu levei a minha infância eu quando era garoto e atacou a vovó se humana que é a minha bisavó pelas fazendas porque é a pateira curiosa e ia para a criança mas eu via cinema no mato grosso que tem não em minas gerais também tem eu via cinema e queria pegar cinema então eu ia devagarzinho devagarzinho que andam ali Transitam na manifestação ocorria ela abre as asas e voar bomba quando eu falei em liberdade nuno se a moça na novela sinhá moça eu transmitir a imagem da siriema era uma coisa que tinha devagarzinho a liberdade a gente vai devagarzinho quando a gente corre também dá liberdade a liberdade boa ea gente não canse se criou esse texto eles clientes texto e o autor deixou e o dia todo deixou também uma política que é mais interessante é Eu eu como os 51 paulo deve começar a ver você no cinema porque a gente eu nasci no ano em que fechar o cassino da urca ele também deve ter nascido depois agora a gente conhece você também de televisão como ator de novelas em que o apresentador como entrevistador de de um programa da tv educativa eu fico pensando como é que é o grande hotel que mora em são paulo vê seu trabalho no rio de janeiro um ano shows que você faz um teatro tudo como é que Será que o otelo no palco como este aqui é o hotel no cassino da urca não fico me perguntando quem era melhor do que era melhor mesmo que a gente via no cinema ou não no cinema realmente é que é o seu grande talento olha eu sempre fui a mesma coisa sempre o mesmo leque diante do público o diante de uma câmera de televisão ou de cinema eu sempre fui o mesmo leque a coisa minha cabeça eu fazia na hora com oscarito eu tinha só to caído pensava Junto comigo com a dell maia eu tinha sorte porque ela praticamente pensava junto comigo já trabalhando com avatar rose pela disciplina que ela tem outros desafios brincadeira como é que nós temos uma entrada que eu digo tabuleiro da baiana tem um olhar fazer um rebolado assim é cair sentado nesse dia não cair sentado ela foi apanhada de surpresa caiu na risada mas trabalha com valeu valeu a pena mesmo enfrentando a crise parece tático E contagiou o público ea coisa funcionou no cinema a dupla com oscarito funcionava às mil maravilhas com que também funcionava com golias não deu certo e ele não deu certo seu nome é luciano luciano o que acontece é que age quando foi trabalhar com monia eu já estava com uma fama desmesurada de fazer coisas em que o colega esperasse então bolhinhas ficou na defensiva descoberto aí não deu agora no meu relacionamento Com oscarito era um realmente maravilhoso ele é um cara aberto pra mim e eu ficava aberto a ele então as coisas que vi um gênio recebia bem e jogava e as coisas que eu mandava pra ele recebia bem e jogava e às vezes coisas que combinavam maravilhosamente bem e o diretor deixava e hoje careta e na vida fora do palco na vida para do palco ele tinha de nada de mim eu tinha minha vida eu tiver um problema nunca tivemos problemas de discutirmos Nem de alencar luz um comum nessa época você queira sempre vai ser lançado nunca tivemos isso quando não gostava de sair pela porta a porta usb box na tela é você há pouco tempo é convidado para participar de uma festa nos estados unidos já que você é um grande amigo de orson wells e esta festa não foi esse convite não foi concretizado embora nós tenhamos saber o porquê no 11o o o o porquê do convite realmente não foi concretizado É um caso muito sério nas duas outras coisas vão bem porque dilma é mais ou menos pejorativa de toulon mas é muito difícil para o gênero humano fazendo sucesso já não localiza o sol brasil em qualquer parte em qualquer profissão aquele que se destaca ele tem a opção de óleos de olhar de cima dele normalmente quando ele pertence praticamente a uma comunidade discuta em muito a respeito dele vou te contar um caso e que se deu com notou josé luiz Magalhães vezes ele me chamou no escritório dele início tello você tem trabalhado tanto não tem feito nada para mim eu vou financiar um tempo pra você já não posso fazer o filme porque eu não entendo nada de orçamento não entendo nada de filmar eu sou sem representar eu vou trazer alguém aqui para que os eu converso com ele e depois a gente então faz a coisa chamei roberto farias roberto farias Conversou com zé luís magalhães lins a arranjar o financiamento para um filme que se chamou selva trágica e deu várias idéias de quem poderia fazer o roteiro do filme como é que seria o roteiro do filme seria minha vida se seria uma história qualquer em resumo o meu filme não saiu e é isso que acontece quando alguém não tem notícia direta daquilo que querem que ele faz eu tive no disse direta de que eu deveria ir a paris representar o Cinema brasileiro uma semana que houve e foi na aci no ar mas eu tive essa notícia diretamente não depende de mim então eu fui fazer assinou a eac eu quero agradecer publicamente a compreensão do empresário que eu tenho agora que o chico recarey ea compreensão também da minha colega watusi eu faltei neste festival voltei quando voltei o show estava lá eu entrei no mesmo lugar e ele não me descontou nenhum tostão foi o primeiro empresário que eu tive na Minha carreira física e compreendeu que esses eventos que eu faço essas coisas que me acontecem só podem melhorar só podem fazer bem à imagem do espetáculo totalmente por isso várias de seus usuários quer fazer perguntas um pouquinho mais de inflação ao ator não é que às vezes não chega pra você certas coisas mas alguém disse o campeão que também coração o ator negro o que falta no brasil são textos destinado a esse tipo de ator que se diz Com essa brincadeira que fez enquanto televisão fazer novela escrava por empregar essa mão de obra que é um negócio que parece ter aderido que você acha contexto diretamente para o ator negro fazer fora que ele seja sempre o eterno empregado de ser eternamente o há uma exceção aí plínio marcos firmino matos fez um texto que não era branco japonês a índia a cultural dado de pele dele tal como dois perdidos numa noite suja dois Atores negros conseguiram financiamento e montar onde o texto no rio de janeiro há textos que a turnê no o ator branco ou vermelho ou de qualquer outra cor pode fazer porque são textos que estão dentro da humanidade dentro um dos acontecimentos da vida e plínio max foi um dos pioneiros nesse sentido fez um texto de si e o ator paulão eo ator antonio pompeu antônio campeão representou uma maior numa boa no teatro delfim e pretende com o brasil Todo com esse texto do menino marcos grande até então a uns textos que naturalmente eu nem mesmo a balançar ia fazer porque realmente não só pra mim mas eu acho que a maioria das rodadas por exemplo poderiam ser feitas tanto pelos atores negros com por atores brancos agora que nós temos um plantel de atores negros e brancos que vale a pena não temos muitas atrizes - mais atores nós já temos lento no hotel eu vou te Pedir licença todo mundo está participando da vida nós vamos fazer um pequeno intervalo daqui a pouco a gente volta então com grande otelo no meio da roda viva que a gente até para tal se universidade [Música] ae [Música] voltamos então com roda viva esta noite entrevistando grande otelo eu lembro as pessoas têm em casa pelo Telefone 252 6 525 252 6 525 qualquer pergunta pode ser feito um grande hotel você antes de começar o programa não agora nesse intervalo e do comercial é você fez o sinal da cruz antes de começar o problema foi o vento está no ar vai começar o programa silêncio por favor você fez o sinal da cruz rapidamente provável supõe pedindo proteção você na sua juventude foi ligado ao partido comunista se não me engano a juventude comunista como é tem Gente já vê votar em você é baixa isso aí eu sei algumas coisas em você você e então você tem esse lado seu de na juventude tem sido ligado ao partido comunista gostaria de saber como é que você pensa hoje como é que vc vê isso e evoluir a um socialismo eu acho hoje que o partido ideal para o brasil seria o partido social brasileiro 150 você tem que pretendeu se candidatar a vereador pelo ptb mas a gente leu aqui que a direção do ptb e vetou seu nome eu Gostaria de saber porque eles me disseram que vetarão meu nome porque não sabiam que sebastião bernardo sousa prato era grande até o fim mas será que não haja algum preconceito ea funcionar e como é que você continua ligado você continua ligado à iaa ao varguismo em termos de política não você tem o tempo tem noção sabe perfeitamente luciano que o homem como eu na época de vargas tem uma grande admiração por vargas e respeita vargas Apesar de hoje vai conhecer que vargas teve os seus repentes mas ele teve mais acertos do que defeitos então hoje em dia com o progresso da mentalidade brasileira com a maneira que o povo tem de pensar com avanço real do socialismo era natural que o venerasse o cidadão vê nancy não é bem isso que admirar se continuasse admirando o cidadão dão vargas pelo tempo que ele atravessou as coisas que ele passou e com eles Sobre enfrentá las e como ele é de certo modo quando viu que não podia mais aguentar a situação ele preferiu desistir de vez de tudo a continuar vendo aquilo que ele estava politicamente analisando e sabendo que poderia acontecer no brasil e no mundo porque hoje na minha opinião já que você tocou nesse ponto você me leva a a a discutirem isso a hanói discutir a falar sobre isso é o mundo inteiro que hoje sofre uma pressão de grandes potências e Principalmente américa do sul américa do sul sofre mais atenção das grandes potências porque digamos a europa é uma terra cansada os estados unidos são ambiciosos a rússia tem grande extensão gelada inaproveitável ao passo que a américa do sul você em tal modo é da de voz a terra a quem nela se plantando tudo dá e isto é uma coisa que realmente desperta cobiça tem uma má pergunta a Gilmar de um telespectador é da vila madalena assis barbosa desculpas barbosa não se esgota vale errado aqui na vila madalena que encaixa perfeitamente no que você está falando você acha que o brasil de hoje está mais para a comédia ou tragédia está numa encruzilhada e eu tenho certeza que com a nossa força com a nossa inteligência com a nossa maneira de ser nós vamos sair desta encruzilhada para o Melhor caminho em plena e absoluta certeza porque eu já vi situações mais ou menos parecidas não iguais que realmente agora as forças aquelas forças funcionaram em 1960 61 estão funcionando com muito mais força com muito mais violência e uma vez pensei eu trabalhei durante a guerra para os soldados sediados no norte no nordeste eu tenho direito além de praia que foi que foi abolida pelo pelo no pêlo pelo Castelo branco mas eu pedi inter teria de ter essa lei e porque eu trabalhei para o soldado seu tamanho do esforço de guerra essa coisa antônio então eu pensei com meus botões sozinho brasil podia ficar 20 anos com esses americanos que seria uma boa porque o dia que os americanos chegam um lugar cheio de árvores cheio de mato e tal e de repente os americanos 123 dias já construiu uma opção de casa já aconteceu Uma pulsão uma vez não tem uma casa dessas caem nome e do lado de outro só tinha americano ea bandejão é bandejão ficava lá no fundo e então tinha que ir lá para cá o bandejão e atravessar pelo meio dos americanos através da assim olhando pelo lado do vozão mas não podia deixar de reconhecer a maneira que eles têm de trabalhar porque não nos estavam prejudicando e hoje em dia a maneira que eles têm de trabalhar está nos prejudicando que ele certo modo Na minha opinião nós estamos pagando uma coisa que a gente já pagou a mãe quer que eu queria que você por favor responder se agora uma pergunta do diretor de teatro e ator também o carrossel é ela entra ali por aqueles monitores por favor o grande otelo sou seu fã eu acho que você uma hora todo o brasil de todos os tempos a pergunta eu queria te fazer o seguinte como é que foi o seu trabalho ou orson Wells meu trabalho com orson welles foi mais um trabalho de boa vizinhança entre o brasil ea américa do norte porque ora sinalizam me conhecer tomamos simpatia por mim e praticamente esqueceu que ele tinha uma obrigação para com o departamento de estado americano então dizendo me filmar de todo jeito e eu conversava batia papo com ele bebia cachaça com ele foi ele que inventou o sangue berlinck a cachaça misturada com com coca-cola Italy coisa fizemos uma grande amizade mas artisticamente o trabalho não pode ser visto deve ter rendido por que naquela época como hoje até hoje depois que me solta na frente de uma câmera depois começou tô num palco eu não quero saber se tem diretor não quero saber se tem roteiro eu quero saber de fazer é a essência daquilo que tem que ser feito de acordo com as minhas próprias palavras e tenho tido sorte Porque as minhas palavras não tem ofendido a ninguém e meu pensamento de fato não é de ofender a ninguém então o orson wells foi o meu amigo e não meu dito o leco o episódio não sempre calmo o rei do rio [Música] ele é um texto em inglês de duas páginas bem meu inglês não pode ser de duas páginas de brasileiro né quem tinha que fazer aqui em uma semana eu ela jogue ea bela dinheiro em jogo é Fiquei pensando será que escava pagar será que esse alemão vai pagar grande e também porque a pessoa tem de decorar esse negócio vai ter pra decorar uma data decorar tá chegando a hora de filmar e terá sempre de prova rompimento a roupa e tal e vamos filmar vamos filmar quando chegou lá em cima quero falar inglês e wilza jeito todo escrito em espanhol ela se espantado botou a mão na cabeça Pegou o script já jogou falar e ficou cinco minutos assim eu vou passou a raiva ele voltou na espanhol mexeu moisés pão e eu conseguir fazer o caos quis estragar cena claro que isso é um sujeito rito de se lidar aí eu consegui fazer no rio durante todo o tempo em que estivemos na la em iquitos no peru ele não ia não se apresentava para lançar o jantar junto com a gente é um sábio sozinho e sempre De cara fechada naquela semana e viu na tv porque eu falei espanhol psico tanta coisa e tal e que tinha que fazer é muito gostoso que tinha que fazer era pedir ao engenheiro que não levasse à máquina ou quem deixasse um pedacinho de trilho para que eu pudesse votar naquela falar ea máquina pra cá porque eu estava ali há dez anos cuidando e esperando que se fizesse licitação crânio sandy na cabeça os andes de trem e se Existiu foi verdade você que não saiba é essa relação com o episódio foi uma coisa mais tensa com a som eles que estava contando parece que foi uma coisa prazerosa vocês trocar informações afeto o que exatamente quando você receber o dinheiro por bonitos outro que embora o filme tenha terminado você foi pago dinheiro recebido dinheiro eram por que os crânios que trabalhava os negros que trabalhavam num filme recebeu um tiro que receber 75 cruzados mas eles eram Empresários pela lei todos os prazeres então todos podem só dava 70 ficava com 50 empresários pelo gerente lá do do orson no regimento e era um aquela com quanta que ela meu deus do céu eu consegui juntar 10 mil cruzados 10.000 cruzeiro naquela época diz outro eu nunca tinha visto tantos dias da minha vida porque na urca eu ganhava 500 nessa leva o conto de réis quando trabalhava quando não estava trabalhando em ganhava 2 quando derrete quando Estava trabalhando por mês 2.10 ali eu trabalhei 15 55 dias são dez dias 500 mil em desconto de trabalhar com ele porque parece que ele sempre citou você através da vida dele como um grande ator com uma grande referência cid de interpretação de representação não utilize mente eu tive mais oportunidade de ver não há mesmo assim teve várias oportunidades de desenvolver uma carreira internacional odissey foi convidado pela casa e Miranda pra fora a menina teve também uma oportunidade de fazer 15 claudia cardinale você não pode por dizem as entrevistas contratos que você tinha um cassino da urca ou com copacabana ou por alguma outra força opositora que não está registrado aqui na na história tive também uma oportunidade para ir à broadway com o caso machado mas o caso na chave não me levou porque no night a Menina ficava ninguém eu tinha que ficar aguentando o elenco do mais violento ele foi com o elenco manga também segurou cb manga eu estava trabalhando no copacabana palace no show frenesim e fui convidado pra itália para terminar o filme que eu comecei aqui terminará bem terminar foi que o produtor viu meu trabalho no filme e achou que eu merecia mais algumas semanas e mandou me contratar eu mandei então pediu 15 mil dólares também Libertar por aqueles dias naquela oportunidade no copacabana palace havia o milton gonçalves quer o meu é regra três domingos alves tinha toda a minha roupa tinha todo o meu repertório e era tão ator ou mais ator realmente do que eu eo manga não quis saber e soltaram a tela quero 15 mil dólares mas o que te prende aqui porque você não aproveitou de alguma maneira você tem esse cacife pra trabalha aí internacional por onde o Adriano não que não quis pagar os 15 mil dólares quando põe todo o negócio da da américa que a carmen miranda me chamou eu estava em poços de caldas civil telegrama de um banquete muito grande que eu acabei não pagando banquete depois encontrei um garçom que a mãe querendo bater ignora por rio de janeiro cheguei no rio de janeiro foi lá na praia do sol ela já a peteca e sempre rola eu vou para os estados unidos ele Disse não vai não porque eu não dei licença eu tenho uma quando se concretizou o contrato rola botou uma casa 50% da urca e 50% pra mim os meus 50 por cento eu não poderia pagar o imposto de renda lá nos estados unidos então que eu iria ganhar muito pouco e não vale a pena levar por ela há pouco um álbum disney disney teve na américa do norte o outro rapaz que o zezinho zezinho do banjo o carioca que um paulista que eu acho que Nenhum de vocês conheceu que ele foi na américa do norte a mãe de um dos anos tenho lá muitos anos hoje em dia está no rio de janeiro quase não aparece mas o zezinho do banjo estava na américa do norte nessa época e tinha faculdade limitar a minha voz então ficou o zezinho do banjo fazendo a voz do papagaio no meu lugar no filme do álbum disney eu sempre tive um empecilho é aquele tal negócio o terno mas até não dá ou até não b em uma Tela não chega otelo deb otelo no e eu fazia a mesma não ia combina a da vacina 80 e eu continuo fazendo a mesma coisa olha tem um depoimento de um telespectador aqui todo mundo aqui conhece que está desmentindo está falando bem de você tá falando mal de você responsável é o benedito ruy barbosa que é o autor da novela sinhá moça na tv globo lhe telefonou me deu até que mora aqui no planalto paulista no dia seguinte em sinhá moça a sua Última participação foi a sua última participação na tv globo você disse há pouco que o é isso esse é o benedito ruy barbosa falando a você que você disse há pouco que o homem autor da novela benedito ruy barbosa queria dar o meu testemunho de grande otelo vamos maior uma das maiores alegrias da minha carreira no seu papel foi um exemplo de dedicação e amor foi um prazer que você no elenco disse a moça está transmitindo uma hora ainda Que o antigo museu foi um escorregão e pegam agora tem tem pergunta quero agradecer ao benedito ruy barbosa esse depoimento que ele dá publicamente do meu trabalho e se a moça e e quero dizer a ele que o o personagem que ele me deu em sinhá moça era o meu próprio bisavô [Música] vovô marcelino eu deixei crescer a barba fiz a expressão corporal o meu bisavô e que era praticamente a minha capinando No meio mandiocal capinando e botou na areia em volta dos pés de mandioca então ea minha voz também eu pude conseguir dar uma entonação do voo do meu bisavô de maneiras que o benedito ruy barbosa é pra mim o o autor que contrapondo o que disse ali o meu querido amigo josé dirceu é um autor capaz de escrever para negros dentro de uma época e é capaz também se ele quiser escrever dentro da época atual um argumento só para lembrar o pé súbito Que você escreva um bairro rápido porque assim olha o leon cakoff tá louco para fazer uma pergunta mais anos 80 engraçado isso é interessante tem muitas perguntas de telespectadores querendo saber da sua situação financeira hoje eu vou ler as perguntas você vai responder isa camargo que é da vila prudente em são paulo a outra é como é que agora pelos filmes shows que você fez você não é um homem rico já está afirmando isso aqui o que você fez com o dinheiro todo Que você ganhou a pergunta da isaca amarga pergunta luís gustavo do paraíso sendo você é um artista tão famoso principalmente no mundo onde o preto não têm vez porque você não conseguiu destaque econômico e financeiro tão importante quanto pelé pergunta do luiz gustavo paraíso pelo todos juntos e joão antónio marques de santo andré cidade aqui durante o são paulo você é rico tem bastante dinheiro com todos e todos os anos de trabalho você foi bem remunerado Você é um homem rico tô tentando joão antónio marques que a pergunta do wanderley agostini leto da cidade americana aqui no estado de são paulo você é um cara rico ou como muitos artistas que são famosos e sem dinheiro senhores chalita no passado no passado eu tinha 21 anos 22 anos 23 anos até que eu cheguei aos 40 anos mal acostumado desde os 20 anos solto no rio de janeiro um rio de janeiro gostoso como é até hoje com a Educação que eu adquiri aqui em são paulo por conseguinte cantando bem as pessoas tanto os homens quanto as mulheres que se aproximavam de mim os homens não tava bem quando houve alguma resistência eu tentava lhe pagar o almoço para 11 um jantar para um ser vegetal cozido picado meus amigos ou fingiam meus amigos e eu então estava dinheiro com amigos e as mulheres eram muito bonitas e eu muito jovem e eu muito jovem Isso é uma coisa uma parte das perguntas segunda parte o papel o ator quando recebe um papel chamado cara pulsa muito raramente ele pensa no dinheiro isso é até hoje qualquer ator sergipano fazer a mesma pergunta por paulo betti que eu não estou olhando pra ele vai responder mesma coisa um papel que de projeção que ele sente que aquele papel vale dar maior projeção na idade do paulo ganso não está fazendo muita questão de dinheiro não faz questão Porque afinal de contas a gente precisa me ver mais um bom papel no papel que de proteção realmente ele não faz muita questão do dinheiro então porque afirmado isso está a falar é um financiamento é ele está ele já como se diz que não é bem financiamento e no investimento que ele faz em cima dele mesmo esperando melhor dias que ele possa ser o dono da companhia com o cartaz que adquiriam e ganhar mais dinheiro A pergunta estranha será coisa terceira coisa foi seu suco rico é se você é rico olha o trabalho por exemplo com chico recarey isso é muito importante o chico recarey tem um elenco de brancos e negros foi a primeira coisa que eu notei que é um elenco que não é pequeno são moças que tem um sonho na vida de alguma vez que algum dia poderia fazer alguma coisa isso me tocou muito fundo eu como um pioneiro pode se dizer entre os negros Do brasil achei muito bonito a condução que o chico recarey através do mal disse sherman tem dado ao trabalho dessas moças a moças que estudam de dia e trabalham de noite a moça trabalham de dia e trabalham também de noite isso é uma maneira que eu falei há pouco do negro se integrar realmente na sociedade brasileira eu ia fazer contato com chico recarey se ele me deu a palavra dele ele me deu a palavra está certo que avatar rose fez Um grande trabalho na europa se esforçou muito na europa e da via com o cartaz europeu negociou com ele eu não negociei com chegou encarei chegar e treinar e me prometeu um dinheiro que não deixou de pagar nunca eu aceitei aceitei porque aquela turma que estava ali trabalhando que está lá trabalhando tá tendo ele vai ter no futuro maiores oportunidades porque é uma espécie de escola da qual eu nem considero o mestre só perguntava tudo porque é mais Disciplinada do que eu leon cakoff tá muito tempo eu digo o que penso que será que o pessoal que ouviu a resposta entendeu completa mas não quero completá-lo espero que eles tenham entendido os meus vários motivos em que eles compreendam que isso é coisa da vida que a vida é assim não não a última parte na última parte é uma questão de estabelecer uma liderança não liderança daquele líder que mandou que faz não é uma liderança de conduta Das pessoas você senão você deixou de responder uma coisinha você tá rico ou não tá rico eu estou estou dentro das necessidades eu estou atravessando este terceiro cruzado valentemente então eu queria saber se tem nessa sua trajetória toda algum alguma ponta de frustração artística você é considerado o maior ator brasileiro mas já disse também que os cineastas brasileiros nunca souberam Explorar o seu potencial artístico isso é uma frustração sua onde tempo que eu admitiria estação minha mas hoje eu tenho que admitir por exemplo ali o fernando me entrevistou há 16 anos atrás eu disse a ele que iria ser diferente e é diferente eu pensava também que era maldade má vontade dos diretores dos autores do pedido do do povo intelectual brasileiro com relação a mim por causa da minha cor por causa do meu tamanho eu pensava isso Mas olhando bem os mecanismos culturais do país eu chego à conclusão que a frustração é em geral não é só minha mas nossa você já experimentou tirar dinheiro da embrafilme em qualquer tempo justamente agora o prefácio não não tirou do euro não faz não faz parte de uma panela em cinema é cultura ea cultura tem que ser subsidiados descobriram agora uma maneira de subsidiar a cultura através Das indústrias brasileiras mas os industriais brasileiros é tudo um grande porco ninguém quer ver a coisa nenhuma não no tempo do cassino da urca melhor então o tempo no cassino da urca adeus jogo mas hoje tem um jogo do bicho o jogo do bicho do jogo do bicho já subsidiam o teatro já fez peças teatrais na praça tiradentes com através das estrelas eles namoravam as estrelas e por causa sistemas eles botavam dinheiro nas peças Ea peça resultavam sucesso e eles tinham lucro é o caminho - e mesmo que mas é um caminho que existe um caminho que se podia seguir pois o que falta pra você fazer um cinema brasileiro como o que falta para você fazer no cinema brasileiro o que falta para fazermos não brasileiro o que você gostaria sei lá para superar a imagem do macunaíma de um filme como uma com ele um momento aqui tô mostraria de por exemplo fazer um filme que está Ainda filme em que se chama gafieira que é um retrato daquilo que eu vi no rio de janeiro nos anos 30 é aquele velho projeto do ipanema jóia da a história da sua vida nem farei uma jóia é um segundo projeto que que mostra como é que determinados negros são explorado sus por brancas velhas até mostrando que o projeto de fazer um grande risco se diz a lucas que gostam de de serem diferentes e tal e em ipanema joão na verdade é o negro kamorteiro é o neno Malandro mas esse projeto do gafieira é a história da ele do elite clube e havia bailes aos sábados e aos domingos ea onde haja domésticas e 15 detidos eu acho que a polícia que havia mais doméstica naquele tempo do que hoje porque ela tinha onde se divertir com respeito em uma boa porque ali não se admitirá desrespeito a ninguém o respeito que se usava naquela época hoje o respeito que se usa é outro Naquela época o respeito é lento na nova numa olhavam da dama e segurava senão a dama de leites da loja o negócio é um projeto pra você dirige o filme esse projeto é bom eu dizia pra fazer o mestre sala você sai você conhece muito mais cedo do que diretor aqui mostra então que não tem paciência companheiro eu não tenho paciência quando você tem um projeto prócer eo auxiliar dá um piti da nossa ideia mas é atacar com responsabilidade toda eu não tenho Paciência nunca tive aliás não é por causa do tempo que eu tenho não é nada mesmo é que eu nunca tinha paciência pra andar você tem um projeto de fazer um filme sobre a história da sua vida ou quando você fala não tem nem se houvesse esse projeto você falou agora pouco a uns minutos atrás quando um é luís magalhães lins que prometeu financiar um filme de roberto farias é o retorno do filme você disse podia ser um filme sobre a minha vida então exclusivo no Entanto tirando aquilo e assim que o mineiro só é solidário no câncer foi chamado o mais outra quando chamado e discutindo discutido se não tiver o nome ea constituição vai sair mas o filme não saiu agora me diga uma coisa se houvesse um projeto de fazer um filme sobre a história da sua vida essa história cedo seria completa você autorizaria uma história completa com toda aquela história das suas grandes Tragédias da sua grande amargura que conhece a sua vida sabe que você sofreu muito que você tenha uma biografia cheia de grandes dias de glória na época das chanchadas e também uma história amarga triste de grandes perdas de grandes tragédias essa essa biografia em filme livro seja lá o que for você autorizaria uma biografia com toda a história a história verdadeira da sua vida no haiti agora pouco tempo ele que Gostaria que você falasse sobre justamente o projeto que você está fazendo um projeto que você está fazendo um livro sobre a sua história nós gostaríamos mary 2 cotado foi no rio de janeiro mário e maclean serafim que estão fazendo grande otelo em preto e branco é um livro mais de fotografias do que a história da minha vida se bem que tenha muito da história da minha vida contada por pessoas que tiveram ligação comigo com pessoas que Eu passei pela vida delas elas passavam pela minha vida chama-se grande otelo em preto e branco são depoimentos de pessoas que me conheceram mas esse livro não é definitivo livro da minha vida o livro da minha vida o filme da minha vida se houvesse algum interesse real eu concordaria com você e você escalaria para fazer o papel do do hotel meu filho da franquia o canal citou ainda a pouco ele também Falou falar de cinema ele diz o seguinte que algum papel que gostaria que o acordo entrasse macunaíma mas o curioso comigo quando eu lembro de você e se eu fosse agora pudesse escolher para rever uma cena sua eu não pegaria macunaíma eu pegaria uma sina que se não me engano é dia assalto ao trem pagador e que desce um caixãozinho de criança vencendo e que você tá bêbado enfrenta o boteco você diz mais um anjo que vai pro céu que mandou morre uma criança no mon morta a Gente devia de cantar é menos o time de nesta miséria meio do cheiro que você ficou preso dentro do da personagem que fazer ficou presidente negro gás aquela cena foi 3 quer saber você falou eu fizer uma pergunta sobre tragédia e comédia você falou que o brasil estava numa encruzilhada o seu trabalho também nessa encruzilhada nessa corda bamba entre o humor entre o cômico eo trágico como é que você consegue dirigir manejasse acorda quando o trabalho do Ator ele é às vezes dirigidos a este ponto porque não há nenhum ator por mais cômico que seja que não goste de fazer o público chorar desde quando e não há nenhum ator por mais dramático que seja que não queira fazer o público rir de vez em quando a linha geral do teatro é mais ou menos essa é muito boa você pode se lembrar por exemplo do mundo nada se leva pro cap francap era um jogo de alegrias e tristezas e gente que vive a vida pode ser o projeto de Charles chaplin charles chaplin era um tragicômico maravilhoso que tivemos no brasil um traje como maravilhoso foi o mês que tinha foi começo que tinha que eu aprendi na que nós temos disse que eu passo aqui nós temos aqui no brasil um ator um diretor de cinema alto foi capa atualmente estou um pouco por fora do cinema lanz dos filmes brasileiros que eu tenho visto ontem 9 e 11 se chamam os chamamos O sonho eterno brasileiro que o brasileiro só eterno um sonho sem fez sonho sem fim lauro escorel lauro escorel prestar bem atenção naquele tempo você vai ver a tragédia a querido rapaz que resolvem fazer cinema na terra dele é tragicômico a situação dele e foi mais ou menos traz de cômica a situação por exemplo dos atores daquela família e daquele rapazinho e daquela governanta do filme missão de amor e outro da família escola também é fã da fazenda História mas ainda alguns outros diretores que você considera digna visitar a sua altura como ator nesse país o brasileiro está sempre à altura do outro mas nem ia já saiu pela 3g é e no valor da tarifa ele fala muito humor você vê programa de televisão de humor executivo sobre esse humor que hoje aparece por aí achando ele esta é uma pergunta que vai exatamente em quanto o telespectador que sim não vai na direção Do céu e se tem uma coisa que o chico anysio disse à pergunta da fatma franchitti esc de são roque que a cidade não muito distante da capital no dia na hora do tiro na perna zinho bombeiros vai acontecer a fatma dona fátima francês que pergunta seguinte chico anysio feira ela disse que conheceu uma declaração de que não existem mais cinco motoristas que criam o próprio humor então a pergunta é você acha que existe Um substituto para você na geração atual existem vários iguais ele não tem tido a mesma oportunidade que eu tive e nem a menos a dia que eu tive que compreende a época é outra hoje em dia nós temos o diretor o maquiador os internistas é o o diretor de arte última opção diretor da gente naquela época já não tinha tanta gente atraente nós éramos mais espontâneas quando a gente pode fazer um espetáculo Espontânea quando a gente pode fazer como eu estou fazendo aqui agora com essa espontaneidade invenção sem nada vocês acharam graça e muita coisa boa disse com ela não leva isso para o teatro eu não sei se você já fez teatro nesse vai demonstrar que você é que as pessoas de repente ele como chico anysio que sai para fazer uma turnê o gol que saiu para fazer turnês por aí por esse brasil afora porque você não Está dentro desse clã também o público o povo não vai querer que eu faça o que o chico anysio pais o que o joel soares paes vai querer que eu faça o que eu já fiz com alguma coisa nova também não vai querer limitação stancat o público vai querer homólogo do do estela porta-estandarte o público vai querer filmes séries e você já viu fazer e vai querer ver de novo exato vai querer geração quer ver você por exemplo eu não conheço nunca vi né Vocês faz limitação de vários personagens ser interessante porque quando uma leva isso para esse brasil não tem um empresário alguém que realmente interessa aquilo que você gosta de gênero e agora empresário eu estou muito escaldados empresário e foge com o dinheiro mas acabou ainda quer contratar até o chico recarey lá mais às sessões eu sei que ele vai fazer nada ainda não achei a sessão para viajar e Achou uma exceção no rio de janeiro é mineiro de são paulo o público vai querer repetir papéis mas a equipe econômica do estado no brasil hoje repetimos os mesmos papéis o pessoal está sendo hipócrita e você já foi cercada de gente tipo carlos miranda escada não sei se o pessoal vai ficar com quem se casa depois que menores e até dá uma explicação até de idade porque essa turma que está em cima aqui ó torneio que tem sinais são todos Estudantes de teatro de carmen miranda de paula o transe oscarito agora que você é superar as do que você escolheu o que você gostaria para ser o teu caso eu ainda não sou super continua escada eu continuo escada porque o escada é uma coisa muito importante teatro às vezes mais importante do que o assunto é importante às vezes o ator primeiro ator não faz nada se não tiver uma escada altura e aí Não passa não ser escalada para ser uma dupla você vê o gol do magro quem é creditada de um castelo douro é uma dupla você vê que recebia e oscarito eu não era de caba eu tinha era arriscada num la num cartaz e tá oscarito em recompor lançava ó mas como um público e assistir o trabalho é igual trabalho igual então um explodiu determine uma escada escada por exemplo foi manoel pela promiscuidade tinha que Você não deu o cassino da urca é aquele que prepara para outro matar paulo bento sabe o que é isso onde vocês aí sabe o que é isso já aprendeu o que é isso que dá a bola pode fazer o gol mas ele está dizendo que jamais ou menos sábado então eu não acho careta às vezes eu dava bola bem e às vezes nem dá bola pra mim a soma geral dava que os dois é um astro se você nunca cruzou com aquele cara que Está na ponta direita e você tá acabou tentando tomar o gol ele grita larga e pede agora pra ele já já estocados no antigo colégio e silva filho e eu mato a cobra e mostra o pau mas agora então já que não estou falando isso tem 80 estudantes aqui foi que você vê a formação do ator se acha que o ator se prepara uma escola ele tem isso ela pode fazer ele negue ter a escola pelo saber a história de teatro mais ou menos não sabe a história Do teatro em geral principalmente particularmente do teatro brasileiro atores e hoje em dia são à tona e não sabem quem foi manelinho teixeira quem foi mas que tinha e às vezes nem depois carito a todos nessas condições sabem quem sou eu que estou militando estou com 71 anos e não tô parado eles vão insistir em ser que o grande otelo outras vezes a gente chega ao grande até porque eu por exemplo conhece um ator é é aquele que está com lucélia Atualmente no joão caetano assim o pai dele foi ao mirante demais países nos miami car a mulher do cara guilherme karan é um ator de uma força extraordinária contracenando com guilherme karan eu tive muita dificuldade porque quando o ator está começando e tem muita força ele avança ele entra timorata do outro e esse é o chamado furioso e daniel filho por furioso kaká que chegou lá por onde passou mas ele foi curioso e escolas Hoje eu eu não sei se te vencer respondeu se uma escola pode fazer um ator uma escola pode fazer uma quadro fazer um ator os conhecimentos rangers ice mas na arte de representar ele já nasce feito em você você falando discórdia total de um exercício você é capaz de subir uma escada com o princípio de ser como mendigo muito natural é se você quiser fazer uma prova não é preciso nem subir a estrada um copo d'água Eu tenho uma telespectadora querendo saber o nome dela é sandra da o fabuloso de campinas são paulo se você é funcionário da tv globo ator exclusivo se você tem um salário para não trabalhar ou se você pode trabalhar em outros canais de tv eu tenho um salário quando me pedem para trabalhar dos canais ele não deixam mas eu acho que é rebatizado de patrimônio acho que o património não pode ficar num Lugar só cachorro chegar levantar um terninho o que você acha disso eu acho isso no momento eu vou te dizer rodolfo eu acho que isso é uma maravilha que é bom pra onde você você na praça chalés e não sei que você não gosta do nome é shawn da comédia musical brasileiro na época do ciclo da música você reinava junto com oscarito você é o rei aí você 57 viu nascer o cinema novo Participando junto com as produções do filme dele e o cinema novo acabou acabando com as chanchadas não se fosse mal acabou com elas você tem alguma mágoa de si dessa nova turma de cinema que veio nos anos em que não há negócio lá 16 ambientais eu diria que tinha mala hoje eu digo hoje amigo que eu tenho que reconhecer que o progresso é natural que a inteligência brasileira está caminhando está progredindo está a absorvendo coisas que são necessárias Para maior grandeza da arte universal agora tem uma coisa é uma coisa por exemplo concedeu um cambalacho a novela acionará cambalacho é absolutamente brasileira e universal se o cara que escreveu se baseou na quilo que você fazia na época achava que a 15 de abril que se silvio de abreu assistiu tudo que se fazia foi ele que escreveu o cambalacho então ele a aí aquela coisa do ciclo mas acho hoje a agrishow faz aquilo que acham que você fazia com que Gostaria de fazer um ótimo marido fazia nos anos 50 uma câmera na mão e uma idéia na cabeça as idéias elas não são todas iguais daí o fato do cinema novo ter acabado porque o cara fazer um filme com a idéia dele mas não era uma é universal a ideia de me um que conseguiu universalizar esta coisa tão glauber mas ele não é universal 18 tanto porque deus o diabo na terra do sol era uma coisa absolutamente brasileira e se Projetou no estrangeiro não com a obra de arte realmente com uma curiosidade do brasil tem tem tem muito espectador perguntando se você deve se você continua bebendo então eu sei que você parou de beber não tinha o continente continua bebendo o vinho como eu não sei tudo se diz cansado ladinho você bebe você bebe você bebe e bebe ribeiro todo o débito ou b agora eu não bebia eu comia com farinha [Risadas] Alcoólatra fui alcoólatra têxtil inter na então a pergunta ao telespectador cabe aqui e me deixou nascer não comentam pelo osvaldo heart senhor osvaldo rápido de guararema é a seguinte como é que você deixou o alcoolismo só se pode deixar o alcoolismo através da força de vontade através das situações que se apresentam imagine você se ontem eu tiver saída bote tiver sido tá dentro da noite carioca em tivesse aparecido no Aeroporto na hora de tomar o avião como é que eu estaria a sair da boate fica pra casa dormir e acordei às 9 horas da manhã e tava no aeroporto uma hora a uma hora estava no aeroporto uma boa estou aqui numa boa e já tomei meu martíni na hora do jantar o papa está assim no nível pessoal eu queria saber se nessa luta que você terá parado com farinha é só tomar por prazer teve alguma a você teve a ajuda de alguma força que você consideraria Espiritual olha é o flu omã distante todos nós necessitamos de acreditar em alguma coisa todos nós necessitamos de uma crença e e eu comecei depois de ter estado um coração de jesus depois de ter ajudado missa depois ser coroinha e tudo e continue acreditando em deus continue acreditando naquilo que lá no coração de jesus se acreditava que era o anjo da guarda nós todos temos o anjo da guarda mas eu precisava de uma força maior Então eu entrei tam um grupo e dentro desse grupo tinha um amigo meu que é amigo não há 50 anos e este amigo me encaminhou para uma sessão de umbanda um terreiro de umbanda e nesse terreiro de umbanda eu vi vários fenômenos várias coisas acontecerem entre elas uma que eu nunca mais me esqueci nós tínhamos uma colega que sofreu um desastre e se afastou dos melhores meios de teatro e eu fiquei sem saber por onde andava todos nós quando se lembrou dela Uma noite chegou no terreiro alguém de fora e pediu a um corpo orar minha protetor ali no terreno se incorporou e me falou eu tenho um recado para clã tal preciso falar com pulando e tal joão silva é que ela está você vai saber daí a dois dias me apareceu o empresário que por sorte era sério milhão kachin que até pk altura não tinha recebido eu guardei a metade levei só a metade para belém do pará ela estava em belém do pará trabalhando e eu Disse ela o senhor que recebe o seu bia precisa conversar com você ela embarcou no dia seguinte rio de janeiro e hoje é uma personalidade muito bem de vida em uma cidade do estado do rio de janeiro esse time tem uma grande impressão só queria saber o seguinte você não acha que a umbanda é comparável com o candomblé que é uma outra prática também que tem algumas com algumas coisas em Comum a umbanda não é uma algo é uma coisa mais de branco do candomblé 15 quando o cronômetro uma ligação mais firme com a áfrica com a tradição tem um candomblé tem uma ligação mais firme com a áfrica mas calhou que fosse por ter religião urbana e neste de urbana eu estou respeitando as regras do terreno mas eu estive como menininha antes que ela morresse e ela me disse que eu tanto posso cruzar no candomblé como posso Cruzar na humano então tá tudo certo conta do espectador aqui que é bem interessante segundo lázaro dutra de avaré são paulo e do seguinte anos atrás numa reportagem você disse que foi adotado por um advogado é isso é e dele você roubou uma coleção de livros é dado qual é a coleção e por que você roubou um advogado que adotou o piloto não foi bem no roubei não foi bem a coleção pra mim naquele tempo não Parecia óbvio ele pode assacar de roubo hoje em dia pra mim naquele tempo não era o que eu estava no colégio estava no externato apareceu o ioiô e eu queria jogar e eu não tinha dinheiro pra comprar e olhou a biblioteca do meu padrinho doutor antônio de queiroz pai do professor queiroz filho e os livros lado me parecendo que é o livros velhos era um livro velho podia vender não sinto tanto vendendo os mais velhos justamente mais dez anos mais Importantes inclusive vendiam clóvis beviláqua a primeira edição quando eu paguei sob cinzas um bom samba bom jesus rs rel vamos lá no centro foi lá ameaçou o cérebro depende de prisão porque era menor detalhe coisa e me disse 'você barba já você é um tutor que seja de teatro porque eu não quero você mais aqui em casa eu achei que ele tinha toda razão foi haja um touro que era de teatro Arranjam tohá g20 todas fiquei sem nenhum tom em tempo acompanhando jabel fui à uruguai foi a argentina voltei aí estarei o tabuleiro da baiana e o público me viu porque eu disse que o nome grande otelo quando eu estreei público não me viu e ninguém bateu palma e disse sabe a bahia senhor quando eu sentei com a deco abel maia aí o público viu no tabuleiro da baiana eu vinha são paulo novamente Estiver hospedado na casa de meus quadrinhos busquei nós durante o tempo da temporada aqui em são paulo já santana antigo e conseguir uma tristeza àqueles que concebeu o espetáculo naquele dia treme afectar a abert a família toda foi ver o espetáculo gostaram muito e depois do espetáculo de antónio queirós velho e disse a ela você está de parabéns por que você escolheu realmente a sua carreira e continuamos Amigos até hoje nós estamos chegando ao final zinho do programa são 11 15 já nós como aqui quase duas horas você qual é o recado pressa com essa rapaziada para esses moços e moças que estudou teatro e também para o telespectador a toalha eu vou fazer uma coisa que não é costume eles me venham falar meu irão conversar e ouviram contar coisas da minha vida através as perguntas que lhe foram feitas e eu Acho que eles devem ter absorvido muita coisa do que eu contei porque tudo quanto eu contei é uma realidade a bebida que eu bebia ou não bebia comia com farinha era motivada por frustrações momentâneas o papel que eu achava que devia ser meu e não era então eu ia bebê esclarecer para esquecer o dinheiro que não tem um tempo que eu era moço ea gente quando é moço a gente trata de viver a vida o máximo que pode isso é muito natural E hoje eu me considero rico porque vocês pararam e vieram aqui me escutar eu sou um homem rico turnê eu tenho certeza que eu vou ter mais dinheiro que eu tenho eu disse brincando que estava atravessando muito bem o terceiro cruzado e realmente estou porque dentro desta coisa toda dentro desta bíblia toda que eu levei da bebida com farinha das farras das mulheres bonitas dos falsos amigos eu fui adquirindo de cada um alguma coisa tive resistência pra vir Dos 19 anos aos 71 anos com a cabeça capaz de pensar e assinar um sou muito capaz de decorar mais novela de poema dela do benedito ruy barbosa que estava dentro de mim estava dentro daquilo que eu passei na infância natura ainda pra mim não foi expulso que eu tinha passado a minha infância caminhando pelos matos da minha terra então muita coisa que vocês passam e que pensam que não valem nada valem muito Falei muito que vocês podem aplicar depois quando forem representar é o que eu faço praticamente eu tenho um quadro no scala hoje que me satisfaz muito que eu tenho meio minuto de dança diante do público e depois eu tenho um quadro que eu praticamente não falou nada mas dentro desse quadro tem uma triste pela qual eu tenho um respeito enorme pelo que ela tem e eu não tive muito que foi a disciplina então você já vem que tudo é válido Não adianta dizer pra vocês que estudem que sejam disciplinados que isso que aquilo tratem div de e sejam realmente que vocês querem ser atores e atrizes muito obrigado então grande hotel muito obrigado a todos vocês participaram da roda viva a gente volta a segunda feira que vem com roda viva às 9 20 da noite boa noite e até lá [Música]